quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

FELIZ 2009



Aos leitores eventuais e habituais, aos companheiros de causa, ou não, seja você quem for, um Feliz 2009, repleto de paz, harmonia e grandes realizações.

Lembrem que por mais distante que tudo pareça, ou por mais impossível que seu sonho se apresente, existe sempre um caminho, uma possibilidade, a chance de um recomeço. Basta apenas persistir, ser paciente, e prosseguir.

O hoje é sempre um passo mais perto do final do que um dia foi o começo.

Feliz Ano Novo!

domingo, 28 de dezembro de 2008

Ex-atleta da Alemanha faz cirurgia de mudança de sexo

Por redação - 23/12/2008

O melhor esportista do salto com vara da história da Alemanha, Yvonne Buschbaun, agora se chama Balian. O transexual que anunciou no final de 2007 que deixaria o esporte para fazer um longo tratamento com hormônios, também se subemeteu a cirurgia de transgenitalização este mês em Postdam, na Alemanha.

Ele ainda está no hospital, mas declarou em seu site que está realizado. “Hoje acordei em completa liberdade; O céu está aberto”, comemora Balian, que decidiu não conceder entrevistas. O ex-atleta, que também pensou em se chamar Ivan, não poderá voltar a competir, pois não é permitido o uso de testosterona em competições.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

E agora ?!


Você conseguiu mudar seus documentos, sua aparência em nada lembra uma mulher, finalmente você conquista sua tão sonhada liberdade, mas e agora?

Você pensa: “Simples, tudo mudado não tenho mais com o que me preocupar.”

De fato, toda caminhada até o derradeiro momento já faz de qualquer um de nós vencedores, mas a partir desse momento as responsabilidades aumentam, as possíveis desculpas acabam, a vitimização termina e você será senhor do seu próprio destino.

Agora você é, e será socialmente reconhecido como do sexo masculino com as vantagens, e desvantagens, de tal situação.

Não há volta.

Talvez algumas coisas pareçam novas, ou um pouco estranhas, afinal nos acostumamos por um bom tempo a usarmos o fator trans como proteção ou fuga. Nos identificamos com pessoas na mesma situação, e nos sentimos seguros dentro desse grupo de irmãos, distantes muitas vezes pelo espaço físico, mas unidos por semelhanças de alma.

Mas vamos além: agora somos homens como o motorista do ônibus que pegamos todo dia para o trabalho, ou o engravatado que se atola no escritório. Claro você não vai esquecer de onde veio, até porque mesmo tendo mudado tudo, o velho fantasma pode surgir de algum lugar, na forma de um amigo ou parente distante ou de um cadastro de loja desatualizado.

“Mas eu sempre quis isso, não estou entendendo.”

A diferença é que, entre desejar algo, e de fato concretizar, vai uma grande distância.

Ter em mãos o que sempre se sonhou pode provocar sentimentos de dúvida, de medo, ansiedade; não com relação ao feito, mas em como, e de que forma, assumir de uma vez por todas, seu lugar nesse “novo” mundo do qual você agora faz parte de forma efetiva.

Mas não tenha medo. Existe um período de adaptação natural a essa realidade, tal qual a criança que pela primeira vez entra na escola, assim meio tímida, sem saber como se portar ou o que dizer, mas que aos poucos vai aprendendo e se formando dentro daquela comunidade.

A diferença é que a sua comunidade não se restringe aos muros de uma escola, mas a imensidão do mundo.

Você não é perfeito, ninguém é, portanto ter receio e experimentar esse momento de suspensão animada entre conseguir, e realizar o fato de forma concreta, pode levar um tempo. Ou passar sem nem ser percebido. Cada um reage de um determinado jeito, não adianta tomar como parâmetro para sua vida o comportamento ou a reação de outra pessoa.

Não esqueça que acima de tudo você já é um vencedor, que ultrapassou as barreiras da adversidade corporal, e batalhou para obter seu devido reconhecimento, e isso nada nem ninguém pode tirar de você. Tenha orgulho, de forma positiva, do seu feito. Transforme sua jornada em motivação para recomeçar.

Abra os olhos, experimente, sinta e seja bem vindo a sua nova vida.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Dicas para ajudar você a retificar sua documentação IV


PEÇA AO SEU ADVOGADO PARA INCLUIR A EXPEDIÇÃO DOS OFÍCIOS AOS RESPECTIVOS ÓRGÃOS NA INICIAL;

TENHA SEMPRE CÓPIAS COMUNS E CÓPIAS AUTENTICADAS DOS SEUS DOCUMENTOS NA HORA DE IR AOS LOCAIS;

NÃO DÊ O NÚMERO DO PROCESSO PARA NINGUÉM. A MAIORIA CORRE EM SEGREDO DE JUSTIÇA. O COMPROVANTE DA RETIFICAÇÃO É A SUA NOVA CERTIDÃO;

O MANDANDO DE AVERBAÇÃO DA CERTIDÃO SERVE PARA COMPROVAR A RETIFICAÇÃO, MAS NÃO DEIXE CÓPIA DELE EM NENHUM LUGAR;

NENHUM DOCUMENTO DEVE FAZER MENÇÃO À SITUAÇÃO ANTERIOR. CASO ISSO OCORRA, ENTRE EM CONTATO COM SEU ADVOGADO;

PROCURE TIRAR PRIMEIRO RG E CPF, PARA ENTÃO RETIFICAR OS OUTROS DOCUMENTOS;

NÃO ESQUEÇA QUE EM TODO E QUALQUER LUGAR ONDE UM DIA EXISTIU OUTRA PESSOA, PRECISARÁ SER RETIFICADO, SENÃO O FANTASMINHA SEMPRE VOLTA;

QUALQUER SITUAÇÃO ONDE VOCÊ DESCONFIE QUE SEUS DIREITOS ESTÃO SENDO LESADOS, OU VOCÊ ESTEJA SENDO MOTIVO DE CHACOTA, COMUNIQUE AO SEU ADVOGADO PARA QUE ELE TOME ÀS PROVIDÊNCIAS CABÍVEIS.

SITUAÇÕES DIFERENCIADAS DAS RELATADAS ANTERIORMENTE PODEM OCORRER, VARIANDO INCLUSIVE, DE ESTADO PARA ESTADO, EM CASO DE DÚVIDA, PROCURE SEU ADVOGADO. ELE É A MELHOR PESSOA PARA AJUDAR VOCÊ A RESOLVER ESSAS SITUAÇÕES.

Método retarda a puberdade para que transexuais possam decidir melhor sua readequação


10/12/2008 - Por Hélio Filho


Cientistas querem usar medicamentos para retardar a puberdade de jovens transexuais como forma de garantir que a decisão de readequar o sexo seja tomada de forma mais consciente, com mais maturidade e sem levar em conta as mudanças que a fase traz para o corpo.

Segundo a revista norte-americana “New Scientist”, essa é a proposta do anteprojeto divulgado nesta semana das diretrizes internacionais da Sociedade de Endocrinologia. É a primeira vez que o documento trata do assunto.

O objetivo desse tratamento, já desenvolvido na Holanda, é adiar as transformações corporais dos jovens, que as consideram desconectadas de seu corpo e que poderiam influenciar muito na sua escolha pela readequação.

Por exemplo: começando o processo de transexualização depois dos 16 anos, como recomendado no anteprojeto, um menino que quer ser sexualmente readequado não teria uma voz muito grave e nem tantos pêlos em seu corpo para fazer com que ele não se sinta bem com isso e queira agilizar o processo, ou paralisá-lo. É uma pressão a menos na decisão.

A recomendação é que as cirurgias sejam feitas apenas após os 18 anos, depois que o corpo estiver formado. No tratamento já realizado na Holanda, no Centro Médico da Universidade de Leiden, 70 garotos entre 11 e 16 anos receberam os medicamentos que retardam a puberdade e nenhum deles se arrependeu de sua decisão.

O método já está sendo adotado também por clínicas do Canadá, Estados Unidos e Austrália. Mas é preciso ressaltar que ainda não estão comprovados os efeitos do uso desses medicamentos a longo prazo. Outra questão ainda não esclarecida é com relação à fertilidade dos jovens. A puberdade volta a acontecer no corpo com a suspensão dos remédios, mas bloqueá-la antes que os espermatozóides maduros sejam produzidos impede que os garotos possam congelar seu sêmen para fazer uma inseminação artificial depois da cirurgia

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A arte de se ir a barbearia.



Uma das mudanças mais cobiçadas é o aparecimento de pelos faciais, e posteriormente, o surgimento de uma barba, que se apresenta como indicativo de masculinidade, respeito e distinção ante a sociedade.

Mas até ontem você não tinha nada, arriscava-se a ferir a pele passando gilete na esperança de que os pelos, então com outro padrão, engrossassem e tomassem corpo. Será que você está apto então a fazer sua barba em casa, quando ela começa a dar sinal de vida?

Pode parecer uma besteira enorme escrever sobre isso, mas se não for feita corretamente, ou com produtos de baixa qualidade, você corre o risco inclusive de ter algo chamado Foliculite, que é uma infecção dos folículos pilosos e, dependendo do grau de profundidade, requer o uso de antibióticos orais além, de em casos graves, deixar marcas na pele.

Apesar de já ter postado dicas anteriormente sobre como se barbear, sou fiel defensor de que se você quer uma barba bem feita, vá a barbearia.

Aquela de bairro, antiga, onde você só vê senhores sentados conversando, falando do tempo, política e futebol, ou dos áureos tempos de sua mocidade. Lá você pode não somente fazer sua barba à navalha como nos tempos antigos, com todo o cuidado necessário, mas também cortar o cabelo de forma igualmente precisa.

