sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Berdaches - a pessoa de "dois espíritos".


Datam de 1530 os primeiros relatos de colonizadores europeus dando conta da existência de gêneros alternativos na maioria dos povos nativos norte-americanos. Embora as inúmeras variantes e peculiaridades dos gêneros alternativos identificados pelos europeus, seus representantes foram genericamente denominados de berdaches, vocábulo provavelmente derivado de bardaj, termo utilizado na Pérsia para designar homens afeminados e parceiros sexuais passivos.

Sociologicamente o berdache poderia ser descrito como uma solução elegante e generosa para acolher indivíduos desadaptados à dualidade masculino/ feminino. Contudo, muito além de solução respeitosa para o possível impasse institucional criado por homens considerados “covardes”, relativamente aos padrões de gênero vigentes na tribo, os berdaches constituíram um segmento de pessoas tidas como abençoadas pelos deuses.

Por serem, ao mesmo tempo, macho e fêmea e, portanto, estarem mais completos e equilibrados do que um macho ou fêmea isoladamente, os nativos americanos acreditavam (e seus remanescente ainda acreditam largamente) que a identidade berdache fosse o resultado da intervenção de forças sobrenaturais, de onde viriam seus “poderes especiais”, mito sancionado pela mitologia tribal, que os tornou conhecidos como “possuidores de dois espíritos”.

Os berdaches sobreviveram até hoje em muitas comunidades nativas norte-americanas devido à sua importância dentro da tribo, onde sempre desempenharam, dentre outros, os papéis de aconselhadores espirituais, médicos, adivinhos e xamãs. Embora isso já não seja mais tão comum hoje em dia, no passado os berdaches masculinos podiam também desempenhar papéis dentro do grupo familiar, atuando como esposas dos guerreiros, posição social em que recebiam o mesmo tratamento dado às mulheres casadas.

Berdaches masculinos foram localizados em mais de 155 tribos norte-americanas. As únicas exceções documentadas foram os Apaches e Comanches. Em aproximadamente um terço desses grupos, um gênero alternativo também existiu para fêmeas que desenvolveram um estilo de vida masculino, tornando-se caçadores, guerreiros e chefes. Elas também foram muitas vezes chamadas pelo mesmo nome de berdaches e às vezes através de um termo distinto, constituindo, dessa forma, um quarto gênero. Assim, “o terceiro gênero” geralmente refere-se a berdaches masculinos e às vezes a berdaches masculinos e femininos, enquanto “o quarto gênero” sempre se refere a berdaches femininos.

Em muitas culturas tribais, os xamãs mais potentes eram “indivíduos de dois espíritos”, como dá conta o testemunho de muitos pesquisadores em seus estudos de campo. Mesmo quando os xamãs não eram necessariamente “pessoas de dois espíritos”, os pesquisadores os descrevem como possuindo a marca da transgeneridade, além de terem orientação sexual basicamente homo ou bissexual. Nesses casos, a distinção entre o xamã e o berdache era semelhante à distinção entre um mago poderoso, capaz de conjurar as forças da Natureza e a de um sacerdote dedicado, um mediador, um líder dos rituais, um cuidador ou um “revelador de verdades”.

Os nativos das Américas não só toleravam como respeitavam a transgeneridade como uma manifestação sagrada. A homofobia e a transfobia foram trazidos para as Américas pelo colonizador europeu e sua moral judaico-cristã. Em virtude da sua crença religiosa, os europeus que vieram conquistar a América perseguiram os berdaches implacavelmente. Vasco Nunes de Balboa, por exemplo, ao descobrir alguns berdaches no lugar onde hoje fica o Panamá, lançou-os aos seus cães, para que eles os devorassem vivos.

Fonte: http://www.leticialanz.org/crossdressing_sagrado/berdaches.htm

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Filho da cantora Cher aparece em público depois de mudança de sexo

Por Redação

19.11.09

Depois de virar notícia em todo o mundo, Chaz Bono, o filho transexual da cantora Cher, apareceu publicamente pela primeira vez desde que se submeteu a cirurgia de transgenitalização, conhecida popularmente como cirurgia de mudança de sexo.

Em entrevista ao programa de TV americano Good Morning America, Chaz, que nasceu biologicamente mulher, apareceu com um visual totalmente masculino e declarou que passar por toda a transição "foi a melhor decisão" que já tomou."A vida é curta e preciosa. Este é quem eu sou. Eu preciso finalmente ser quem eu sou", declarou Chaz. Para o transexual, "gênero está entre as duas orelhas, não entre as pernas".

Com quase 40 anos de idade, Chaz anunciou em março passado que iria passar pela transição, mas declarou que se sente pertencente ao um gênero oposto ao seu de nascença desde seus 20 anos.

Segue vídeo abaixo, em inglês.

Fonte: http://gonline.uol.com.br/site/arquivos/estatico/gnews/gnews_noticia_23125.htm e http://www.youtube.com/watch?v=rGr8vl0vlfg

Campanha contra estigmas e preconceitos envolve Nações Unidas e movimentos sociais brasileiros.

ONU lança campanha “Igual a você” contra o estigma e o preconceito no Brasil Iniciativa dá voz e notoriedade aos direitos humanos de estudantes, gays, lésbicas, pessoas vivendo com HIV, população negra, profissionais do sexo, refugiados, transexuais e travestis e usuários de drogas. Veiculação iniciará no dia 16 de novembro em emissoras de televisão de todo o país

Igualdade de direitos e um chamamento à sociedade brasileira para o tema das discriminações que homens, mulheres e crianças vivem diariamente no Brasil. Esses são os objetivos da campanha “Igual a Você”, que será lançada hoje (16/11) às 10h no Palácio do Itamaraty - Rio de Janeiro, pelas Nações Unidas e sociedade civil.

Durante a cerimônia, as agências da ONU apresentarão um panorama da realidade de cada população – estudantes, gays, lésbicas, pessoas vivendo com HIV, população negra, profissionais do sexo, refugiados, transexuais e travestis e usuários de drogas -, e apresentarão os 10 filmes de 30 segundos que integram a campanha. Os filmes estarão disponíveis para veiculação em emissoras de televisão de todo o país a partir do dia 16 de novembro. Além disso, os vídeos receberam versões legendadas em inglês e espanhol, para possibilitar a disseminação internacional.

