Buck Angel e Loren Cameron: homens transexuais gatões |
Sempre me interessei pelo universo trans. Não que eu queira entrar nele como um membro trans, até porque meus poucos cuidados estéticos me levariam a ser uma travesti desleixada, mas sempre achei fascinante a idéia da transformação, além de me sentir instigado a fazer alguma diferença para esse grupo tão discriminado.
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Confesso, porém, que pouco me aprofundei na idéia dos Homens Transexuais (FTM). Já havia visto alguma coisa, mas nunca conheci ninguém com as características mulher-para-homem. Era sempre o contrário: As travestis e As transexuais. Contudo, nesse último mês, os homens transexuais passaram a ser parte das minhas maiores indagações.
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Escrevi uma reportagem sobre a infância e adolescência de homens trans para a próxima edição da JUNIOR. E foi bárbaro, em nenhum momento cogitei estar perto de uma mulher ou de uma lésbica masculina. De fato, estive ao lado de HOMENS. Homens bonitos, cavalheiros e apaixonantes.
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O Sammy (que está na reportagem da Junior e tem 21 anos) é um amor, além de bonito, másculo, é extremamente cavalheiro. Chegou a carregar minha mochila pesada, pagou a conta do jantar e me levou até a rodoviária, esperando até o momento do embarque. É claro que da parte dele não rolaria nada – ele estava apenas sendo simpático, tem namorada e gosta de mulher– mas da minha, confesso, que existiria a possibilidade, sim.
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“Mas, Neto, ele tem uma vagina!”, escutei de um amigo. E daí? Existem pessoas que, apesar de terem um pênis, não provocam a menor atração em mim. Eu não me apaixono por alguém necessariamente por causa do sexo biológico. O que me envolve é o gênero. O gênero masculino.
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Aliás, existe uma brutal diferença entre gênero e sexo biológico. Sexo biológico é aquele que você nasce - pênis e vagina – tendo a exceção para os intersexos (que é outra discussão). Gênero é como você se apresenta para a sociedade (nos moldes masculino ou feminino, tendo a exceção para os andróginos). Por exemplo, uma travesti (aquela que estamos acostumados a ver) tem um pênis e nem por isso todo gay ou mulher hétero tem vontade de transar com ela. Entende?
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Outros belos exemplos: Ben, Alejandro, Bailan, Nate e David. |
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Após uma noite mal sucedida, justamente no esquema de gênero (nem toda pessoa com pênis me deixa excitado), coloquei o filme para assistir. As cenas de Buck foram acontecendo lentamente, o que deu para me acostumar com a idéia e, no momento em que ele tira as calças, mostra a vagina e se masturba, eu me excitei. Buck não se masturba como uma mulher, ele se masturba como homem masculino. Até nas cenas em que é passivo, ele se porta como tal. Afinal, ele é assim.
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Tendo em vista o ponto educativo do filme...hehe...consegui tirar ainda mais o véu que assombra as identidades sexuais e de gênero. Neste caso, não tive que reconstruir uma imagem transgênero, do homem transexual e dos preconceitos que envolvem a minha vivência, mas desconstruir a imagem do pênis como fator decisivo para a homossexualidade.
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O mito do pênis. Como se ele fosse a única fonte de prazer, aquilo que há de mais precioso em uma pessoa e em uma relação. Perdoem-me os fissurados na genitália, mas posso dizer que namoraria um homem transexual, sem problemas. Afinal, para mim, o gênero (e não somente o gênero, que fique claro) é mais interessante que um órgão sexual. O único problema é se eles vão querer, né?
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Quer, Angel? |
Por Neto Lucon
fonte: http://nlucon.blogspot.com/2011/12/desconstrucao-do-penis.html?spref=fb