Sim existe diferença entre corte de barbeiro e de cabeleireiro. Por melhor que o cabeleireiro corte seu cabelo, não será com o mesmo esmero do corte de um barbeiro tradicional, com anos de prática em cortar cabelos masculinos.

Não é tão caro ir ao barbeiro, mas se você for cortar cabelo e fazer a barba, você vai passar pelo menos uma hora sentado, enquanto a navalha faz seu trabalho nas mãos de um profissional qualificado.

Fazer a barba hoje em dia se tornou algo que parece simples, rotina, qualquer um faz em casa com água, gilete, sabão e quinze minutos de folga. Mas a pressa pode trazer danos a pele, além de não ficar tão bem feita, ou aparada.

Nada substituí a cadeira do barbeiro, a água morna, o cheiro do mentol, do gel, o barulho da navalha sendo afiada, a massagem pós barba. É arte em movimento.

Além do que, a barbearia é hoje um dos últimos redutos eminentemente masculinos, e que trás de volta resquícios de uma época que não volta mais.

Experimente então, da próxima vez que for cortar o cabelo, fazer ou aparar a barba, em vez de ficar se ralando na frente do espelho, ir a barbearia, e passar alguns momentos de descanso para cuidar não só da sua aparência, mas também da sua saúde.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Belo Horizonte pode aceitar uso de nome social em registros escolares de alunos trans

Por Hélio Filho - 19/11/2008

O município de Belo Horizonte pode seguir um exemplo paranaense e mudar nos registros escolares o nome de transexuais de masculino para feminino, ou vice-versa. Em ofício enviado na última terça-feira, 18, ao Conselho Municipal de Educação de Belo Horizonte, a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transgêneros (ABGLT) sugere a mudança como forma de diminuir os crescentes índices de evasão escolar dentro desse segmento.

O uso do chamado nome social seria aplicado a documentos escolares como livro de chamadas, cadernetas, históricos, certificados, declarações e demais registros das escolas municipais de Belo Horizonte. A ABGLT pede que o Conselho dê parecer favorável ao pedido para que seja colocada em prática a mudança o quanto antes.

Isso porque as trans são um dos segmentos onde mais se registra evasão escolar, principalmente por não se sentirem à vontade quando são chamadas de “João Paulo” em vez de “Bianca”, por exemplo. Aliada ao fato de sofrerem preconceito por serem homossexuais, esse tipo de coisa atrasa a vida escolar de transgêneros, que muitas vezes não encontram oportunidades de emprego no mercado de trabalho e não vêem outra alternativa que não se prostituir.

Neste ano, o Estado do Paraná baixou uma portaria que garante às trans o direito de usar o nome social em sues documentos escolares.O pedido da ABGLT é sustentado pela 12ª proposta aprovada pela 1ª Conferência Nacional LGBT, realizada em junho de 2008, em Brasília, que sugere: propor, estimular e garantir medidas legislativas, administrativas e organizacionais, para que em todo sistema de ensino seja assegurado a estudantes e profissionais da educação travestis e transexuais o direito de terem seus nomes sociais, nos documentos oficiais das instituições de ensino, assim como nas carteiras estudantis, sem qualquer constrangimento para seu/sua requerente, e de usufruírem as estruturas dos espaços escolares em igualdade de condições e em conformidade com suas identidades de gênero, podendo ser integradas ao Programa de inclusão educacional.

sábado, 15 de novembro de 2008


Do contra

Parlamentares pedem fim de cirurgia de redesignação sexual pelo SUS


Por Sérgio Oliveira - 14/11/2008

Em agosto deste ano, trans brasileiros comemoraram a Portaria 1.707, publicada pelo Ministério da Saúde prevendo a inclusão da cirurgia de redesignação sexual com procedimento custeado pelo Sistema Único de Saúde. Hoje, cerca de 500 pessoas já passaram pelo exame psicológico e aguardam na fila da rede pública para a troca de sexo.

Numa atitude que causa indignação, mas não exatamente surpresa, alguns membros do Legislativo se mostraram contrários à medida do Executivo. Com vários colegas do Parlamento a seu favor, o líder do PHS na Câmara, Miguel Martini (MG), protocolou na Mesa Diretora da Casa um projeto de decreto para que o SUS pare de financiar este tipo de cirurgia. Caso o projeto seja aceito pela Câmara e pelo Senado, interferirá na identidade sexual dos que que aguardam na fila para o "processo transexualizador".

Integrante da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara, Miguel Martini, disse em discurso: "Se o SUS não tem condições de atender mulheres durante o pré-natal, se não tem condições de fazer cirurgias, se não tem condições de atender pacientes oncológicos, como poderá fazer cirurgia para mudança de sexo? Só em detrimento daqueles que não têm condições de viver nem de sobreviver".

Não é somente Martini que é contrário a oferta do procedimento pelo SUS. João Campos (PSDB-GO), presidente da Frente Parlamentar Evangélica da Câmara, é totalmente contra à Portaria 1.707. Ele acredita que a coletividade será desrespeitada caso o SUS siga oferecendo este procedimento, já que, segundo ele, somente alguns brasileiros se submeteriam à operação. "Quantas pessoas estão esperando na fila por cirurgia de câncer de mama, por exemplo, e não conseguem? Isso é dissenso, uma falta de juízo, uma excrescência", afirmou o deputado, acrescentando que "quem quiser (fazer a cirurgia de redesignação sexual) que pague de seu próprio bolso". João Campos também ressalta que se todas as exigências dos grupos gays fossem atendidas, o país viveria "uma ditadura dos homossexuais".

Milton Santos, presidente do grupo Estruturação (grupo LGBT de Brasília), acredita que a objeção dos deputados revela falta de conhecimento e negligência ao interesse público. "Acho que alguns parlamentares se baseiam em fundamentos bíblicos, religiosos para questionar direitos conquistados pela opulação LGBT. Em geral, o Congresso tem um olhar para a população não se baseando no que a Constituição rege. Alguns parlamentares não se preocupam em se informar a respeito de certos assuntos", afirmou Milton.


Normas de Gênero e Políticas de Saúde Pública no Brasil - O Processo Transexualizador no SUS

Para quem estiver no Rio de Janeiro, ou quiser participar:

Site do evento com a ficha de inscrição: http://www.ims.uerj.br/trans/




sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Thomas Beatie


Thomas Beatie o "homem grávido", anunciou no programa da jornalista Barbara Walters que está grávido de novo.

Não vou postar a reportagem aqui, porque me recuso a colocar algo tão sem sentido.

Nem foto dele.

Me deixa enjoado. Vai ver estou "grávido".

Tá relevei a primeira vez, apesar de achar que grande parte disso foi apenas para vender e promover a autobiografia dele. É sabido que outras pessoas já fizeram isso, sem alarde, na privacidade dos seus lares.

Agora leio que, ele não voltou a tomar testosterona porque quiseram ter outro filho.

Será que eles conhecem adoção?

Respeito a decisão dele, mas custo a crer que de fato ele seja ele. Um vez desce indigesto a atitude de engravidar, mas duas não.

Desculpe os modernos mas eu sou binário: homem não engravida.

Se ele tem útero e ovário, qual a novidade? Parando o hormônio, e com o acompanhamento médico adequado, qualquer um poderia engravidar, basta manter útero e ovários.

Não que homem tenha nem um nem o outro, claro.

"Coitado a esposa não podia mais ter filhos." Adote.

"Ah mas não é biológico." E daí? Ter e criar filhos é uma questão de afeto e não de algo seu, quase de posse.

Pior fica toda vez que lembro da entrevista no programa da Oprah com ele dizendo que falava baixo porque não queria que os vizinhos soubessem.

Hein?! E vai para a televisão?

O pior é que se as pessoas já custam a entender o que é ser um homem trans, ou uma mulher trans, como entender algo assim? A meu ver só atrapalha essa exposição. Fizesse quieto, já que a grande questão era que eles tivessem um filho biológico, algo tão íntimo e dada a circunstância, delicado.

Por que todo esse alarde?

Não que minha opinião faça diferença para ninguém; pode ser antiquada, retrógrada, machista, mas afinal é apenas um ponto de vista.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O que é estranho para você - Festival MixBrasil de cinema e vídeo da Diversidade Sexual - 16ª edição

Para quem estiver por São Paulo, segue abaixo a programação do Festival Mix Brasil no que seja relacionado a transexuais e variações. Mas vale a pena ver também o restante da programação em http://www.mixbrasil.org.br/

Retrato Falado: transgêneros mostra outra face

Alondra, o diário de uma transex / Alondra, historia de un transexual (Carles Porta e Danielle Schleif, 2006, Espanha, 78')

Alberto é jovem, bonito, pobre, imigrante, prostituta e transexual. Há seis meses ele tem filmado praticamente tudo do seu dia-a-dia, de forma confessional. Aos 17, fugiu da Venezuela como um garoto. Ele mora e trabalha há anos na Espanha. Agora viajará à Tailândia, onde completará sua cirurgia de mudança de sexo, descobrindo-se mulher aos 25 anos. Nasce então Alondra. Em seguida, ela viajará a Nova York, onde sua família agora reside. Será a primeira vez que eles a verão como mulher. O filme mostra a batalha interna de Alondra para aceitar uma pessoa que desde a infância se sentiu traída por seu corpo e que precisou de muita coragem para tomar a decisão radical de mudá-lo e assim sair da encruzilhada em que se encontrava. Recorrendo apenas a imagens registradas pela própria Alondra, com sua técnica toda particular, o filme tem um resultado visual surpreendente.