O ato de lançamento será seguido de coletiva de imprensa, no Palácio do Itamaraty, com o representante do UNODC, Bo Mathiasen; o coordenador do UNAIDS, Pedro Chequer; a vice-diretora do UNIFEM Brasil e Cone Sul, Júnia Puglia; a oficial do Programa de Educação Preventiva para HIV/Aids da UNESCO no Brasil, Maria Rebeca Otero Gomes; o oficial de Informação Pública do ACNUR, Luiz Fernando Godinho, e o diretor do UNIC, Giancarlo Summa. Representantes das entidades da sociedade civil e as lideranças que gravaram as mensagens também estarão no evento para atendimento à imprensa

Visibilidade para os direitos humanos

“Igual a Você” – uma campanha contra o estigma e o preconceito dá voz e visibilidade aos direitos humanos das populações alvo da campanha. Produzidos pela agência [X]Brasil – Comunicação em Causas Públicas e gravados em estúdio com trilha sonora original de Felipe Radicetti, os filmes apresentam mensagens de lideranças de cada um dos grupos discriminados, levando em consideração às diversidades de idade, raça, cor e etnia.

A campanha surge como uma iniciativa contra as violações de direitos humanos e desigualdades, especialmente nas áreas da saúde, educação, emprego, segurança e convivência. Trata-se de uma oportunidade de sensibilização da sociedade brasileira para o respeito às diferenças, que caracterizam cada um dos grupos sociais inseridos na campanha, reafirmando a igualdade de direitos.

Estigmas e preconceitos cotidianos

De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), uma das facetas do racismo se revela na remuneração média da população brasileira: homens brancos (R$ 1.200), mulheres brancas (R$ 700), homens negros (R$ 600) e mulheres negras (R$ 400).

O ambiente escolar também é outro local de resistência à diversidade. Segundo pesquisa de maio de 2009 realizada em 500 escolas públicas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP e Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE, 55% a 72% dos estudantes, professores, diretores e profissionais de educação demonstram resistência à diversidade por meio do indicador “distância social”. O maior distanciamento é verificado com relação aos homossexuais (72%).

Filmes diferenciados: drogas e educação

No primeiro caso, são mostradas cenas reais de usuários de drogas lícitas (bebida, cigarro e medicamentos) e ilícitas (maconha, cocaína, crack e ectasy) nos diferentes ambientes de uso - nas ruas, nos bares, nos morros ou nas baladas -, sem que o rosto dos usuários apareça. O desafio aqui foi falar sobre usuários de drogas dentro de uma perspectiva do direito à saúde.

Para os filmes de combate ao estigma e ao preconceito nas escolas são utilizados desenhos feitos por crianças, com uma voz em off e trilha original. Estes filmes trabalham com duas situações diferentes: preconceito na escola contra crianças vivendo com HIV e preconceito de raça, cor, aparência, orientação sexual nas escolas.

Assinatura da campanha

O preconceito se manifesta por meio de atitudes e práticas discriminatórias, tais como humilhações, agressões e acusações injustas pelo simples fato de as pessoas fazerem parte de um grupo social específico. É contra o estigma e o preconceito que as agências UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids), ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), UNIFEM Brasil e Cone Sul (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher), UNESCO no Brasil (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime), com apoio do UNIC Rio (Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil), somam-se, mais uma vez, ao esforço da sociedade civil pela igualdade de direitos: ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais), AMNB (Associação Brasileira de Mulheres Negras Brasileiras), ANTRA (Articulação Nacional de Travestis, Transexuais e Transgêneros), Movimento Brasileiro de Pessoas Vivendo com HIV/Aids e Rede Brasileira de Prostitutas.


Português

Usuário de Drogas - Youtube Download
Transexuais e Travestis - Youtube Download
Refugiados - Youtube Download
Profissionais do sexo - Youtube Download
População Negra - Youtube Download
Pessoas vivendo com HIV - Youtube Download
Lésbicas - Youtube Download
Gays - Youtube Download
Estudantes - Youtube Download
Crianças vivendo com HIV - Youtube Download

O Terceiro Sexo - Documentário da National Geographic



O Terceiro Sexo (The Third Sex)

Documentário da National Geographic, integrante da série "Tabu".

Segue a sinopse oficial e os horários de exibição.

Embora os costumes sejam distintos em todo o mundo, quase todas as sociedades compartilham uma coisa: o conceito de gênero. Muitos acreditam na existência de apenas dois: homem e mulher. E cada qual está ligado ao sexo biológico, ou seja, masculino e feminino.

Ainda assim, na Índia, transexuais masculinos que optam por retirar suas genitálias vivem como mulheres e formam um terceiro sexo. Na Indonésia, padres hermafroditas lideram uma sociedade que reconhece cinco gêneros. E na região rural da Albânia, as mulheres trocam de gênero para obter igualdade..

Por vezes, até mesmo as culturas mais conservadoras precisam abrir espaço para aqueles que desafiam as convenções. Mas para muitas, adotar outros gêneros ainda é um tabu.

1. Quarta-Feira 25 de Novembro 22:00
2. Quinta-Feira 26 de Novembro 05:00
3. Quarta-Feira 2 de Dezembro 22:00
4. Quinta-Feira 3 de Dezembro 05:00
5. Quarta-Feira 9 de Dezembro 22:00


Terças trans - Planejando o 29 de janeiro.


Repassando:


"Olá Pessoal,

Nesta Terça-feira teremos Terças Trans e já vamos planejar nossas atividades para 2010!!Dia 29 de janeiro se comemora o Dia da Visibilidade Trans em São Paulo, e vamos aproveitar esta reunião para pensarmos nas atividades que podem ser desenvolvidas para homenagear esta data!!

PARTICIPEM!!!!

Dia 24 de Novembro de 2009 às 19h

Centro de Referência da Diversidade
Rua Major Sertório, 292/294 - Centro - SP
Metrô República

Coordenação: Alessandra Saraiva
Organização: Associação da Parada GLBT de São Paulo
Parceria: Centro de Referência da Diversidade"

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Dúvida sobre retificação da certidão de casamento.


"Ei, amigo, como foi possível retificar a certidão de casamento?

No Brasil, só têm validade os casamentos entre homem e mulher... então uma alteração do sexo de um dos cônjuges seria inviável, não?

Você tem como checar e esclarecer esse ponto?"

