Vivemos na era da inclusão. Somos bombardeados por todo tipo de campanha que faça valer o diferente, mostrando que aquele que não é o comum para a maioria, também tem, como todos, direito ao seu lugar.
Curiosamente, recentes acontecimentos advindos de representantes da educação, vem demolir toda essa campanha de inclusão.
Em dois momentos distintos, indivíduos que foram retificar seus respectivos diplomas ou certificados, seja na escola onde estudaram ou, pasmem, na Secretaria de Educação de seu Estado, foram tratados com desrespeito e discriminação.
Em um momento, a escola se negou a cumprir o ofício do juiz que pedia a retificação sem fazer menção ao estado anterior. Após inúmeros desconfortos, negativas do jurídico da escola em conversar com o postulante, ele teve o desprazer de ver escrito atrás do seu diploma que Fulano era Fulana que cursou, etc, isso contrariando o ofício do juiz. Após insistência, apenas conseguiu resolução depois de dizer de forma clara que pediria não um ofício, mas um mandado do juiz para que tal situação fosse regularizada.
Em outra ocasião, mais absurda, ocorrida dentro de uma Secretaria de Educação, a advogada da parte foi maltratada pela advogada da Secretaria, visto que por não saberem como agir, foi necessário abrir um processo administrativo, passando também por cima, do um ofício de um juiz. A referida representante legal da Secretaria foi abusiva e se referiu à situação de forma agressiva e discriminatória, dizendo que era absurdo não haver menção nenhuma ao estado anterior, que se tratava de uma mulher que dizia ter virado homem, que isso não era normal, e que ela achava o pedido do juiz errado. Levantou a suspeita inclusive, de forma velada, de que o ofício do juiz fosse falso.
Mas uma outra forma de desrespeito absurda também ocorreu por parte de educadores ou pessoas ligadas à educação.
Em terceiro momento mundo educacional bizarro, uma universidade no Sul retirou a bolsa de pesquisa de dois alunos trans, porque não achavam locais onde mandariam os alunos para efetuarem as pesquisas, visto que eles tinham necessidades “especiais”. Locais estes, onde eles pudessem causar menos constrangimento as pessoas. A desculpa vai além dizendo que eles tinham rendimento abaixo do esperado, quando na verdade, estavam rotineiramente entre os primeiros da classe. O mais bizarro é que o MP, em denúncia feita pelos alunos, acatou o pedido do reitor / coordenador.
Pergunto-me então: inclusão social? !
De onde se espera cultura, a busca pela verdade e pelo saber, se encontra retrocesso, ignorância, e EXCLUSÃO social. Vergonhosamente constato que toda a propaganda em torno da inclusão resume -se a promessas vazias de candidatos de hoje, ontem e amanhã. A projetos sociais fabricados, para novamente iludir os ditos incultos, e por conseqüência, mais manipuláveis.
Não é possível se exigir educação e cultura de uma população com tantas dificuldades como o povo brasileiro, quando aqueles que deveriam zelar por esses conceitos, promovendo a integração, buscando desenvolver o indivíduo, dando subsídios a ele para se sentir incluído, e dessa forma se tornar parte do desenvolvimento coletivo com experiências únicas, simplesmente ignora e usa de formas abusivas para excluir.
E discriminar, sim. Aberta ou velada, discriminação é exclusão.
Quando se ouve insultos da boca de alguém dito boçal, logo pensamos “Ah é um ignorante, não entende nada.” E quando as palavras vêm daqueles que lidam com educação no seu dia a dia, e dizem, primar pela manutenção e propagação da mesma?
O que dizer? !
“Tais situações não são regra, mas lamentáveis exceções que ocorrem e não representam a idéia educacional proposta, bla, bla, bla.”
Que tal mais verdade e menos discursos vazios?
Eu, na minha ignorante opinião, só posso dizer que, em um país onde as representações acadêmicas, e seus respectivos órgãos, parecem ser, na sua maioria, excludentes e preconceituosos, temos, de fato, um Estado sem futuro.
Esse blog foi criado para ajudar de alguma forma a transhomens, ftms, homens transexuais, entre outros, tentando transmitir dicas, informações, notícias e opiniões, não devendo, no entanto, ser tido como verdade absoluta. Não substituí também acompanhamento médico regular. Cabe a cada indivíduo desvendar a sua própria verdade.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
A exclusão social
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Vergonhoso, vergonhoso! Simplesmente vergonhoso!
ResponderExcluirE que pretensão dessas instituições de ensino e seus representantes...de se acharem superiores ao mandado do juiz!!!
Quando eu leio ou vejo coisas desse tipo me sinto envergonhado por daqui há uns anos me tornar professor e ter que ''trabalhar'' com gente desse tipo..da vontade de levar a policia no dia que for retificar..dae é só virar e falar: - não vai acatar a decisão do juiz não??..então vai presa agora..
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