CINE OLIDO - 14/11 (sexta-feira) 15h00
ESPAÇO UNIBANCO DE CINEMA SALA 1 - 17/11 (segunda-feira) - 14h50

Bombadeira (Luís Carlos Alencar, 2007, Brasil, 76')

A partir de uma série de depoimentos reveladores, mergulha-se no universo dos travestis e desvenda-se uma realidade pouco conhecida, longe da glamurização e dos estereótipos. “A dor da beleza” é revelada através da figura da bombadeira, profissional conhecida no meio por mudar as formas de suas “pacientes” através de implantes clandestinos de silicone industrial. Um rito de passagem doloroso e dramático. Por vezes, a prática clandestina torna-se o único ou o mais acessível modo de se conseguir o corpo idealizado. E quem são, como vivem e o que desejam as travestis bombadas? Este universo simbólico de morte e de renascimento, em que um ciclo de vida se encerra para permitir o início de outro, é registrado por meio de comoventes e fortes relatos. Mostra-se o cotidiano da travesti, suas relações familiares e conjugais, os afazeres domésticos, a discriminação e a forte religiosidade que as acompanha por toda a vida, sempre em busca do desejado corpo feminino.

BIBLIOTECA MONTEIRO LOBATO (área externa) - 15/11 (sábado) - 20h30

Ela é um Garoto que Conheci / She's a Boy I knew (Gwen Haworth, 2007, Canadá, 70')

Recorrendo a entrevistas, divertidas cenas de animação, filmes caseiros e mensagens gravadas em correio de voz, a realizadora Gwen Haworth documenta sua mudança de sexo em parte através das vozes de parentes, amigos e a esposa, todos quase sempre ansiosos e preocupados. A estréia de Haworth em longa-metragem (já havia dirigido curtas ainda sob o nome de Steven) tenta mudar a representação do transexual no cinema, que geralmente é pontuada pela marginalidade. A autobiografia de Haworth é bem humorada, comovente e alto astral. O foco principal são as relações familiares, cujos laços se fortaleceram depois que preconceitos em relação a gênero e sexualidade foram superados. O extremo cuidado emocional e estético da cineasta resulta em uma obra honesta, inteligente e muito esclarecida. O documentário foi bastante premiado em seu país de produção: no Toronto Inside Out Lesbian and Gay Film and Video Festival deste ano, levou o prêmio do público de melhor documentário e uma menção honrosa como melhor filme ou vídeo canadense; no Festival de Cinema Internacional de Vancouver, ficou com os prêmios “Filme Canadense mais Popular” e “Mulheres em Filme”; e conquistou ainda o prêmio Leo (dedicado ao cinema e à TV) de melhor roteiro para documentário, programa ou série.


ESPAÇO UNIBANCO DE CINEMA SALA 1 - 14/11 (sexta-feira) - 16h50
ESPAÇO UNIBANCO DE CINEMA SALA 4 - 15/11 (sábado) - 17h20

Mulher-Vudu / Voodoo Woman (Carolina Valencia, 2008, Canadá, 50')

É preciso tomar cuidado com o que se deseja, pois os deuses podem tomar suas próprias decisões. Enquanto filmava em Cuba, o cineasta independente Carlos Valencia tomou contato com a religião afro-caribenha conhecida como Santería. O destino fez com que ele e sua câmera tivessem acesso sem precedentes a esse mundo oculto. E durante seu aprendizado para se tornar um padre, Carlos descobre que, apesar de se sentir confortável com sua aparência andrógina, os deuses da Santería não compartilham do sentimento. Este é o poderoso relato da mudança de sexo de Carlos/Carolina e de sua jornada espiritual em busca da própria sinceridade.

ESPAÇO UNIBANCO DE CINEMA SALA 4 - 16/11 (domingo) - 15h20
ESPAÇO UNIBANCO DE CINEMA SALA 4 - 18/11 (terça-feira) - 15h20

Programas de Curtas / Short Film Programs

Porta Retratos 1

Mrs. Janaina, "Eu sou aquilo que seus olhos vêem" (Flávio Lopes, 2008, Brasil, 9')

Este manifesto político em defesa da livre expressão sexual tem por subtítulo “Eu sou aquilo que seus olhos vêem”. Cearense do município de Canindé, Jaime tornou-se Janaína Dutra, advogada e primeiro travesti a portar uma carteira profissional da Ordem dos Advogados do Brasil. Como ativista política, é referência na luta por direitos humanos, fundadora da Associação de Travestis do Estado do Ceará e presidente da Articulação Nacional dos Transgêneros. Mostra-se aqui Janaína numa de suas últimas declarações públicas, falando sobre desejo, orientação sexual e androginia.

CINE OLIDO - 15/11 (sábado) - 15h00
AUDITÓRIO DO MIS - 20/11 (quinta-feira) - 14h15

Geni (Marco Gomes de Alencar, 2008, Brasil, 13')

Livre adaptação da canção “Geni e o Zepelin”, de Chico Buarque. Geni, uma travesti agredida e dominada pela população da cidade em que vive, é chamada para salvar a vida de seu maior desafeto: o próprio pai. Mesmo maltratada pela vida, ela acredita na reconciliação. Mas não há redenção.

CINE OLIDO - 15/11 (sábado) - 15h00
AUDITÓRIO DO MIS - 20/11 (quinta) - 16h15

Eu Sou Homem (Márcia Cabral, 2008, Brasil, 22')

Com o arrebatamento de um furacão, este documentário explica como perambular pelo mundo como homem tendo corpo e nome de mulher. Este é o universo transgressor de quatro homens transexuais, exibido sem censura, preconceito ou análise.

CINE OLIDO - 15/11 (sábado) - 15h00
AUDITÓRIO DO MIS - 20/11 (quinta) - 16h15

Tomba Homem (Gibi Cardoso, 2008, Brasil, 42’)

Tomba Homem é uma negra de 73 anos de idade, travesti desde a adolescência. Foi contemporânea de Madame Satã, Cintura Fina e Hilda Furacão. Soropositiva há 16 anos, ex-presidiária da Ilha Grande e ex-interna do Manicômio de Barbacena, sobreviveu a inúmeras brigas com a polícia e com os boêmios de Belo Horizonte nos anos 1950 e 60.

CINE OLIDO - 15/11 (sábado) - 15h00
AUDITÓRIO DO MIS - 20/11 (quinta) - 16h15

Porta-Retratos 2

Corpo Conforme, O (Letícia Marques, 2008, Brasil, 18’)

O filme apresenta a vida de transexuais female-to-male brasileiros, suas experiências e a relação com a vida social “tradicional”. Eles relatam sobre o processo de auto-descoberta e sobre as dificuldades em viver e trabalhar na sociedade brasileira. Dessa forma, discute-se o que é “gênero sexual” e como se dá a interação social dos transexuais. A diretora Letícia Marques também aponta a transexualidade como uma construção social.

CINE OLIDO - 19/11 (quinta-feira) - 17h00
AUDITÓRIO DO MIS - 21/11 (sexta-feira) - 16h15

Ser Mulher (Luciano Coelho, 2007, Brasil, 50')

Nascidas meninos, mas se sentindo meninas, quatro transexuais contam a história de suas vidas e as experiências e expectativas em relação à cirurgia de adequação sexual. Este documentário de média-metragem foi concluído pelos alunos da 8ª Oficina de Realização de Vídeo do Projeto Olho Vivo, que desenvolve em Curitiba pesquisas em construção dramática para o audiovisual.

CINE OLIDO - 19/11 (quinta-feira) - 17h00
AUDITÓRIO DO MIS - 21/11 (sexta-feira) - 16h15

Proibido para menores

Buckback Mountain (Lawrence Roberts, 2007, EUA, 97')

Fazendo já no título uma óbvia referência àquele famoso filme com Heath Ledger e Jake Gyllenhaal, este é o ótimo filme pornô estrelado pelo único e inconfundível Buck Angel, ator transgênero female-to-male homossexual (e com buceta). Quem já conhece ator e obra nunca esquece. Um dos mais conhecidos e bem pagos astros atuais do pornô gay, ele sem dúvida é o principal chamariz da fita – um tiozinho sarado, de cabeça raspada, cavanhaque ruivo e todo tatuado. Seu nome é “marca registrada”, ele dirige o estúdio Buck Angel Entertainment e foi escolhido o ator transexual do ano pelo AVN Awards 2007. Esta é a história de sexo proibido entre dois cowboys viris e o grande segredo que os une: um deles tem uma vagina, e ela é insaciável! Buck é uma força da natureza, mostre-lhe seu pau duro e esse homem com buceta vai lhe dar o melhor sexo que você já teve! Ele contracena com atores como Sean Steele, Lobo e Mylo Deren. Buck declara que realizou este filme a pedido dos amigos íntimos, que sempre foram grandes admiradores de seu trabalho. O astro percebeu que ele lhes devia um filme mais “hollywoodiano”. Veio-lhe à mente o drama de Ang Lee, um sucesso tão grande junto à comunidade gay que Buck logo imaginou que seus amigos adorariam vê-lo numa suruba com roupas de cowboy. Buck is back!


CINESESC - 14/11 (sexta-feira) - 22h00

Transbrasil @ Biblioteca

Outra tradição do Mix Brasil é a realização do Transbrasil no pátio da Biblioteca Monteiro Lobato. Este evento voltado para o público transexual e travesti acontece bem no coração do centro de São Paulo e é palco para encontros memoráveis. Este ano a sessão é dupla. Há a exibição do documentário carioca Bombadeira, de Luís Carlos Alencar, que apresenta ao espectador a figura-título, profissional que muda as formas de suas “pacientes” através de implantes clandestinos de silicone industrial. O título também integra o programa Retrato Falado: Transexuais Mostram Outra Face. E a cereja do bolo na exibição ao ar livre na biblioteca será a apresentação do videoclipe Atendimento, com Claudia Wonder, performer multimídia e amiga do Mix Brasil que sempre introduziu as sessões do Transbrasil.