O autor encontra-se divorciado do ex-cônjuge, esclarendo para isso que seu estado civil será sempre divorciado, e não solteiro. Seria considerado solteiro somente se o casamento fosse nulo por algum motivo, sendo que a retificação, no caso, não foi entendida como motivo de nulidade de casamento anterior.

Foi necessário que o ex-cônjuge fornecesse declaração pública, feita em cartório com a presença do tabelião, onde afirma estar ciente da situação, que apoia a decisão, e que sabe, e concorda, que na certidão dele aparecerá também a retificação, como tendo sido fruto de decisão judicial. Sem a referida declaração, seria difícil conseguir a retificação, uma vez que poderia ser visto como danos à terceiros.

Por ser o autor divorciado, é necessário utilizar a certidão de casamento com averbação de divórcio para requerer a documentação, e não mais a certidão de nascimento. Quando ele casar legalmente novamente, tentará, por orientação de seu advogado, peticionar ao juízo para que não apareça o fato de já ter sido casado; aí sim ele poderá solicitar qualquer documentação sem qualquer constrangimento por não constar referência a casamento anterior, mediante a situação, com indivíduo do mesmo sexo.

Ainda assim, caso seja necessário certidão de casamento integral, aparecerá tudo que o autor fez: casamento, separação, divórcio, retificação de nome / sexo, novo casamento.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Exibição do filme Qunto Dura o Amor - 17º Festival Mix Brasil


Hoje tem exibição do filme Quanto Dura o Amor, do diretor Roberto Moreira, dentro do Festival MixBrasil da Diversidade Sexual, que está ocorrendo em São Paulo desde o último dia 12, e segue até o próximo dia 22 de novembro.

Após a exibição do filme haverá um debate com as atrizes Maria Clara Spinelli e Silvia Lourenço.

Data: 19/11
Horário: 19hs

Local: Galeria Olido - Cine Olido
Av. São João, 473.
Centro - SP

Mostra A Diversidade no Cinema em São Paulo


Ciclos de filmes sobre a AIDS, diversidade sexual e questão de gêneros, em parceria com o CRT DST/Aids-SP, CADS (Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual) da Prefeitura do Estado de São Paulo, Bibliotecas Tematicas e Cine Segall.

BIBLIOTECA VIRIATO CORRÊA
Endereço: Rua Sena Madureira, 298
Vila Mariana - 04021-050
São Paulo, SP
Tel.: 11 5573-4017 e 11 5574-0389

O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN (Brokeback Mountain)
Dia 21 de novembro às 18h

TRUQUES DA PAQUERA (Tricks)
Dia 29 de novembro às 16h

MAL DOS TRÓPICOS (Sud Pralad)
Dia 29 de novembro às 18h

TRANSAMÉRICA
Dia 6 de dezembro às 16h

EXPRESS YOURSELF
Após a exibição do filme haverá debate com o diretor Mauro Dahmer.
Dia 6 de dezembro às 18h

TABU (Gohatto)
Dia 13 de dezembro às 16h

BIBLIOTECA ROBERTO SANTOS
Endereço: Rua Cisplatina, 505
Ipiranga - 04211-040
São Paulo, SP
Tel.: 11 2273-2390 e 2063-0901

AMIGAS DE COLÉGIO (Fucking Amal)
Dia 22 de novembro às 16h

C.R.A.Z.Y. – LOUCOS DE AMOR
Dia 22 de novembro às 18h

MINHA VIDA EM COR DE ROSA (Ma vie en Rose)
Dia 29 de novembro às 16h

AS DAMAS DE FERRO (Satree Lek)
Dia 29 de novembro às 18h

Para maiores informações e sinopses, consultar links abaixo.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

"Filha, eu sou gay "

Isto É - Comportamento

Jovens contam como lidaram com a descoberta de que o pai ou a mãe é homossexual. *

Wilson Aquino

Gabriel tinha 15 anos quando o pai, que se divorciara da mãe alguns anos antes, o convidou para comer pizza, um programinha trivial que, no entanto, marcaria de forma especial a vida do adolescente. Gabriel idolatrava o pai. Considerava-o seu melhor amigo, um exemplo a ser seguido. Por isso, soou como uma pancada a frase curta e definitiva dita por Oswaldo Braga, 51 anos, enquanto ambos estavam à mesa. "Eu sou gay", falou o consultor técnico do Ministério da Saúde. "Na hora fiquei engasgado. Não sabia o que falar, tamanho o meu espanto com a revelação", lembra Gabriel.

O garoto praticamente rompeu os laços afetivos com o pai e só os restaurou quase dez anos depois. Mas, hoje, se diz feliz por ter conseguido superar o preconceito. "Se os gays são minoria, eu sou a minoria da minoria, porque sou filho de pai gay", diz Gabriel, 24 anos. Ele disse que se orgulha de ter aprendido com o pai que o melhor mesmo é viver uma vida verdadeira. "Não é uma situação fácil de ser enfrentada", admite Braga "Mas é necessária."

Há uma grande distância entre saber e aceitar. A psicóloga paulista Vera Lúcia Moris, que coordena dois grupos de 30 pais gays, lembra que a adolescência é um período marcado por crises, inclusive com relação à sexualidade. "E o jovem pode ter problemas para aceitar, compreender ou lidar com a revelação da homossexualidade do pai", alerta. Mas é possível minimizar muito o impacto da revelação. O trauma é menor quando a criança cresce sabendo da orientação sexual do pai ou da mãe. Este é o caso da estudante paulistana Bruna Peixe dos Santos, 18 anos, que começou a tomar consciência, gradativamente, do homossexualismo da mãe a partir dos 4 anos.

A frase "Filha, eu sou gay" foi sendo assimilada aos poucos e, hoje, Bruna assegura que não vê problema nenhum no fato de a mãe, Alexandra, ter mudado o nome para Alexandre Santos - o Xande que preside a Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo. Mas a tranquilidade com que Bruna lida com o tema não reflete os aborrecimentos e decepções que já enfrentou. "Tive um namorado que terminou comigo quando lhe contei. E tive amigos e pais de amigos que se afastaram por causa do preconceito", conta ela. "Em compensação, tenho muitos outros amigos que dizem que queriam ter um pai como o meu", arremata Bruna, que chama Xande de "pãe".

