domingo, 29 de agosto de 2010

Projeto de lei governamental vai assegurar nome social para travestis e transexuais.


Dia 26/08/2010

Na manhã desta quarta-feira, 25, foi apresentado ao grupo DiveRRsidade de Roraima o projeto de lei governamental que assegura a utilização do nome social a travestis e transexuais, quando do preenchimento de fichas de cadastros, formulários, crachá funcional e no sistema estadual de informática.

Depois de aprovado na Assembléia Legislativa, o projeto volta para sanção governamental e passa a beneficiar cerca de 400 pessoas com os nomes pelos quais se reconhecem ou são identificadas na comunidade.

Segundo a secretária da Promoção Humana e Desenvolvimento, Shéridan de Anchieta, esta ação demonstra o respeito da equipe de governo pelo grupo diversidade em Roraima.

“Acompanhamos a luta deste grupo e queremos dar o primeiro passo, dando exemplo para a sociedade e garantindo que eles reconheçam em nós o apoio necessário para se sentirem pessoas respeitadas”, disse.

O presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABLGT) da Região Norte, Sebastião Diniz Neto, explicou que o nome social já foi adotado em dez Estados.

“Em Roraima não poderia ser diferente e a comunidade homossexual está muito feliz, pois com a ajuda do governo conseguimos vencer mais esse desafio na luta constante por dias melhores”, disse Diniz.

Viva Diversidade

Segundo Shéridan de Anchieta, a secretaria vai implantar, no próximo ano, o Viva Diversidade, um projeto que visa capacitar o público GLBT com cursos profissionalizantes dando oportunidade de inserção no mercado de trabalho.

Fonte: http://www.bvnews.com.br/politica1772.html

Convite.

Lançamento do Núcleo Tirésias - Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Diversidade Sexual, Gênero e Direitos Humanos / UFRN.


Fonte: Por email, por colaboradora.

Nota: Para uma melhor visualização, basta clicar na figura, e aumentá-la.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Claudia Wonder participa de debate sobre gêneros na PUC-SP


24/08/2010 - 11h40

Por : Neto Lucon

Debate sobre gênero na PUC-SP conta com participação de Claudia Wonder

A artista militante LGBT Claudia Wonder vai participar de um debate, nesta sexta-feira, 27, às 16h, promovido por alunos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Ao lado de outros convidados, Claudia falará sobre “(Des)gênero, feminismo e LGBTTT”.

A mesa também conta com Carla Garcia, professora-doutora do departamento de sociologia da PUC-SP, Marina Fuser, estudante de pós-graduação em Ciências Sociais, Paula Berbert, ativista do grupo feminista transnacional Pão e Rosas, e Rachel D´Amico, formada em Ciências Sociais pela PUC, pesquisadora do “Discurso do Estado na Construção da Identidade Gay.”

O debate, organizado por alunos de Ciências Sociais da universidade, faz parte da “Dessemana de Ciências Sociais”, que aborda o tema “Resistências”, com debates, filmes e discussões do dia 23 ao dia 27. Ele será no Museu da Cultura, espaço da faculdade dentro do Prédio Velho (entrada Monte Alegre).

Além do importante trabalho como ativista, Claudia Wonder tem uma carreira que passa por todas as artes, dos anos 80 até os dias atuais: cinema, teatro, música e escrita. O documentário “Meu Amigo Claudia”, de Dácio Pinheiro, que fala sobre a história profissional e pessoal da artista, foi o ganhador do Festival Mix Brasil do ano passado.

Fonte: http://mixbrasil.uol.com.br/noticias/claudia-wonder-participa-de-debate-sobre-generos-na-puc-sp.html

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Estudo afirma que homens femininos têm menos problemas de coração.


23/08/2010 - 11h59

Por : Redação

Homens femininos sofrem menos do coração, diz estudo

(...)

Realizado pelos pesquisadores Kate Hunt, Heather Lewars, Carol Emslie e David Batty, o estudo analisou o cruzamento de dados sobre a saúde cardíaca com níveis de masculinidade e feminilidade de 1.551 voluntários.

Os índices foram previamente analisados em 1988, de acordo com o critério do que seria masculino e feminino. Masculinidade, por exemplo, significava agressividade, liderança e disposição em correr riscos. Já feminilidade, a delicadeza, sensibilidade às necessidades alheias e gostar de crianças.

Até 2005, 13% dos participantes homens tinha morrido em decorrência de problemas cardíacos – condição à qual aqueles com maior nível de “feminilidade” se mostraram menos vulneráveis.

“Os resultados sugerem que as construções sociais de gênero têm influência sobre o risco de problemas de saúde. No caso, de coração.”

Fonte: http://mixbrasil.uol.com.br/pride/estudo-afirma-que-homens-femininos-tem-menos-problemas-de-coracao.html

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Histórias de Vida XII - "Pãe" por Andreas.



Minha gravidez foi muito tranqüila, se é que se pode dizer isso de um homem transexual.

Aos 13 anos, eu já sentia que não pertencia aos padrões comportamentais das garotas da minha idade e nem seguia as mesmas preferências sexuais. Foi nessa época que eu realmente comecei a me interessar por um gênero específico e, para estranheza dos meus pais, não era o masculino.