ATENDIMENTO
Brasil, 2008
Direção: Francisco Garcia, Marcelle Dardenne
Produção: Gabriela Guimarães
Fotografia: Tiago Tambelli
Direção de Arte: Marcelle Dardenne
Figurino: Mariane Bonarde

Dia 15/11 (sábado)
Ás 20h30
Biblioteca Monteiro Lobato
Rua Gal. Jardim, 485 – V. Buarque
Entrada franca

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Dicas para ajudar você a retificar a sua documentação III


- INSS

Se você já trabalha de carteira assinada ou é autônomo, mas contribuí ou contribuiu com o INSS, significa que você tem PIS / PASEP / NIT, logo precisa retificar sua situação ante o INSS.

De posse do ofício do juiz para o INSS (de preferência, mas você pode tentar sem), certidão antiga e a retificada, RG antigo e o retificado, CPF antigo e o retificado, vá ao posto do INSS mais perto de você, dirija-se ao balcão de informações e pegue a senha para retificação de dados. A alteração deverá ser feita na hora e sem maiores problemas.

Informe ao atendente que os números dos documentos permanecem os mesmos, não há qualquer alteração na numeração dos anteriores para os retificados, assim você evita a abertura de um processo administrativo desnecessário.

Não é necessário ligar para o PrevFone e agendar antes.

Esse procedimento também pode ser feito por outra pessoa através de Procuração específica que o próprio INSS distribuí gratuitamente nas agências.

- PIS / PASEP

Após ir ao INSS, se você tem PIS ou PASEP, será necessário se dirigir à agência da Caixa Econômica Federal e retificar também os seus dados no respectivo banco, evitando assim problemas na hora de sacar, por exemplo, seu PIS. Vc deverá ir munido de RG, CPF, certidão de nascimento, mandado de averbação da certidão, e ofício do juíz para Caixa (se possível, mas você pode tentar sem). Vai preencher um formulário de atualização cadastral e aguardar cinco dias para ter a situação regularizada.

- FGTS

Quem tem FGTS, deve se dirigir a CEF onde tem conta e pedir que seja retificado, da mesma forma que o PIS / PASEP.

Caso informem que você deverá ir a cada empregador, essa informação está incorreta. A conta de FGTS é uma só, portanto apenas o empregador atual deverá retificar junto a Caixa. Os anteriores não são necessários, basta que a CEF reitfique no seu sistema.

- CARTEIRA DE TRABALHO (CTPS)

Se você já tiver carteira de trabalho, dirija-se a um posto do Ministério do Trabalho munido do ofício do juiz para o Ministério, RG, CPF, certidão de nascimento, foto 3x4 sem ser digital e carteira anterior, explique a situação e peça a segunda via.

Se você não tem, apenas leve o seu RG, foto 3x4 sem ser digital e peça uma primeira via.

É aconselhável fazer tal procedimento somente após regularizar com o INSS para evitar qualquer divergência na hora de conferir dados no sistema, uma vez que a CTPS possui atualmente dados diversos, visto que o sistema de emissão é integrado com o de outros serviços.

- CONTA EM BANCO

Vá ao banco onde você tem conta, e de posse de toda sua documentação retificada (inclusive certidão de nascimento), e de ofício do juiz ao Banco pedindo a retificação dos seus dados (de preferência, mas você pode tentar sem), dirija-se à gerência e apresente sua situação.

Caso você possua cartão de crédito veiculado a sua conta, peça ao gerente que atualize seus dados também junto ao cartão de crédito, porque ao contrário do que possa parecer os sistemas não se atualizam automaticamente.

Se o banco se negar a fazer, existem duas alternativas: judicial ou você pode sacar seu dinheiro, fechar a conta e abrir em outro lugar.


Continua...

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Pãe



Transexual que gerou um filho conta sua história em autobiografia

Por Sérgio Oliveira - 28/10/2008


O transexual Thomas Beatie eletrizou o mundo quando, em abril deste ano, anunciou que estava no sétimo mês de gestação. O caso foi notícia em todo o mundo, mas somente uma parte da saga de Thomas foi divulgada.

O papai trans de 34 anos nasceu mulher e aos 24 decidiu tornar-se homem. Fez tratamento com vários tipos de hormônios que elevaram seu índice de testosterona, além de fazer cirurgias para conseguir um físico masculino. Thomas já é padrasto dos 2 filhos de sua companheira e com a chegada do terceiro rebento da família, diz sentir-se um homem realizado.

Após o parto, ocorrido em julho, Thomas e sua cria deixaram de ocupar as manchetes. Contudo, ele escreveu uma autobiografia chamada "Labor of Love: The Story of One Man's Extraordinary Pregnancy" (ou "Trabalho de Amor: A História da Extraordinária Gravidez de um Homem"), que já está à venda no mercado gringo. O livro descreve com detalhes a gravidez de Thomas, sua infância problemática no Havaí, a sensação de ser um homem preso no corpo de uma mulher, o suicídio de sua mãe, os concursos de beleza que participou quando era mulher e sua jornada no mundo da artes marciais.

A narrativa impressiona, permitindo um íntimo olhar na vida de um transexual. A história em si é muito mais que uma gravidez singular, é uma bela história de um amor capaz de ultrapassar barreiras.

O livro ainda não tem tradução para português, mas pode ser importado.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O T do DNA


27/10/2008

Pesquisas identificam o gene da transexualidade

Por Sérgio Oliveira

Nascer menino tendo traços e vontades femininas é uma das características que definem a transexualidade (ou vice versa, menina tendo traços e vontades masculinas - nota do autor do blog). Agora, pesquisadores afirmam que a sensação de desconforto com relação ao próprio órgão genital pode ter explicação genética, assim como a própria homossexualidade.

Cientistas australianos conseguiram identificar um gene entre homens e mulheres transexuais que tem uma ligação essencial com o nível de testosterona no organismo. A análise de 112 DNAs mostrou que há genes que determinam a androginia, regulando de maneira incomum os níveis do hormônio masculino.

O estudo, feito no Instituto Príncipe Harley em Melbourne e liderado pelo cientista Vincent Harley, foi publicado na revista "Biologia Psiquiátrica". "Há um estigma de que a transexualidade é uma questão de escolha. Entretanto, a descoberta de bases biológicas de que isto não é verdade ajudará os transexuais a reafirmar sua condição e no desenvolvimento de outros estudos sobre o assunto", afirmou Harley.

Há décadas, a transexualidade tem sido debatida para chegar a um consenso de qual é a sua causa. Nesse meio tempo, trauma infantil, histórico na família e diversos fatores psicológicos foram suspeitos de serem os deflagadores. Contudo, Vincent Harley argumenta que a questão genética é uma das possibilidades, pois traumas de infância também poderiam gerar tipo de transexualidade que, também involuntária, diferencia-se da genética.

Fonte: http://mixbrasil.uol.com.br/mp/upload/noticia/4_59_69629.shtml

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Pesquisadores desvendam a próstata feminina


Quinta-feira, 31 de maio de 2007



Ao contrário do que se acreditava até recentemente, a próstata não é um órgão exclusivamente masculino. Estudos recentes indicam que a mulher também pode possuir a glândula, cujas características se aproximam das do homem. Pesquisas sugerem que a próstata feminina pode ser afetada pelas terapias de reposição hormonal ou pelo uso de anabolizantes, procedimentos que contribuiriam para o eventual desenvolvimento de tumores malignos.

“Apesar de novos, esses dados são importantes para orientar as abordagens voltadas para a preservação da saúde da mulher”, analisa o professor Hernandes F. Carvalho, do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, um dos coordenadores das pesquisas sobre a próstata feminina.

A descoberta da próstata feminina promete fomentar intenso debate entre a comunidade científica. Primeiro, porque toda novidade leva algum tempo para ser aceita e, conseqüentemente, absorvida. Segundo, porque as funções da glândula estariam relacionadas com dois tabus envolvendo a sexualidade da mulher.

De acordo com o professor Hernandes F. Carvalho, que também é coordenador do curso de Farmácia da Unicamp, os estudos preliminares indicam que o órgão estaria associado com a chamada ejaculação feminina. Além disso, também teria ligação com o Ponto G, zona erógena que, graças à concentração de terminações nervosas e vasos sangüíneos, estaria relacionada à estimulação sexual da fêmea da espécie humana. “Entretanto, essas expressões da glândula prostática feminina precisam ser investigadas com maior profundidade”, adverte o docente.

Descobertas vão fomentar debates entre cientistas

Hormônio – As pesquisas sobre a próstata feminina tiveram início com um estudo em torno de células cancerígenas presentes em órgãos do aparelho reprodutor da mulher. Os cientistas perceberam que algumas delas apresentavam características semelhantes às da próstata do homem. Ao investigarem mais detidamente os materiais celulares, por meio de técnicas específicas, os pesquisadores acabaram por identificar a existência da glândula.

O professor Hernandes F. Carvalho explica que, dependendo do ambiente ou situação hormonal durante a formação do feto, a mulher pode ter um maior desenvolvimento do órgão. “No homem, o desenvolvimento da próstata depende da testosterona, hormônio produzido pelos testículos em dois momentos distintos: durante a embriogênese e, depois, na puberdade. Na mulher, a glândula não se desenvolve por causa da ausência dessa substância. No entanto, se o ambiente hormonal for alterado por algum motivo, a pessoa do sexo feminino pode, sim, vir a desenvolver o órgão na idade adulta”.

Essa hipótese foi confirmada por pesquisas realizadas com o auxílio de modelos animais. A equipe do IB usou nos estudos um roedor denominado gerbilo, comum no deserto da Mongólia, país da Ásia. Cerca de 50% das fêmeas dessa espécie apresentam próstata. Ao alterarem o ambiente hormonal dos animais, por meio da administração de testosterona, os cientistas fizeram três constatações importantes.