A homofobia é causa da rejeição de muitos filhos. Temendo serem vítimas de preconceito e chacotas, eles optam pelo afastamento do pai ou da mãe homossexual. "A gente morava no interior. Todo mundo sabia que meu pai era gay. Os colegas zombavam da gente, nos humilhavam", conta a atriz paulista Gabriela (que pede para não revelar o sobrenome), 29 anos, grávida de seis meses. Ela tinha 18 quando o pai revelou que estava namorando um rapaz, e pediu apenas compreensão. "Foi um choque. Incomodou muito. Cheguei a me envolver com uma mulher só para afrontar meu pai", recorda a atriz, que levou cinco anos para voltar a ter um bom relacionamento com o pai. "Li muito. Isso me ajudou a entender melhor a situação toda. Amo meu pai e tenho muito orgulho dele."

O universo de casais gays será dimensionado a partir do ano que vem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que fará uma pesquisa para saber quantos casais homossexuais residem nos 58 milhões de domicílios brasileiros. Certamente, o resultado dará uma ideia do quadro, mas não um número exato porque muitos preferem esconder a opção. Até nove anos atrás, se participasse da enquete do IBGE, o advogado carioca Marcelo (que não quer seu sobrenome divulgado) teria mentido, inclusive porque ainda estava casado.

Ele "saiu do armário" - termo popular para dizer que uma pessoa se assumiu gay - ao ser pressionado pela exmulher. "Ela perguntou e eu confirmei", diz. Marcelo saiu de casa quando o filho tinha 3 anos e resolveu que era hora de revelar o fato para o menino aos 10. "Falei para ele, sem rodeios: 'Papai é gay.'" A reação do garoto surpreendeu: "Pô, pai, tô cansado de saber. Não falei antes porque fiquei constrangido. Não tem o menor problema." Mas sua ex-mulher, ao contrário, reagiu mal e passou a proibir os encontros dos dois, alegando que ele poderia ser má influência. Sem ver o filho há dois anos, porque o menino se recusa a encontrá-lo, Marcelo luta contra uma depressão profunda e tenta, na Justiça, recuperar seus direitos.

A batalha é longa. Há juízes que acreditam que a relação entre pais gays e seus filhos pode comprometer o desenvolvimento sadio da criança ou do adolescente. Não é raro o juiz sugerir que as visitas dos pais homossexuais sejam realizadas sem a presença do companheiro gay. A desembargadora gaúcha aposentada Maria Berenice Dias, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito da Família, discorda. "Não afeta o desenvolvimento nem leva o filho a ser homossexual também. Afinal, o homo é filho do hetero", diz.

Para a escritora Edith Modesto, 71 anos, fundadora do Grupo de Pais de Homossexuais (GPH), a revelação tende a ser mais bem digerida quando o filho tem até 4 anos de idade. "Porque o preconceito ainda não está arraigado, principalmente em relação às pessoas que elas amam." Mas, lembra ela, o fato de o filho aceitar a homossexualidade dos pais não implica, necessariamente, aprovação. O estudante Alan Rudolf, 17 anos, que mora com a mãe, a mecânica de avião Adriana Piske, 36 anos, e com a companheira dela, Kelly Vasconcelos, em Curitiba, Paraná, é bem sincero quanto a isso: "Não concordo, mas respeito", diz Alan, que soube da homossexualidade da mãe quando tinha 6 anos. "Para mim não era normal, mas acabei aceitando."


* Obs.: Ainda que a reportagem não faça menção alguma ao fato do Xande, atual presidente da Associação da Parada LGBT de São Paulo, ser um homem transexual, ela é de suma importância porque demonstra que a capacidade de educar, cuidar, ter afeto por outro ser humano enquanto filho (a) não depende de sexualidade, e sim de diálogo, cuidado, responsabilidade, limites e amor. Que ser filho (a) de alguém que difira da dita normatividade parental socialmente aceita não implica em, futuramente, ser homosexual nem transexual. E além, que apesar da dificuldade enfrentada por alguns jovens da reportagem com relação a seus pais, o afeto e o respeito são mais importantes que qualquer "diferença".

Obs 2: Grato a Glória pela indicação da reportagem.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

FTM consegue retificação de nome e sexo no Paraná


17-11-2009

Em decisão inédita no estado do Paraná, foi autorizado em primeira instância que um homem transexual (transição do feminino para o masculino / ftm) retificasse tanto nome quanto sexo em sua documentação.

O processo de retificação, que correu na Vara de Registros Públicos e Cartas Precatórias de Curitiba, levou pouco mais de um ano, e abre jurisprudência no estado com relação a retificação de nome e sexo em certidão de nascimento, bem como na justiça brasileira de um homem transexual que tenha conseguido retificar sua certidão de casamento.

O autor está na fila para terminar sua cirurgia transgenital (metoidioplastia) no Hospital das Clínicas em Goiânia, onde está instalado o ambulatório do Projeto de Transexualidade da Universidade Federal de Goiás (UFG).


16.11.09


Ditadura Gay

por Antonio Prata, Seção: Crônica do Metrópole


“Você é a favor da aprovação do projeto de lei (PLC 122/2006) que pune a discriminação contra homossexuais?” Desde que a enquete apareceu no site do senado, faz umas semanas, evangélicos de todo o país iniciaram uma cruzada via internet, pelo direito de ofender pessoas que namoram pessoas do mesmo sexo.

Uma senhora chamada Rosemeire, por exemplo, expondo num blog seu temor de que a lei seja aprovada, disse que vivíamos “O início da Ditadura Gay no mundo!”. Pelo que entendi, Rosemeire acredita que está em curso uma batalha global, travada entre héteros e homossexuais, pela hegemonia na Terra. Hoje, os héteros estão vencendo, mas é só porque têm amparo legal para chamar os gays de viadinhos, as lésbicas de sapatonas e rir das piadas do Juca Chaves. No momento em que passarem a punir quem ofender pessoas que namoram pessoas do mesmo sexo, elas perceberão que chegou a hora, sairão todas correndo da The Week e tomarão o poder.

Imagine só, Rosemeire? Criancinhas terão de cantar Village People, na escola, enquanto assistem ao hasteamento da bandeira do arco-íris. Aos domingos, em vez de futebol, as TVs transmitirão Holiday on Ice e, com dezoito anos, os jovens serão obrigados a alistar-se no exército, fazer flexões de braço, dormir e tomar banho, uns na frente dos outros. Que horror!

