sábado, 15 de maio de 2010

Capacete de realidade virtual faz homem se sentir como mulher


Psicólogos acreditam que realidade virtual pode ajudar na preparação para cirurgia de transformação de sexo

por Da New Scientist

A última vez que você checou, era um homem de 28 anos, vestido de maneira conservadora. Mas você olha para baixo e percebe que, agora, você está usando uma saia e tem as pernas de uma garotinha de dez anos. Essa experiência – possibilitada por um capacete de realidade virtual e o toque de um braço real – é suficiente para fazer um homem de 20 e poucos anos reagir como se esse novo corpo fosse seu.

Esse é o primeiro experimento que mostra que a sensação de posse do corpo pode ser transferida a um corpo inteiramente virtual”, diz Mel Slater da Universidade de Barcelona, na Espanha, líder da equipe que conduziu o experimento.

Há dez anos, foram demonstradas as primeiras ilusões de transferência de corpos. Na chamada “ilusão da mão de borracha”, pesquisadores descobriram que se colocassem uma mão de borracha sobre a mesa diante de uma pessoa e acariciassem a mão da pessoa e a de borracha da mesma maneira, eles poderiam convencer a pessoa de que a mão sobre a mesa era a sua mão.

Para descobrir se a mesma ilusão poderia ser replicada pelo mundo virtual, a equipe de Slater deu a 24 homens um capacete simulador de realidade virtual e gravou seus batimentos cardíacos. Quando olhavam para baixo, em vez de suas pernas, viam pernas femininas e uma saia. Também viam uma mulher virtual se aproximar deles e acariciar seu braço virtual, enquanto os condutores do experimento acariciavam o braço real do homem. Veja abaixo, no vídeo da New Scientist:

Depois dessa preparação, o ângulo de visão do homem mudava e ele via de fora, seu avatar ser espancado. Seus batimentos cardíacos foram medidos em seguida, e eles apresentaram quase a mesma frequência de uma pessoa que está realmente sendo ameaçada. A maioria dos homens também apontou como média ou grande a sensação de pertencer àquele corpo feminino.

A descoberta pode ser usada tanto para aperfeiçoar videogames quanto para tratamentos psicológicos. Segundo Slater, ela mostra quanto nosso senso de imagem própria pode ser manipulado, o que poderia até mesmo ajudar em terapias de distorção da imagem do corpo, como anorexia, ou auxiliar na preparação psicológica para cirurgia de mudança de sexo.

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