Lesões – Primeiro, identificaram um aumento da glândula. Segundo, confirmaram preliminarmente a atuação funcional do órgão. Por último, detectaram o desenvolvimento de lesões pré-malignas. O estudo rendeu artigo que foi publicado numa das mais prestigiosas revistas internacionais da área da reprodução, a Biology of Reproduction.

Ao estabelecer uma associação desses resultados com a situação das mulheres, o professor Hernandes F. Carvalho lembra que algumas populações femininas têm o que os especialistas classificam de hiperandrogenismo. Mulheres com essa alteração hormonal apresentam naturalmente dosagens mais elevadas de testosterona. Uma das manifestações que acompanham o hiperandrogenismo é o hirsutismo, que consiste no crescimento de pêlos em áreas do rosto. Outra é o ovário poli cístico. “Mulheres com esses problemas devem merecer um cuidado especial por parte dos ginecologistas, pois podem vir a apresentar patologias ligadas ao desenvolvimento da próstata”, alerta o docente do IB.

A mesma atenção, prossegue o pesquisador, precisa ser dada às atletas que porventura façam uso de anabolizantes e aos transexuais do tipo mulher-homem. Estes últimos, após a cirurgia para a mudança de sexo, normalmente são submetidos a tratamentos hormonais complementares.

O mesmo é válido em relação às mulheres que lançam mão de terapias de reposição hormonal, procedimentos adotados comumente após a menopausa. O professor Hernandes F. Carvalho esclarece que, nesse tipo de abordagem, a mulher recebe dosagens de um precursor do estrógeno, hormônio feminino.

Acontece que este precursor, depois de ser absorvido pelo organismo, tanto pode se transformar em hormônio feminino quanto em masculino. “Na hipótese de receber uma dosagem excessiva de testosterona, a mulher também pode ter manifestações patológicas relacionadas ao desenvolvimento da próstata. Em outras palavras, nesses casos os médicos devem fazer uma investigação mais profunda para identificar a possível presença da glândula e de eventuais doenças a ela relacionadas”, insiste o especialista.

O docente do IB afirma que é possível que cânceres de cavidade abdominal constatados em mulheres possam ter relação com problemas prostáticos, mas que essa associação dificilmente é feita. Por conta disso, em alguns casos a causa da doença é classificada como desconhecida. Hernandes F. Carvalho revela que uma diferença fundamental entre a próstata feminina e a masculina está na estrutura da glândula. No homem, o órgão conta com uma espécie de cápsula que restringe a disseminação das células. Na mulher, essa proteção não existe, o que permite a livre disseminação das células tumorais na cavidade abdominal.

As pesquisas foram conduzidas pela equipe do IB em conjunto com Fernanda C. A. Santos, que realizou seu doutorado no Instituto, e do professor Sebastião R. Taboga, da Unesp de São José de Rio Preto. De acordo com Hernandes F. Carvalho, os estudos estão tendo continuidade, desta vez com a investigação sobre o balanço dos hormônios masculino e feminino no desenvolvimento das próstatas feminina e masculina. Parte dos trabalhos é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estão de São Paulo (Fapesp).

Glândula produz líquido seminal

Localizada logo abaixo da bexiga, envolvendo a uretra, a próstata masculina pesa entre 25 e 30 gramas e tem o formato de uma castanha. Sua consistência torna-se endurecida quando apresenta câncer. Tem por função produzir cerca de 70% do líquido seminal, substância fundamental para a vitalidade e transporte dos espermatozóides. No homem, o câncer de próstata atinge cerca de 10% dos indivíduos com mais de 50 anos e 50% dos que alcançam os 75 anos. O exame mais eficiente para a detecção da enfermidade é o toque retal. A possibilidade de ocorrência de uma glândula prostática feminina e sua dependência hormonal precisa ser considerada em mulheres com dosagens normalmente elevadas de andrógenos, que recebem tratamento baseado nessas drogas ou que apresentam ovário poli-cístico, elementos relacionados ao quadro de hiperandrogenia.

Fonte: Jornal da Unicamp

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

E a medicina caminha a passos largos...


22/10/2008 - 14h14

Cientistas geram próstata a partir de células-tronco de ratos

(embargada até as 15h de Brasília desta quarta-feira) Londres, 22 out (EFE) - Uma equipe de pesquisadores conseguiu gerar uma nova próstata a partir de células-tronco presentes nessa mesma glândula de ratos de laboratório, segundo explica em artigo publicado hoje pela revista científica britânica "Nature".

Os pesquisadores, da Genentech Inc, em San Francisco, descobriram que a próstata pode se regenerar normalmente nos roedores após repetidos ciclos de escassez e produção de andrógenos.

Após a descoberta, a equipe, liderada por Wei-Qiang Gao, constatou que existem células-tronco na próstata a partir das quais uma nova próstata pode ser gerada.

Devido ao "papel crítico" que estas células desempenham na manutenção da integridade do tecido prostático e sua potencial participação na origem de um tumor, os cientistas tentaram encontrar marcadores específicos que permitam localizá-las e diferenciá-las dos demais.

Mas, na maioria dos casos, também identificavam outro tipo de células.

No entanto, o marcador CD117 é capaz de detectar as populações de células-tronco adultas na próstata de ratos e permite, assim, aos cientistas isolá-las para que possam gerar uma nova glândula para um transplante "ao vivo".

Fonte: http://noticias.bol.uol.com.br/brasil/2008/10/22/ult1766u28428.jhtm

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Pesquisa com transexuais mostra preconceito contra mulheres no trabalho - Parte 2


A socióloga americana Kristen Schilt concluiu que homens que se submetem à cirurgia de mudança de sexo perdem salário e poder na carreira. Já as mulheres que assumem sua identidade masculina experimentam uma ascensão profissional.

Thiago Cid

Por outro lado, as mulheres transexuais freqüentemente não agüentam o preconceito e as agressões que sofrem durante o processo de transição de sexo. É o caso da militante transexual Carla Machado. Formada pela USP e com MBA em marketing, Carla largou o emprego de nove anos em uma multinacional por não agüentar a hostilidade no trabalho. Ela conta que, desde criança, sentia-se uma mulher e só se deu conta de que era um menino ao chegar à puberdade. Daí viveu um período que chamou de fase andrógina. Ela se vestia com roupas neutras e escondia a identidade feminina para conseguir terminar a faculdade e encontrar um emprego. Aos poucos, foi sentindo a necessidade de se libertar e começou a tomar hormônios. As mudanças, porém, não passaram despercebidas na empresa.

“Primeiro deixaram de me chamar para as reuniões semanais com a diretoria. Depois algumas colegas para quem eu contei minha situação espalharam a notícia. Eu sabia que o diretor de recursos humanos não queria que eu permanecesse na empresa. Fiz um acordo que me deu vantagens e fui embora. Eu não podia ficar lá”, afirma.

A hora de mudar de sexo

Um outro ponto detectado pelo estudo de Kristen Schilt foi que os homens transexuais fazem a transição de gênero em média 10 anos antes de as mulheres transexuais. As meninas geralmente vislumbram os privilégios de pertencer ao sexo masculino e mudam a aparência física ainda no final da adolescência ou durante a faixa dos vinte anos. Já os homens receiam perder o emprego, a independência financeira ou até mesmo magoar a família se assumirem sua identidade feminina. Muitos, por imposição da sociedade, chegam a se casar e ter filhos.

Helena, uma transexual que não prefere não revelar sua identidade, relatou que a decisão de assumir a transexualidade só veio aos 43 anos. Ela teve uma breve carreira militar, era casada e tem uma filha. A auto-repressão quase a enlouqueceu. Helena tinha medo de perder o emprego de artista plástica em uma grande produtora cultural. “Mas chegou um momento em que eu não pude mais agüentar. Ao mesmo tempo que ainda tenho um pouco de dificuldade em me aceitar, era uma violência comigo mesma negar que eu era uma mulher. As pessoas tomam um choque, mas tive a felicidade de minha família entender e de os colegas de trabalho aceitar”.

O desfecho de aceitação da história de Helena, no entanto, não reflete a maioria dos casos, apesar de não ser possível determinar o que é maioria, já que não há estatísticas sobre a população transexual. Nem estimativas. De acordo com a professora Berenice Bento, não há políticas públicas de proteção e inserção dos transexuais na sociedade. No site do Ministério do Trabalho há um programa chamado Brasil Raça e Gênero que afirma, em termos vagos, possuir ações para a inclusão dos transexuais no mercado de trabalho. Ao ser solicitada, a assessoria do Ministério informou que, apesar de tais medidas constarem no programa, nenhuma ação ou política foi estabelecida. A Secretaria Especial de Direitos Humanos também não tem programas específicos para transexuais. O Ministério Público do Trabalho não tem números sobre os processos por preconceitos contra transexuais no mercado de trabalho.

O preconceito contra transexuais

A escassez de dados ajuda a deixar ainda mais distante das vistas da sociedade a situação dos transexuais, que, segundo Berenice, é “absolutamente trágica”. A inserção no mercado formal é baixíssima. Em sua tese de doutorado, a professora analisou um grupo de 20 transexuais de diferentes classes sociais escolhidas aleatoriamente. Das 20, apenas uma havia entrado na faculdade e, mesmo assim, não tinha conseguido concluir os estudos por conta do preconceito.

O cenário para as transexuais, no entanto, é de ligeira melhora, afirma a militante Carla. A principal razão é a recente decisão do Ministério da Saúde de incluir a cirurgia de mudança de sexo na lista de procedimentos pagos pelo SUS. A transferência das ações do Ministério para a área da saúde da mulher agradou as transexuais, que querem ter o reconhecimento de que não são homens que se vestem de mulher, mas mulheres de fato. Mas a evolução ainda é insuficiente na opinião da socióloga Berenice Bento, que vê no Estado o principal agressor das transexuais por causa da ausência de políticas públicas e da ação violenta da polícia. “Se faltam diretrizes básicas para a proteção física das transexuais, pensar em inserção no mercado de trabalho é algo muito distante”, diz.