Se você acha que Rosemeire exagerou, é porque não leu o blog de Rozângela Justino, cristã, psicóloga e indignada: “Se este Projeto (...) for aprovado, estaremos institucionalizando em nosso país o sistema de castas e todos aqueles que não forem homossexuais serão considerados cidadãos de segunda classe.”

Uau, Rozângela! O mundo, então, seria governado pela casta das Drag Queens? Um advogado gay, de terno e cabelo curto, seria de uma casta intermediária? E lutadores do Ultimate Fighting, viveriam de esmolas? Bem, talvez não...

Quanta imaginação têm as duas mulheres. Se seus piores pesadelos fossem filmados, seria preciso unir o talento de um Fellini com o de um Clóvis Bornay; juntar, no mesmo caldeirão, George Orwell e Andy Warhol; vislumbrar as ruas de Nova Déli sendo percorridas pela banda de Ipanema.

Se bem que... Sei lá. Pensando melhor, talvez o temor de Rosemeire e da Dra. Justino tenha algum fundamento. Veja o caso dos negros: há poucas décadas, todo mundo contava piada racista e eles eram cidadãos de segunda classe. Veio esse papo de igualdade, o que aconteceu? Um mulato chegou a presidente dos Estados Unidos!

A batalha racial já está perdida, mas a sexual ainda pode ser ganha! Basta ir ao http://www.senado.gov.br/agencia/default.aspx?mob=0, clicar em NÃO e mostrar a todos que ainda tem gente disposta a lutar por um mundo injusto, desigual e preconceituoso!


* VOTE NO ´SIM´!!!



Obs: É válido ressaltar que o referido projeto não fala somente de homosexualidade, mas também prevê punição a discriminação por sexo e gênero. E ainda que não constasse, toda e qualquer tentativa de constranger, diminuir, ofender todo e qualquer ser humano, seja ele quem for, deve ser repreendida. Não se trata de impedir a livre expressão de ninguém, mas de MANTER a livre expressão e o respeito fundamental a dignidade humana, assegurado em nossa Carta Magna.

domingo, 15 de novembro de 2009

Uma "definição" não padronizada de transexual.


Transtorno - s.m. Ato ou efeito de transtornar. / Contrariedade; contratempo. / Desarranjo. / Perturbação mental.

Transcender - v.t. Ultrapassar; ser superior a. / v.i. Ir além do ordinário, exceder a todos, chegar a alto grau de superioridade. / Filosofia. Ir além (dos limites do conhecimento).

Transfigurar - v.t. Mudar a figura, a feição de; transformar: o desastre de automóvel transfigurou-lhe o rosto. / Alterar, dar uma idéia falsa: sua interpretação transfigura essa personagem histórica. / v.pr. Mudar de aspecto, por efeito de uma reação psicológica diante de situação inesperada: ao receber a notí­cia, sua fisionomia transfigurou-se.

Transformador - adj. Que transforma. / s.m. Eletricidade. Aparelho estatístico de indução eletromagnética, que transforma um sistema de correntes variáveis em um ou mais sistemas de correntes variáveis da mesma freqüência, mas de intensidade ou tensão geralmente diferentes.

Transparecer - v.i. Aparecer através de. / fig. Deixar-se perceber, revelar-se, manifestar-se.

Transexual – adj., s.m. e s.f. Indivíduo que transtorna seu meio, contraria sua dita imutabilidade, e que vai além do ordinário, que excede os limites impostos, pré – determinados e conhecidos, e muda sua figura, transformando energias distintas e opostas em uma freqüência uníssona que se manifesta e se revela na integralidade do ser.

Fonte: http://www.dicionarioweb.com.br/ , exceto a definição de transexual de autoria do proprietário do blog.

OBS: Não estou fazendo apologia da transexualidade, apenas apresentando uma visão mais positiva e menos estigmatizada; celebrando a diversidade como instrumento de aprendizado, fraternidade e respeito.

Original Plumbing


Original Plumbing é uma revista recente voltada para a comunidade ftm / trans homens nas suas mais variadas formas e embalagens, falando da sua cultura, identidade e sexualidade. Ela documenta a vivência desses indivíduos através de fotografias, entrevistas, ensaios e narrativas pessoais.

O mais curioso é que a revista procura unir as mais variadas formas de expressão, experiências e maneiras de ser de um mesmo grupo, sem criar nichos ou segregar quem possa se identificar com o aspecto masculino do ser, mas fugir ao que a maioria possa considerar padrão. A diversidade é aqui bem-vinda e respeitada.

Criada por Amos Mac (fotógrafo) e co - produzida por Rocco Kayiatos (o rapper e produtor Katastrophe), ambos ftms, é uma produção independente, trimestral, publicada e distribuida em São Francisco, Califórnia, e é atualmente enviada para Europa, Austrália e Canadá.

Quem sabe alguns pedidos daqui, e eles passem a disponibilizar o envio para terras tupiniquins?

Vale a pena uma conferida.

Segue abaixo o link para a revista, para o site de Katastrophe e o de Amos Mac:




Em inglês.

Política de Atenção à Saúde Integral de LGBT é aprovada pelo CNS


O Conselho Nacional de Saúde, durante a sua 203° Reunião Ordinária, aprovou por unanimidade a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.

A meta da política apresentada é a promoção da saúde da população do segmento LGBT em sua especificidade, com o objetivo de promover um atendimento digno e de qualidade no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS. Busca ainda reconhecer os efeitos do preconceito e discriminação por orientação sexual e identidade de gênero sobre a saúde de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais.

O trabalho foi apresentado no dia 12 de novembro, no plenário do Conselho Nacional de Saúde em Brasília, pelo Departamento de Apoio à Gestão Participativa (DAGEP), da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa e foi feito com o apoio dos movimentos LGBT, sendo resultado de um esforço coletivo no sentido de ver atendidas as demandas dessa população.

O principal objetivo é promover a saúde da população LGBT de maneira a humanizar e qualificar a atenção, reduzindo assim as iniquidades em saúde por meio do enfrentamento à discriminação no SUS. A política tem a intenção ainda de aumentar a produção de conhecimentos sobre a temática de saúde LGBT por meio de apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas na área, de incluir nos documentos de notificação de violência da Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS – os quesitos orientação sexual, identidade de gênero e étnico racial, além de informar e sensibilizar os profissionais de saúde sobre as especificidades da população, como por exemplo a prevenção de câncer de mama a transexuais e travestis que fizeram uso do silicone industrial.

