terça-feira, 7 de outubro de 2008

Dúvidas sobre a normalidade


Porque nós incomodamos tanto vocês, os que se julgam “normais”?

Porque vocês se acham no direito de nos julgar, humilhar e rechaçar?

Porque a nossa sexualidade é motivo de ódio para vocês?

Porque meu corpo e o que fazemos dele é mais importante do que nosso caráter ou capacidade?

Porque o seu Deus é aquele que pune e segrega e o nosso é aquele que deposita em nós as responsabilidades de nossos atos, mas que também nós diz para amar - nos uns aos outro independente de qualquer diferença?

Porque vocês acham que somos anormais, aberrações, erros?

Onde está escrito que temos menos valia por sermos diferentes em algum momento?

Onde está escrito que devemos ser tratados com desrespeito pela nossa situação de vida?

Onde está escrito que vocês podem apontar, rir com desdém?

Somos belos e únicos nas nossas imperfeições, e nas nossas qualidades. Somos filhos do seu Deus, força, energia, ou nada, mas fruto de uma mesma evolução. A verdadeira inadequação não está no que se diferencia, mas naquele que aponta e destrói e se esquece de encarar seu próprio reflexo no espelho. A diferença nos une e nos faz maiores e melhores; ela soma as suas experiências com as nossas e leva a sociedade a repensar, refletir e aprender a respeitar.

Choramos, suamos, ganhamos, perdemos, amamos tanto quanto vocês. Sangramos tanto quanto vocês, “normais”, mas talvez a diferença é que nosso sangue é vermelho vivo pela coragem de sermos quem somos, ele pulsa em nós, nos impulsiona a sermos de fato nosso verdadeiro eu, sem máscaras, abertos ao mundo. Ao seu mundo “normal” e excludente.

E não adianta. Nós estamos aqui, sempre estivemos, do seu lado, silenciosos, barulhentos, mas nos existimos na sua tão “perfeita” existência.

Não queremos benesses nem prêmios, tapetes vermelhos ou aplausos, apenas respeito. E quem sabe, talvez, um dia vocês aprendam que normal é saber buscar a sua felicidade.

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