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI15117-15279-2,00-PESQUISA+COM+TRANSEXUAIS+MOSTRA+PRECONCEITO+CONTRA+MULHERES+NO+TRABALHO.html

domingo, 19 de outubro de 2008

Pesquisa com transexuais mostra preconceito contra mulheres no trabalho- Parte 1


A socióloga americana Kristen Schilt concluiu que homens que se submetem à cirurgia de mudança de sexo perdem salário e poder na carreira. Já as mulheres que assumem sua identidade masculina experimentam uma ascensão profissional


Thiago Cid - 17/10/2008 - 22:55 - Atualizado em 18/10/2008 - 11:25

Cansada de tentar detectar o preconceito de gênero no ambiente de trabalho, a socióloga Kristen Schilt, da Universidade de Chicago, teve uma idéia para demonstrar como o sexo influencia a evolução da carreira e a folha de pagamento dos funcionários. Em parceria com o economista Matthew Wiswall, da Universidade de Nova York, ela usou as experiências de transexuais em seus ambientes de trabalho antes e depois da mudança de sexo. Com esse método ousado, ela tentou diminuir um dos principais problemas para estudar as discriminações relacionadas ao sexo: o fato de que elas, geralmente, são encobertas por outras justificativas, como formação ou critérios de desempenho e comprometimento. Segundo a pesquisadora, seu estudo permitiu comparar a situação de pessoas com exatamente o mesmo capital humano, porém de sexos diferentes.

Dentro de sua pesquisa, Kristen esbarrou em outro assunto mais polêmico e desconhecido do que a discriminação em relação às mulheres e que passou a ser seu foco principal: como é o ambiente de trabalho para os transexuais? Segundo a Organização Mundial de Saúde, a transexualidade um transtorno de identidade e se manifesta pelo desejo de viver e ser aceito como uma pessoa do sexo oposto àquele do nascimento. As pessoas transexuais, no entanto, acham ofensiva essa designação e contestam o uso do termo transtorno. Esse conflito entre o cérebro e o corpo tem início na gestação, quando a programação sexual do cérebro - que ocorre antes da formação dos órgãos sexuais - não corresponde ao sexo biológico. As estimativas são que um em cada 30 mil homens e uma em cada 100 mil mulheres têm esse conflito de identidade.

As conclusões da pesquisa de Kristen Schilt evidenciam, em parte, o óbvio. Segundo seu estudo, o ambiente de trabalho, assim como qualquer outro meio social, é um ambiente hostil. Mas outras percepções desafiam o senso comum e mostram o privilégio que o gênero masculino pode ter no mercado de trabalho.

Com base no relato de mulheres transexuais - que nasceram com o sexo biológico masculino, mas têm identidade feminina - e dos homens transexuais - que nasceram com o sexo feminino, mas têm identidade masculina -, a socióloga americana descobriu que, em média, as "novas" mulheres, homens que submeteram a uma cirurgia de troca de sexo, tiveram perdas de salário e de autoridade. Já os "novos" homens relataram um pequeno acréscimo nos rendimentos e mais autoridade entre os colegas.

Kristen exemplifica a situação com o caso do neurobiologista Ben Barres, da Universidade de Stanford. Ben nasceu Barbara e já tinha uma carreira acadêmica de sucesso quando decidiu fazer a transição de gênero. Ele relatou que certas pessoas que não souberam de sua mudança afirmaram que ele era muito melhor que sua irmã, Barbara. Para Kristen, o depoimento do neurobiologista é sintomático da visão machista no mercado de trabalho e ilustra os benefícios que os homens transexuais eventualmente podem ter.

A conclusão vai ao encontro da percepção da socióloga Berenice Bento, da UnB, autora dos livros A (re)invenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual e O que é transexualidade. Berenice afirma que, baseada nas pesquisas brasileiras, não é possível constatar os ganhos materiais dos homens transexuais, mas quase todos relatam um ganho subjetivo: liberdade. Segundo a socióloga brasileira, essa liberdade seria traduzida em aspectos do comportamento masculino. “É uma obrigação menor com a aparência, poder ter um certo desleixo para se vestir, poder andar sozinho à noite”, diz.

Continua...


segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A exclusão social



Vivemos na era da inclusão. Somos bombardeados por todo tipo de campanha que faça valer o diferente, mostrando que aquele que não é o comum para a maioria, também tem, como todos, direito ao seu lugar.

Curiosamente, recentes acontecimentos advindos de representantes da educação, vem demolir toda essa campanha de inclusão.

Em dois momentos distintos, indivíduos que foram retificar seus respectivos diplomas ou certificados, seja na escola onde estudaram ou, pasmem, na Secretaria de Educação de seu Estado, foram tratados com desrespeito e discriminação.

Em um momento, a escola se negou a cumprir o ofício do juiz que pedia a retificação sem fazer menção ao estado anterior. Após inúmeros desconfortos, negativas do jurídico da escola em conversar com o postulante, ele teve o desprazer de ver escrito atrás do seu diploma que Fulano era Fulana que cursou, etc, isso contrariando o ofício do juiz. Após insistência, apenas conseguiu resolução depois de dizer de forma clara que pediria não um ofício, mas um mandado do juiz para que tal situação fosse regularizada.

Em outra ocasião, mais absurda, ocorrida dentro de uma Secretaria de Educação, a advogada da parte foi maltratada pela advogada da Secretaria, visto que por não saberem como agir, foi necessário abrir um processo administrativo, passando também por cima, do um ofício de um juiz. A referida representante legal da Secretaria foi abusiva e se referiu à situação de forma agressiva e discriminatória, dizendo que era absurdo não haver menção nenhuma ao estado anterior, que se tratava de uma mulher que dizia ter virado homem, que isso não era normal, e que ela achava o pedido do juiz errado. Levantou a suspeita inclusive, de forma velada, de que o ofício do juiz fosse falso.

Mas uma outra forma de desrespeito absurda também ocorreu por parte de educadores ou pessoas ligadas à educação.

Em terceiro momento mundo educacional bizarro, uma universidade no Sul retirou a bolsa de pesquisa de dois alunos trans, porque não achavam locais onde mandariam os alunos para efetuarem as pesquisas, visto que eles tinham necessidades “especiais”. Locais estes, onde eles pudessem causar menos constrangimento as pessoas. A desculpa vai além dizendo que eles tinham rendimento abaixo do esperado, quando na verdade, estavam rotineiramente entre os primeiros da classe. O mais bizarro é que o MP, em denúncia feita pelos alunos, acatou o pedido do reitor / coordenador.

Pergunto-me então: inclusão social? !

De onde se espera cultura, a busca pela verdade e pelo saber, se encontra retrocesso, ignorância, e EXCLUSÃO social. Vergonhosamente constato que toda a propaganda em torno da inclusão resume -se a promessas vazias de candidatos de hoje, ontem e amanhã. A projetos sociais fabricados, para novamente iludir os ditos incultos, e por conseqüência, mais manipuláveis.

Não é possível se exigir educação e cultura de uma população com tantas dificuldades como o povo brasileiro, quando aqueles que deveriam zelar por esses conceitos, promovendo a integração, buscando desenvolver o indivíduo, dando subsídios a ele para se sentir incluído, e dessa forma se tornar parte do desenvolvimento coletivo com experiências únicas, simplesmente ignora e usa de formas abusivas para excluir.

E discriminar, sim. Aberta ou velada, discriminação é exclusão.

Quando se ouve insultos da boca de alguém dito boçal, logo pensamos “Ah é um ignorante, não entende nada.” E quando as palavras vêm daqueles que lidam com educação no seu dia a dia, e dizem, primar pela manutenção e propagação da mesma?

O que dizer? !

“Tais situações não são regra, mas lamentáveis exceções que ocorrem e não representam a idéia educacional proposta, bla, bla, bla.”

Que tal mais verdade e menos discursos vazios?

Eu, na minha ignorante opinião, só posso dizer que, em um país onde as representações acadêmicas, e seus respectivos órgãos, parecem ser, na sua maioria, excludentes e preconceituosos, temos, de fato, um Estado sem futuro.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Projeto em São Paulo usa filme para discutir no sábado a transexualidade


Por Hélio Filho - 08/10/2008

Já em sua quarta edição, o projeto “Olhares sobre a juventude” chega no próximo sábado, 11, a partir das 15 horas, à Biblioteca Viriato Corrêa, na Vila Mariana, em São Paulo. O objetivo da iniciativa é incentivar os jovens a discutirem questões como, por exemplo, sexualidade, preconceito, drogas e relações entre pais e filhos. O projeto é realizado por uma parceria entre as bibliotecas públicas Viriato Corrêa e Roberto Santos e a Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual (CADS).

“Olhares sobre a juventude” usa sempre um filme como ponto de partida para a discussão entre os adolescentes. No sábado, “Minha vida em cor-de-rosa” será exibido. O filme que conta a história de um menino que pensa ser uma menina vai abrir espaço para um debate sobre temas como a transexualidade, as relações familiares e a descoberta de si mesmo.

Uma palestra da psicóloga do Centro de Referência em Direitos Humanos de Prevenção e Combate à Homofobia, Carolina Rodrigues de Carvalho, promete enriquecer a conversa. O evento é gratuito e aberto. Esse encontro, inclusive, é dinâmico e vai sendo guiado pelos próprios jovens conforme suas perguntas. A Biblioteca Viriato Corrêa fica na Rua Sena Madureira, 298 - Vila Mariana.

Meu eu secreto / My secret self - 3 de 5

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Dúvidas sobre a normalidade


Porque nós incomodamos tanto vocês, os que se julgam “normais”?

Porque vocês se acham no direito de nos julgar, humilhar e rechaçar?