Fonte: http://www.observatoriodegenero.gov.br/menu/noticias/politica-de-atencao-a-saude-integral-de-lgbt-e-aprovada-pelo-cns

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Profissão Repórter da Tv Globo procura transexuais para reportagem.



Repassando:

"Olá Pessoal,

O Felipe Suhre está procurando pessoas trans que possam relatar sua história de vida no Programa Profissão Repórter.

Entre em contato quem achar que se enquadra nos requisitos. Segue o email que ele mandou pra mim,

Beijãooo,

Ale.
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Olá, Alessandra!

Tudo bem com vc?

Aqui é Felipe Suhre, do Profissão Repórter. Conforme falamos ao telefone, estamos começando a produzir um programa sobre o universo trans. Estamos atrás de boas histórias, para que possam servir de exemplo para outras pessoas, que ainda são tão fechadas em relação à diversidade. Por exemplo: imaginamos acompanhar algum trans jovem, que venha encontrando dificuldades na escola ( através disso, traduzir aquele dado de que 40% dos estudantes não querem ter um colega homossexual ). Ou algum transexual que esteja pra fazer a cirurgia de mudança de sexo em breve, acompanharmos essa transformação tão esperada na vida dele. Por aí...

Nosso formato é acompanhar a rotina de nossos entrevistados. Além disso, estamos abertos a sugestões. Queremos boas histórias.

Se vc conseguir nos ajudar, agradeço. Pode passar o meu contato para as pessoas do seu grupo, por favor.

Um abraço e obrigado,

Felipe Suhre
Profissão Repórter – TV GLOBO"

OBS: Quem tiver interesse entre em contato comigo pelo email que se encontra do lado direito do blog que repasso os telefones de contato do Sr. Felipe.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo normatiza atendimento médico dirigido a travestis e transexuais



Resolução nº 208 - Cremesp normatiza atendimento médico a travestis e transexuais

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) aprovou a Resolução nº 208/2009 (veja íntegra abaixo) que normatiza o atendimento médico a travestis, transexuais e pessoas que apresentam inadequação ao sexo biológico.

Homologada pela Plenária do Cremesp, a medida entrou em vigor após sua publicação no Diário Oficial do Estado, neste 11 de novembro de 2009.

Segundo a Resolução, todo atendimento médico dirigido a essa população deve basear-se no respeito ao ser humano e na integralidade da atenção.Durante o atendimento médico, deve ser garantido o direito do (a) paciente usar o nome pelo qual prefere ser chamado (a), independente do nome que consta no registro civil.

Dentre as garantias de assistência em saúde para esse público, a Resolução destaca o atendimento psicossocial, o tratamento psiquiátrico e psicoterapêutico, o tratamento e acompanhamento médico-endocrinológico, as intervenções cirúrgicas e outros procedimentos estéticos ou reparadores.

Antes do procedimento médico o paciente deve ser avaliado por equipe multiprofissional. As intervenções ou tratamentos experimentais devem estar obrigatoriamente ligados a protocolos de pesquisa aprovados por Comitês de Ética.

A Resolução do Cremesp visa normatizar, do ponto de vista ético, o atendimento médico a travestis e transexuais em serviços de saúde especializados ou em unidades de saúde e hospitais para os quais os pacientes são encaminhados. Devido ao preconceito e ao desconhecimento dos médicos, muitas necessidades de saúde desta população não são devidamente atendidas pelos profissionais e serviços.

Desde o dia 9 de junho de 2009 a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo mantém ambulatório inédito que já realizou mais de 400 atendimentos a travestis e transexuais. As especialidades médicas de urologia, proctologia e endocrinologia (terapia hormonal) concentram muitas das demandas das pacientes.

Também destaca-se o encaminhamento para a realização de cirurgia de transgenitalização, realizada no Hospital das Clínicas da FMUSP e de cirurgia de remoção de silicone industrial, realizada no Hospital Diadema.

Outro serviço destinado a essa população, que funciona como local de convivência e inclusão social é o Centro de Referência da Diversidade (CRD), mantido pelo Grupo Pela Vidda-SP em convênio com a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) da Prefeitura de São Paulo.

A Resolução do Cremesp foi discutida e elaborada com a participação de técnicos de vários serviços e hospitais, além de médicos , especialistas em Bioética, entidades da sociedade civil e lideranças do movimento LGBT.

MAIS INFORMAÇÕES

Cremesp: (11) 3017-9364

Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais - CRT DST/AIDS-SP: (11) 5087-9833

Centro de Referência da Diversidade: (11) 3151-5786

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Resolução Cremesp nº 208

Atendimento médico integral à população de travestis e transexuais

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE SÃO PAULO

RESOLUÇÃO CREMESP Nº. 208, DE 27 DE OUTUBRO DE 2009

Dispõe sobre o atendimento médico integral à população de travestis, transexuais e pessoas que apresentam dificuldade de integração ou dificuldade de adequação psíquica e social em relação ao sexo biológico.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Lei nº. 3.268/57, regulamentada pelo Decreto nº. 44.045/58, e,

CONSIDERANDO a dignidade da pessoa humana (inciso III do Art. 1º da Constituição Federal);

CONSIDERANDO o direito à cidadania (inciso II do Art. 1º da Constituição Federal);

CONSIDERANDO a igualdade de todos os cidadãos perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (Art. 5º da Constituição Federal);

CONSIDERANDO que a saúde é direito de todos e dever do Estado (Art. 196 da Constituição Federal);

CONSIDERANDO que a Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e deve ser exercida sem discriminação de qualquer natureza (Art. 1º do Código de Ética Médica, 1988);

CONSIDERANDO que as ações dos serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), obedecem ao princípio de igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie (inciso IV do Art. 7º da Lei 8080/90, Lei Orgânica da Saúde);

CONSIDERANDO os direitos e deveres dos usuários da saúde (Portaria GM/MS Nº 1.820, de 13 de agosto de 2009);

CONSIDERANDO a normatização da cirurgia de transgenitalização do tipo neocolpovulvoplastia e/ou procedimentos complementares sobre gônadas e caracteres sexuais secundários como tratamento dos casos de transexualismo (Resolução CFM n º 1.652, de 6 de novembro de 2002);

