quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Porque música faz bem a alma II.



Cantor trans faz história.

Por Jacob Anderson - Minshall

Publicado em 30 de novemebro de 2006.

"O mundo provavelmente não está pronto para um cara como eu," diz o cantor trans ftm Joshua Klipp, que fez história na cena musical com o seu recém lançado EP Patience, onde ele canta com sua voz pré transição e pós transição juntas na faixa de R&B "Little Girl". Klipp diz que ele ficou extremamente preocupado que a transição pudesse destruir sua voz e foi quando ele começou a procurar artigos sobre os efeitos da testosterona nas cordas vocais de ftms. Não encontrando nenhum estudo, ele pediu ajuda ao Dr. Edward Damrose, um especialista em garganta da Universidade de Stanford, que monitorou as modificações fisiológicas e os efeitos na voz de Klipp. Dr. Damrose planeja publicar seus achados.

"É engraçado porque agora todo mundo diz 'Você tem um voz ótima'." Klipp diz. "Mas eu costumava ter o tom perfeito. Eu tinha o tom na minha cabeça e ele acontecia sozinho...e de repente toda a memória muscular desapareceu. Eu ainda estou trabalhando com essa sensação, e também me acostumando."

Klipp é um homem de múltiplos talentos. Além da sua carreira musical, ele tem diploma de direito, ensina dança, dirige a companhia de dança hip hop Freeplay, em Bay Area, São Francisco, faz fotografias promocionais para artistas locais, é um dos diretores da Youth Speaks e fundou um empresa também em São Francisco, na Bay Area, que oferece ajuda a artistas para desenvolverem uma infraestrutura de negócio.

O artista de São Francisco, que está na casa dos trinta anos, diz que seu último projeto é algo a que ele devotou grande parte do seu tempo quando começou sua transição. "Eu não sabia se consegueria ser um artista. Então assumi um compromisso comigo que se eu não pudesse sê-lo, iria juntar minhas energias para lançar outras pessoas, e apoiar suas expressões artísticas da melhor forma possível."

Klipp gravou originalmente "Little Girl" há cerca de cinco anos atrás, mas só recentemente chamou o compostior Kristopher Cloud para por lado a lado os tons do vocal feminino com os versos masculinos de Klipp, para que a música se tornasse um cantiga do seu eu masculino para a menina que ele foi.

"Todo o processo de deixar aquela voz que eu tinha ir embora foi uma experiência emocional enorme para mim, aquele cantar, lado a lado com minha voz atual, foi o fechamento de um ciclo."

Klipp diz que o produtor Cloud, um afro ameicano abertamente gay, e o seu engenheiro de estúdio Ashley Moore - que fundou o Transcendence, um coral gospel só de transgêneros - fizeram possível a experiência estenuante que foi gravar "Little Girl".

"É fundamental saber que enquanto estou na cabine de gravação, as pessoas do outro lado não estão me julgando. Eu realmente gostaria que todos soubessem da participação dessa equipe incrível e talentosa, porque não estou colocando tudo isso junto sozinho. Eles tornaram tudo possível."

Klipp não espera se tornar um sucesso das paradas, mas ele acredita que talvez, daqui a uns 20 anos, o mundo esteja pronto para um rock star transexual. "E então", diz ele, "Eu poderei dizer que pavimentei o caminho." Nesse meio tempo, diz Klipp, ele está emocionado com a quantidade de homens trans ao redor do mundo que expressaram sua gratidão pela sua música.

"Ter esse tipo de resposta é incrível. Desde que eu era um menino, desde que eu comecei a falar, eu queria ser um cantor, e talvez não seja perfeito, mas estou conseguindo. Eu estou fazendo o melhor que posso com o que tenho, e conseguindo com isso, ter um impacto positivo, modificando a vida das pessoas."

Klipp acredita que outro músicos trans estão desafiando as noções da industria musical sobre "como uma cantora deva ser, como um cantor deva ser, como ele deve se comportar ou sobre o que ele deva cantar."

"Eu não cai de cabeça na música por causa dos estereótipos de gênero...existem muitos pré-conceitos sobre como cantoras devem se comportar, soar, parecer e eu não me encaixava em nada disso e me sentia miserável. Eu tentei participar de musicais no segundo grau e odiei. Você tem que ser uma garota boba, cantando sobre como você ama um garoto, o que era errado em vários níveis."

O escritor trans Jacob Anderson - Minshall pode ser contatado pelo email jake@trans-nation.org





Fonte: http://www.sfbaytimes.com/index.php?article_id=5703&sec=article , http://transguys.com/features/testosterone-ftm-singing e http://joshuaklipp.com/index.html

Tradução: "Homer"

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