Porque a nossa sexualidade é motivo de ódio para vocês?

Porque meu corpo e o que fazemos dele é mais importante do que nosso caráter ou capacidade?

Porque o seu Deus é aquele que pune e segrega e o nosso é aquele que deposita em nós as responsabilidades de nossos atos, mas que também nós diz para amar - nos uns aos outro independente de qualquer diferença?

Porque vocês acham que somos anormais, aberrações, erros?

Onde está escrito que temos menos valia por sermos diferentes em algum momento?

Onde está escrito que devemos ser tratados com desrespeito pela nossa situação de vida?

Onde está escrito que vocês podem apontar, rir com desdém?

Somos belos e únicos nas nossas imperfeições, e nas nossas qualidades. Somos filhos do seu Deus, força, energia, ou nada, mas fruto de uma mesma evolução. A verdadeira inadequação não está no que se diferencia, mas naquele que aponta e destrói e se esquece de encarar seu próprio reflexo no espelho. A diferença nos une e nos faz maiores e melhores; ela soma as suas experiências com as nossas e leva a sociedade a repensar, refletir e aprender a respeitar.

Choramos, suamos, ganhamos, perdemos, amamos tanto quanto vocês. Sangramos tanto quanto vocês, “normais”, mas talvez a diferença é que nosso sangue é vermelho vivo pela coragem de sermos quem somos, ele pulsa em nós, nos impulsiona a sermos de fato nosso verdadeiro eu, sem máscaras, abertos ao mundo. Ao seu mundo “normal” e excludente.

E não adianta. Nós estamos aqui, sempre estivemos, do seu lado, silenciosos, barulhentos, mas nos existimos na sua tão “perfeita” existência.

Não queremos benesses nem prêmios, tapetes vermelhos ou aplausos, apenas respeito. E quem sabe, talvez, um dia vocês aprendam que normal é saber buscar a sua felicidade.

Meu eu secreto / My secret self - 2 de 5

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Meu eu secreto / My secret self 1 de 5

Meu eu secreto é o título de uma série de repotagens que foram ao ar em abril de 2007 no programa 20/20 da rede de tv americana ABC, e que acompanha a emocionante história de crianças e adolescentes transexuais, e suas interações com família, sociedade, os desejos, os medos, perspectivas e conquistas.

Não conhecia essa série de reportagens e os descobri visitando o blog A Inserida (ver links).

Os vídeos que postarei aqui estão em inglês, mas nossa irmã do blog A Inserida está gentilmente disponibilizando os mesmos vídeos com legendas para que mais pessoas tenham acesso a essas fascinantes histórias de vida.

Algumas vezes, ao tentar visualizar os vídeos no blog, eles demoraram demais para carregar. Caso eles não carreguem, ou você não consiga visualizar, segue abaixo o link para os vídeos no You Tube.

Crônica sobre o corpo feminino


Um amigo do grupo do yahoo, ftm brasil, nos repassou essa crônica de autor que ele desconhece, mas que achou interessante sobre a forma feminina.

E eu, idem.

Talvez não concorde com tudo, como a parte de que estilistas são na sua maioria gays, e que por odiarem o corpo feminino, fazem roupas para mulheres sem forma, quase sem vontade. Creio que seja apenas um padrão vigente, que de tempos em tempos muda. Na verdade, pena que as pessoas se prendam tanto a eles, e pautem suas vidas cotidianas assim.

Mas, não restam dúvidas, o autor é bem direto, e creio eu, real.

O que isso tem haver com ser um homem trans? Talvez tudo, talvez nada.

Aproveito e peço licença aos meus irmãos de causa que sejam gays. Não tomem isso como exclusão, é apenas uma opinião.

Caso alguém saiba o nome do autor ou fonte, por favor me avise que disponibilizo aqui. Assim como se o autor quiser que seja retirado do blog, basta igualmente, entrar em contato.

"Não importa o quanto pesa. É fascinante tocar, abraçar e acariciar o corpo de uma mulher. Saber seu peso não nos proporciona nenhuma emoção.

Não temos a menor idéia de qual seja seu manequim. Nossa avaliação é visual, isso quer dizer, se tem forma de guitarra... está bem. Não nos importa quanto medem em centímetros - é uma questão de proporções, não de medidas.

As proporções ideais do corpo de uma mulher são: curvilíneas, cheinhas, femininas... . Essa classe de corpo que, sem dúvida, se nota numa fração de segundo. As magrinhas que desfilam nas passarelas, seguem a tendência desenhada por estilistas que, diga-se de passagem, são todos gays e odeiam as mulheres e com elas competem. Suas modas são retas e sem formas e agridem o corpo que eles odeiam porque não podem tê-los.

Não há beleza mais irresistível na mulher do que a feminilidade e a doçura. A elegância e o bom trato, são equivalentes a mil viagras.

A maquiagem foi inventada para que as mulheres a usem. Usem! Para andar de cara lavada, basta a nossa. Os cabelos, quanto mais tratados, melhor.

As saias foram inventadas para mostrar suas magníficas pernas.. Porque razão as cobrem com calças longas? Para que as confundam conosco? Uma onda é uma onda, as cadeiras são cadeiras e pronto. Se a natureza lhes deu estas formas curvilíneas, foi por alguma razão e eu reitero: nós gostamos assim. Ocultar essas formas, é como ter o melhor sofá embalado no sótão.

É essa a lei da natureza... que todo aquele que se casa com uma modelo magra, anoréxica, bulêmica e nervosa logo procura uma amante cheinha, simpática, tranqüila e cheia de saúde.

Entendam de uma vez! Tratem de agradar a nós e não a vocês. porque, nunca terão uma referência objetiva, do quanto são lindas, dita por uma mulher. Nenhuma mulher vai reconhecer jamais, diante de um homem, com sinceridade, que outra mulher é linda.

As jovens são lindas... mas as de 40 para cima, são verdadeiros pratos fortes. Por tantas delas somos capazes de atravessar o atlântico a nado. O corpo muda... cresce. Não podem pensar, sem ficarem psicóticas que podem entrar no mesmo vestido que usavam aos 18. Entretanto uma mulher de 45, na qual entre na roupa que usou aos 18 anos, ou tem problemas de desenvolvimento ou está se auto-destruindo.

Nós gostamos das mulheres que sabem conduzir sua vida com equilíbrio e sabem controlar sua natural tendência a culpas. Ou seja, aquela que quando tem que comer, come com vontade (a dieta virá em setembro, não antes; quando tem que fazer dieta, faz dieta com vontade (não se saboteia e não sofre); quando tem que ter intimidade com o parceiro, tem com vontade; quando tem que comprar algo que goste, compra; quando tem que economizar, economiza.

Algumas linhas no rosto, algumas cicatrizes no ventre, algumas marcas de estrias não lhes tira a beleza. São feridas de guerra, testemunhas de que fizeram algo em suas vidas, não tiveram anos 'em formol' nem em spa... viveram! O corpo da mulher é a prova de que Deus existe. É o sagrado recinto da gestação de todos os homens, onde foram alimentados, ninados e nós, sem querer, as enchemos de estrias, de cesárias e demais coisas que tiveram que acontecer para estarmos vivos.

Cuidem-no! Cuidem-se! Amem-se!

A beleza é tudo isto."

terça-feira, 30 de setembro de 2008

A transexualidade adolescente já não é tabu - Holanda e Espanha recebem pacientes a partir de seis anos


30/09/2008


Isabel Ferrer

Haia (Holanda)

Como você reagiria se o obrigassem a viver como um homem quando se sente uma mulher, ou vice-versa? Há um filme norte-americano de 1999, 'Meninos não Choram', no qual uma garota (interpretada por Hillary Swank) se faz passar por um rapaz. Baseado em fatos reais, acaba de forma trágica quando um dos amigos reclama ter sido enganado por uma transexual. Seu caso é extremo, mas o filme ilustra uma sensação que pode ser experimentada em qualquer idade, como demonstra o fato de que os especialistas recebem pacientes cada vez mais jovens, até de seis anos de idade.

A explicação para a aparente precocidade dos menores que se sentem em um corpo estranho é dúbia. Por um lado, e ainda que o Catálogo de Doenças Mentais da Espanha continue incluindo os transexuais, as confusões sobre sua condição são cada vez menores. O aumento da informação ilustra o outro lado, com um ponto de virada na Holanda, no final do século passado. Um erro induziu a pensar que crianças a partir dos 12 anos eram operadas em Amsterdã, e muitas famílias buscaram ajuda. 'Claro que não havia esse tipo de operação, mas quando comecei há duas décadas, meus pacientes tinham 16 e 17 anos. Hoje há menos tabu e mais informação e eles chegam com 12 ou 13 anos. De toda maneira, a idade é o de menos. Todos asseguram que sabiam desde muito cedo que viviam no corpo errado', diz Peggy Cohen, psicóloga clínica holandesa do Hospital da Universidade Livre de Amsterdã (que tem uma disciplina de Transexualidade e uma de Clínica do Gênero) e especialista em adolescentes transsexuais .

'Damos apoio psicológico às crianças pequenas, de 6 ou 8 anos, e a seus pais, e acompanhamos sua evolução de perto. Nessa idade é preciso descartar diferentes patologias, e comprovar se os gêneros são confundidos ao brincar ou se relacionar. O fato de uma menina jogar bola ou um menino brincar de boneca é bastante conhecido e nada problemático. Quando o desejo de mudar permanece, entre os 14 e 16 anos, podemos optar por administrar hormônios reversíveis. Temos 80 pacientes nessa fase e ninguém se arrependeu'.