CONSIDERANDO as Diretrizes Nacionais e Normas de Credenciamento/ Habilitação de Unidade de Atenção Especializada para o Processo Transexualizador no Sistema Único de Saúde - SUS (Portaria GM/MS nº 1707, de 18 de agosto de 2008; e SAS/MS No- 457, de 19 de agosto de 2008);

CONSIDERANDO as penalidades a serem aplicadas à prática de discriminação em razão de orientação sexual (Lei Estadual N. 10.948 de 5 de novembro de 2001);

CONSIDERANDO as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo Seres Humanos (Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde);

CONSIDERANDO finalmente o decidido na Reunião de Diretoria realizada em data de 19/10/09,

RESOLVE:

Artigo 1º - Todo atendimento médico dirigido à população de travestis, transexuais e pessoas que apresentam dificuldade de integração ou dificuldade de adequação psíquica e social em relação ao sexo biológico, deve basear-se no respeito ao ser humano e na integralidade da atenção.

Artigo 2 º - Deve ser assegurado a essa população, durante o atendimento médico, o direito de usar o nome social, podendo o(a) paciente indicar o nome pelo qual prefere ser chamado(a), independente do nome que consta no seu registro civil ou nos prontuários do serviço de saúde.

Artigo 3º - Visando garantir o atendimento integral devem ser consideradas e propostas ao (à) paciente as seguintes possibilidades de abordagem individual: atendimento psicossocial, tratamento psiquiátrico e psicoterapêutico, tratamento e acompanhamento médico-endocrinológico, intervenções cirúrgicas e outros procedimentos médicos de caráter estético ou reparador, desde que asseguradas as condutas éticas, as diretrizes clínicas e as normatizações técnicas reconhecidas pela comunidade médica.

Artigo 4º - A indicação terapêutica deverá contar com a avaliação de equipe multiprofissional, com esclarecimento prévio sobre os riscos dos procedimentos e garantia do tratamento das eventuais intercorrências e efeitos adversos.

Artigo 5º - No caso de procedimentos médicos experimentais, a realização está condicionada a protocolos de pesquisa e ensaios clínicos, de acordo com as normas regulamentadoras de experimentos envolvendo seres humanos vigentes no país.

Artigo 6º - Esta Resolução entrará em vigência na data de sua publicação, revogando-se as disposições em contrário.

São Paulo, 16 de outubro de 2009.

Dr. Henrique Carlos Gonçalves

Presidente

HOMOLOGADA NA 4.104ª SESSÃO PLENÁRIA DE 27/10/2009.

Fonte: Diário Oficial do Estado; Poder Executivo, São Paulo, SP, 11 de novembro de 2009. Seção I, pág. 168.


quarta-feira, 11 de novembro de 2009

PLC 122 - Polêmico projeto de lei anti-discriminação é aprovado em comissão da Câmara dos Deputados.



11/10/2009 - Por Redação

O projeto de lei 122/2006 _que quando aprovado vai criminalizar atos discriminatórios contra homossexuais, deficientes físicos e idosos_ foi aprovado nesta terça-feira, 10, em uma comissão da Câmara dos Deputados. O projeto encontra grande resistência dos setores da Câmara ligados aos evangélicos.

O PLC 122 foi aprovado na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) na forma de um substitutivo da senadora Fátima Cleide. A proposta original, de autoria da então deputada Iara Bernardi, inclui na já existente lei que pune a discriminação por racismo, religião ou local de nascença, a punição de atos discriminatórios por sexo, gênero ou orientação sexual (grifo nosso).

A proposta agora volta à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH). Caso aprovado, o projeto retornará à Câmara dos Deputados para votação em plenário.

17º Festival MixBrasil


Começa nessa quinta dia 12 de novembro, e vai até dia 22 de novembro em São Paulo, o 17º Mix Brasil - Festival de Cinema da Diversidade, com diversos filmes, entre longas e curtas, que abordam a diversidade sexual. O festival conta ainda com eventos especiais, festas e premiações.

Tem eventos e projeções em várias salas e locais de São Paulo, alguns sendo gratuitos.

Vale a pena dar uma conferida, sendo trans, gay, lésbica, bi, pan, hétero, não importa, cultura é instrumento de diversão, educação e reflexão.

Segue o link para o site do festival onde é possível conferir horários, dias e locais: http://www.mixbrasil.org.br/index.php

Vislumbre da possibilidade de aumento do micro neofalo pós metoidioplastia com o uso de células tronco.


Investigadores criaram um "pênis artificial" que tem permitido coelhos com pênis danificado a copularem com sucesso. Os urologistas dizem que o procedimento poderá um dia ajudar a tratar homens com disfunção erétil grave.

A técnica envolve um novo método de engenharia de tecidos que permitiu à equipe a utilização de células dos próprios animais para construir a estrutura do tecido esponjoso que compõe a maior parte do pênis.

O pênis funcionante é a mais recente realização de Anthony Atala e seus colegas do Wake Forest Institute for Regenerative Medicine in Winston-Salem, Carolina do Norte, E.U.A.. Esta é a mesma equipe que chegou às manchetes em Abril com a primeira bio-engenharia de bexigas humanas, que foram implantados com sucesso em pacientes.

No experimento recente, o músculo liso e as células dos vasos sanguíneos foram retirados de pênis de coelhos e semeado em uma matriz de colágeno - uma estrutura semelhante em que o tecido se regenera. Esta abordagem foi criada por Atala e anteriormente utilizada para crescer as bexigas artificiais.

Retomando o acasalamento.

As células de coelho semeadas na matriz foram projetadas para tornar-se a estrutura chamada de corpo cavernoso - em ambos os lados da uretra - que compõem uma parte substancial do pênis. O pênis contém duas destas estruturas semelhantes a esponjas que se enchem de sangue durante a ereção. Eles têm a forma de um tubo que pode se estender até 20 centímetros em seres humanos - cerca de um terço dos quais se estende dentro do corpo.

Os urologistas implantaram o tecido dos corpos cavernosos, recentemente projetados, para os coelhos com pênis que tiveram todo o tecido removido anteriormente, e dentro de um mês, os animais tinham retomado o seu acasalamento.

O tecido regenerado mostrou também a pressão arterial, mesmo durante uma ereção, como em coelhos normais. Além disso, os coelhos com os implantes de corpo cavernoso, ainda podem ejacular espermatozóides em suas companheiras e impregna-las. Todas as fêmeas tiveram filhotes saudáveis a partir desses encontros, dizem os investigadores .