Este protocolo clínico consiste em interromper a aparição dos caracteres sexuais secundários para dar-lhes tempo de amadurecer seus sentimentos em relação a viver num corpo estranho. No caso dos meninos, a voz não ficará mais grave, nem nascerá barba. No caso das meninas, não ficarão menstruadas nem desenvolverão seios. 'Os meninos podem ser muito femininos e as meninas mais masculinas, mas de modo geral é uma época ambígua, e a moda, com suas roupas e cabelos parecidos, os ajuda a passar melhor por esse período. Os exames são contínuos, tanto do ponto de vista psicológico quanto físico. Se mudam de opinião, paramos com os hormônios e tudo volta a seu lugar. Se persistem, passamos a um tratamento definitivo, entre os 18 e 19 anos, com testosterona (hormônio masculino) para as meninas. Os meninos tomam estrógenos (hormônio feminino)', continua a médica. A fase final, por volta dos 20 anos, é a cirurgia.

Na Espanha, a endocrinologista Isabel Esteva de Antonio, do Hospital Universitário Carlos Haya, de Málaga, tratou cerca de 770 pessoas desde 1999. Destas, cerca de 60 tinham entre 14 e 18 anos. Havia quatro menores de 14 anos. Cerca de 20% desses adolescentes evoluíram para a transexualidade. 'A masculinização de uma menina é mais bem aceita do que o contrário, mas o ambiente conta muito. Se a família e a escola apóiam, irão adiante. Porque a mudança não é só a operação. É também social e de gênero. Eles têm que viver o outro lado, e ainda que desde 2007 a lei modifique o documento de identidade a partir de um diagnóstico firme e dois anos de tratamento, há problemas de abandono escolar e de trabalho', assegura.

Juana Martínez, psicóloga clínica do mesmo centro, enfatiza a necessidade de 'reforçar outros aspectos da vida do adolescente para que este não seja o eixo central. Não se trata de um transtorno mental e sim de um desejo, mas sua angústia pode chegar a ser paralisante. A mudança de gênero, quando eles persistem, é uma forma de seguir com a vida sem ansiedade'. Até hoje, também não houve arrependimentos em seu hospital.

A operação que lhes dará a aparência que desejam supõe, para os homens, a castração e a atrofia da próstata, além da criação de uma vagina artificial. As mulheres perdem o útero e os ovários e é criado um micro pênis a partir da hipertrofia do clitóris com hormônios masculinos. Outra opção é a faloplastia, na qual retira-se tecido do abdômen, coxa ou braço para criar um pênis que é implantado no púbis. 'Na Holanda, os 80 adolescentes seguem adiante. Ao todo, a clínica tratou 350 pacientes. Temos uma lista de espera e preferimos pacientes holandeses, porque é essencial comunicar-se com eles e prepará-los para uma vida com desafios', diz a médica Cohen.

Seus críticos são outros especialistas que não aprovam receitar hormônios na puberdade e prefeririam um tratamento psíquico. 'Há também grupos cristãos tradicionais que queriam fechar o serviço, que é apoiado pelo Parlamento holandês'. A equipe de Esteva também é reprovada 'por elementos religiosos integralistas que continuam pensando que um transexual é um desviado'. Essa pressão não reduz em absoluto o fluxo de pacientes. Em Málaga, eles chegam de outras comunidades autônomas, incluindo imigrantes legais e muçulmanos, estes últimos com problemas de consciência por causa da rejeição de sua comunidade.

Não é um problema psiquiátrico e por isso o grupo quer sair do Catálogo de Doenças Mentais, onde a condição está registrada hoje.

Holanda, Canadá, Suécia, Itália, Estados Unidos, Bélgica, Reino Unido e Alemanha contam com centros especializados. Na Espanha o pioneiro é o de Málaga. Também há unidades em diversas fases de desenvolvimento em Astúrias, Catalunha, Madri, Valência e Extremadura.

Tradução: Eloise De Vylder

Visite o site do El País

Fonte: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2008/09/30/ult581u2813.jhtm

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Reportagem Época SP




O link ao final desse texto é para uma reportagem que saiu essa semana na Época São Paulo. Não é sobre ftms diretamente, mas nos afeta de alguma forma também.

A reportagem mostra algumas mtfs, no aguardo para serem chamadas pelo Hospital das Clínicas de São Paulo, e sobre a situação SUS.

Eu, na minha burrice burocrática, continuo indagando por que o SUS, que a princípio irá se utilizar dos serviços já existentes, simplesmente não destinou verba complementar as que são usadas à título de pesquisa pelas faculdades.

Até onde sei, o SUS nunca pagou, ou fez repasse algum a qualquer intervenção que já tenha sido feita nos serviços, salvo algumas esporádicas por decisão judicial.

Os serviços não são pefeitos e também tem sua cota de absorção, e claro os velhos entraves internos comuns a qualquer situação tabú.

Mas ainda assim, por que não destinar uma verba que possibilitasse a ampliação dos locais já existentes, além de estimular a formação de novos serviços de referência? Os profissionais já inseridos e familiarizados com a situação, poderiam capacitar outros realmente interessados, com vistas a abrir novas frentes de atendimento.

Acho que tal situação poderia, também, promover um intercâmbio com profissionais estrangeiros com mais tempo de prática, afim de gerar uma troca de conhecimentos, e melhorar a qualidade técnica dos profissionais envolvidos.

Perdoem-me quem acha isso a tábua de salvação. Ok eles reconhecem que transexuais existem, através do Processo Transexualizador, mas não confio no SUS.

Não posso confiar em um sistema de saúde onde as pessoas morrem nos hospitais sem atendimento, onde os repasses não são feitos, onde cirurgias de menor porte são trocadas, assim como que por engano.

"Ops, foi mal, trocamos um joelho por um útero e dois ovários!"

E por favor não me venham com "Porque existem coisas mais graves a serem resolvidas." De fato existem coisas mais graves, e coisas menos graves também que deveriam ter a igual atenção e suporte. Não ficar a mercê de uma roleta de quem vai agora, quem vai depois. A questão não é o que é mais importante, mas a deficiência de atendimento desde o mais básico até o mais complexo.

Numa nota pessoal, já perdi duas pessoas queridas por mal atendimento no SUS, e eu mesmo já fui mal atendido, e olha que não teve nada haver com transexualidade, por profissionais do SUS.

Vai ver funcionará tal qual foi-me dito por uma médica: eu não sei de nada que acontece ali, e devo ficar sentadinho, de boca calada, esperando minha vez... ainda que passassem na minha frente.

Nessa aí estou igual São Tomé: Só vendo pra crer.

sábado, 27 de setembro de 2008

Schwarzwald: The Black Party - Transexual masculino * é personagem de documentário



Por Redação

Publicado em 26/9/2008 às 10:26

O ator e produtor pornográfico, Buck Angel, desafia todas as convenções. Transexual, chegou a trabalhar como modelo antes da cirurgia de readequação sexual."Olá, sou Buck Angel, o homem com vagina." Apresenta-se o ator em seu site pornô. Atualmente, Buck faz performances em casas noturnas com previsão de passagem pelo Brasil.

Com cerca de 30 filmes lançados, sua produtora, sediada na cidade de Yucatã, no México, foi criada para tratar de um assunto que o próprio mercado pornográfico desconhecia: o transexual FtM (female to male). No começo de sua carreira como ator pornô, Buck afirma que a indústria queria mostrá-lo como uma atração de circo. "Buck, vamos fazer um filme em que te apresentamos como Buck, o Animal do Circo" ofereceram os empresários de uma produtora. Embora o dinheiro que tivessem oferecido fosse considerável, Buck não aceitou para não perder a dignidade.

A partir de então, começou a produzir os próprios filmes. A principio filmava a si mesmo com uma câmera amadora, depois passou a contratar operadores de câmera e por fim, a criar cenários e elaborar o roteiro. Hoje, produz cerca de dois filmes por ano tendo sido premiado como “Transsexual Performer of the Year 2007”.

Para Buck, se não há química sexual entre ele e os atores, prefere não fazer a cena. “Nunca finjo, tenho mesmo prazer nos filmes em que apareço. Se o meu parceiro não me agrada e se não existe energia sexual entre nós, não o contrato, porque o resultado seria falso”, afirma.

“Nasci mulher e vivi grande parte da minha vida como mulher. Era uma "maria-masculina". Só queria andar de calças, jogar futebol, fazer coisas de menino. Por isso, tive muitos problemas com drogas e álcool na adolescência. Não era feliz. Mas naquela época ninguém falava de transexualidade. Como era mulher e me sentia atraído por mulheres, achavam que era lésbica. Acho que nunca morri porque estava destinado a contar a história da minha vida e a poder ajudar outras pessoas com o mesmo problema.”O ator descobriu a possibilidade de mudança de sexo através de um documentário que assistia com um amigo. “Estava no cinema com um amigo e de repente uma mulher transforma-se em homem. Pensei: Como é que nunca ninguém me disse que isto era possível?".

Após dois anos de tratamento hormonal, Buck fez a cirurgia para remover os seios, mas nunca pensou em fazer a cirurgia para mudança de sexo. “Não preciso de ter um pênis para ser um homem. O que importa é a forma como me sinto em relação a mim, não a forma como os outros acham que devo parecer ou devo me sentir. Se tivesse feito a operação, não a estaria a fazer por mim. Seria só para mostrar aos outros. Todos os homens que sentem desconforto com a minha imagem estão apenas a pensar naquilo que tenho entre as pernas, em mais nada."Buck Angel é o personagem principal do curta-metragem Schwarzwald: The Black Party, de Richard Kimmel, que passa hoje, às 23h45, no Cinema São Jorge, no Queer Lisboa, festival de cinema gay e lésbico.

Veja o trailler do filme aqui: http://www.youtube.com/watch?v=K4h4JYAvpuM



* Nota: Na verdade Buck é um transexual feminino, alguém que transiciona do gênero feminino para o masculino. Ou seja, um homem transexual.