Os implantes de silicone.

Cada animal recebeu tecido do corpo cavernoso produzido a partir de suas próprias células, sublinha Atala. A idéia por trás disso é que a engenharia de tecidos - seja em coelhos ou em seres humanos - é uma combinação perfeita e por isso não é rejeitada pelo sistema imunológico do organismo.

A pesquisa pode levar a melhores tratamentos para a disfunção erétil no homem, ele espera, através da substituição de tecidos problemáticos.

Existem muitas drogas populares no mercado para esta doença, que atinge mais da metade dos homens entre as idades de 40 e 70. Mas em casos mais graves, os médicos implantam próteses de silicone no pênis de seus pacientes. Isto, no entanto, não consegue restaurar completamente a capacidade dos pacientes para a ereção natural.

A integração adequada.

Na disfunção erétil grave, conhecida como fibrose corporal, o tecido esponjoso do corpo cavernoso não recebe oxigênio suficiente e começa a ser substituído por tecido cicatricial. Cultivo de novos tecidos esponjosos do corpo cavernoso com vistas ao implante, poderia ajudar esses pacientes, dizem os investigadores .

Especialistas advertem, entretanto, que os investigadores terão de demonstrar que as câmaras corporais foram devidamente integradas com o resto do órgão - o que inclui garantir que todos os vasos sanguíneos estão ligados de modo que as funções do tecido novo não se transformem em tecido cicatricial como o tecido original.

"Isso obviamente parece promissor", comenta Allen Seftel dos Hospitais da Universidade de Cleveland, Ohio, E.U.A. . Mas ele também adverte que "isso é muito, muito preliminar".

O desenvolvimento.

A técnica também pode ajudar pessoas com anomalias congênitas do pênis ou aqueles que perderam parte do órgão ao câncer. Para fazer isso, no entanto, os pesquisadores teriam de combinar vários tecidos de bio-engenharia juntos.

"Nós já sabemos como criar tecidos da uretra", diz Atala, "que permitem as funções de urinar e de ejacular para fora do corpo e que está contido na terceira estrutura tubular do pênis, o corpo esponjoso." Ele disse que o tecido do corpo cavernoso foi mais difícil de se regenerar no laboratório, porque não é uma estrutura oca, como a uretra.

"Acho que isso - o método de engenharia de tecidos - é um marco no desenvolvimento da cirurgia em geral", comenta Ira Sharlip, professor de clínica de urologia da Universidade da Califórnia, San Francisco, E.U.A. , que não foi envolvido no estudo.

Atala apresentada as novas descobertas no início desta semana na reunião anual da Associação Americana de Urologia, em Atlanta, Geórgia, E.U.A..

Fonte: http://www.newscientist.com/article/dn9221-artificial-penis-allows-rabbits-to-mate-normally.html por Grupo Ftm Brasil por comunidade Gendercare do Orkut.

Obs: Artigo publicado originalmente em 25 de maio 2006 na New Scientist, sendo publicado agora em Procedimentos da Academia Nacional de Ciências, E.U.A..

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Ciclo de palestras em São Paulo discute gênero e transexualidade


Corpo aberto

Por Hélio Filho

O Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo (CCBB-SP) apresenta até o dia 8 de dezembro o ciclo de palestras “Corpo em aberto”, que começou em setembro e tem como objetivo discutir o corpo sob os mais diferentes enfoques como seu espaço na sociedade de consumo, na arte e na contemporaneidade. No próximo dia 24, o assunto em pauta será “Corpo gênero”, discussão sobre a transexualidade mediada pelo ícone trans Claudia Wonder.

A palestra “Corpo gênero” começa às 19h30, no CCBB, e pretende debater as mais impactantes mudanças no corpo dos brasileiros partindo do pressuposto de que elas vieram junto com as mudanças de gênero.

A convidada para ministrar a palestra é a PhD em História Social Mary Del Priore, autora de livros como “História das Mulheres no Brasil”, “A Mulher no Brasil Colônia”, “Histórias do Cotidiano”, “A História do Amor no Brasil” e “O Príncipe Maldito”.

Para enriquecer a discussão, o encontro contará ainda com a mediação da cantora, compositora e ativista Claudia Wonder e a doutora em Antropologia Social Maria Filomena Gregori, coordenadora do Doutorado de Ciências Sociais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp e pesquisadora associada do Pagu - Núcleo de Estudos de Gênero.

A entrada é gratuita. O Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo fica na Rua Álvares Penteado, 112, e o telefone é (11) 3113-3651‎.

Oficina de orientação profissional


Repassando:

" OFICINA DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL.

Elaboração de Curriculos.
Postura profissional
Processo seletivo.
Comportamento profissional.
Onde procurar vagas.
Como agir em uma entrevista para emprego.
Dinâmicas de Seleção.

Abordagem voltada para as especificidades das Travestis e Transexuais.

Dia 09 de Novembro das 17 às 19h00
Centro de Referência da Diversidade
Rua Major Sertório, 292/294 - Centro
Metrô República
Instrutor: Thiago Sprocatti"

Terças Trans - Empreendedorismo, um caminho possível


Repassando:

"Empreendedorismo, um caminho possível

Com a Prof.ª Glória W. de Oliveira Souza, que abordará temas como noticiário; pesquisa; micro e pequenas empresas; conceitos; habilidade; conhecimento; competitividade; atitude; auto-aprendizagem; capacitação.

Short bio da palestrante:

Comunicóloga. Educadora. Jornalista. Consultora Empresarial. Designer de Vitrina. Visual Merchandiser. Artista Plástica. Crítica de Arte. Pesquisadora. Sócia-diretora da Canalw Difusão do Conhecimento. Responsável pelo blog gwConsultoria. Possui graduação em Educação Artística (1978); Artes Plásticas (1979) e Jornalismo (1984). É mestre em Comunicação Social (1999). Docente universitária e membro de organização nacional e internacional na área de comunicação.

Dia 10 de novembro, às 19h

Centro de Referência da Diversidade

Rua Major Sertório, 292/294 - Centro

Metrô República

Coordenação: Alessandra Saraiva

Organização: Associação da Parada GLBT de Sâo Paulo

Parceria: Centro de Referência da Diversidade"