A descoberta do rótulo TRANSEXUAL veio após o casamento. Juntar as peças do quebra-cabeça foi fácil: eu me sentia atraído por mulheres, detestava penetração, queria que o corpo do meu marido fosse o meu, era puramente racional e pouco emocional.

Eu sabia que um dia precisaria assumir o que eu realmente era, mas essa decisão teria de ser postergada por conta do filho que eu queria ter e, que fosse através dos métodos normais. Nada de inseminação artificial, oras. Eu tinha uma saúde perfeita, órgãos internos e externos compatíveis, só a cabeça pensava como a de um homem. Resolvi encarar, mesmo porque queria que meu filho tivesse meu sangue.

Fechei os olhos para mim por 9 meses.

Procurei não pensar no meu corpo ou em como ele estava ficando. Resolvi me preocupar com a saúde da criança e esquecer de mim.

A barriga foi crescendo aos poucos. Não tive problemas com enjôos, fraquezas ou desmaios. Às vezes, eu sequer me lembrava que estava “grávido” se não fosse o tamanho da barriga.

Quando meus seios começaram a crescer, eu me preocupei imaginando que fossem permanecer daquela forma arredondada, cheios, já que antes da gravidez, eles não eram nem expressivos.

Um mês antes de dar a luz, pedi licença-maternidade para poder descansar porque a barriga estava muito grande e eu ficava constantemente cansado. Fiquei em casa e aí veio a piração.

Eu não me ocupava, assistia TV o dia inteiro ou ficava no computador procurando informação sobre transexualidade. Caí na besteira de começar a buscar fotos de outros transexuais para saber como meu corpo se transformaria com hormônios e cirurgias. Veio a tristeza, a depressão. Vi que estava muito longe do que queria ser. Vi que teria de mudar muita coisa em mim, fazer várias cirurgias, tomar hormônios e que uma criança estava para chegar.

Concentrei-me na minha filha, a razão de eu ter me anulado por quase 30 anos, meu desejo mais absoluto.

Vivi a mãe, puramente. Amamentei, dei carinho, banho, trocava fralda e dei muito, muito carinho para a minha filha.

Ela era eu, 30 anos atrás. Os mesmos traços, a mesma cor do cabelo ondulado, a mesma angulação do queixo, a mesma cor e o formato dos olhos, o mesmo sorriso. Meu sangue!

Quando ela fez um ano, tomei a decisão que mudaria minha vida, que me faria uma pessoa completa. Já era “50%” feliz. A outra metade era a adequação. A necessidade de ver músculos, barba e pênis. A imagem que um homem, como eu sentia que era.

No entanto, prometi que nunca deixaria de fazer o papel de mãe para ela. Eu a protegeria, compareceria em todas as situações, mas também queria o papel de pai.

Quando ela começou na escola, apresentei-me para a Diretora e Professores, explicando a situação. Graças a Deus, todos foram muito compreensivos e me tratam pelo meu nome social, Andreas.

Aliás, fato interessante. Escolhi um nome com duplo sentido, justamente para não constranger minha filha na hora do “qual o nome da sua mãe?”.

Ela? “Minha mãe é um cara e tenho muito orgulho dele. Ele é bonito, engraçado, trabalha muito, faz tudo que pode para me dar conforto, me leva para passear e conhecer coisas novas. Conheço um monte de amigos dele, todos como ele e eles são muito legais.”

O poder de dar a vida a alguém, de gerar uma criança dentro do próprio corpo. O poder de produzir alimento, de garantir que uma vida recém-criada continue. O poder de gerar amor em proporções descomunais, de sentir-se pleno e realizado.

Eu tive esse poder e me orgulho muito disso!

Vídeos do programa do SBT, Conexão Repórter, sobre transexualidade, do dia 12/08/2010.









Fontes: http://www.youtube.com/watch?v=AueiFPHYkmc, http://www.youtube.com/watch?v=H6BzVIadIPM&feature=channel, http://www.youtube.com/watch?v=Ln77YCy3KO8&feature=channel, http://www.youtube.com/watch?v=T3fiJWBdp2Q&feature=channel , respectivamente.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Vunesp autoriza o uso do nome social de transexuais e travestis em seus concursos.


A VUNESP, Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista, que organiza concursos públicos, alguns válidos em todo o território nacional, informou que passará a aceitar o uso do nome social de pessoas transexuais ou travestis, na inscrição de concursos coordenados por eles.

O coordenador geral do Instituto Vunesp informa que tal medida visa acabar com o constrangimento, seja dentro da sala de aula, ou na hora de mostrar o RG ao fiscal de sala. Tanto provas, quanto listas de chamada, serão emitidas com o nome social do candidato.

É pedido apenas que o candidato compareça, antes da prova, na sala de coordenação do concurso dentro da própria faculdade, ou local da prova, para confirmar os dados de registro.

Fonte: Por email, por colaborador.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Conexão Repórter do dia 12/08/10.


O programa do SBT Conexão Repórter, apresentará na próxima quinta, 12/08, às 21:15, o tema transexualidade.

Apresentado por Roberto Cabrini, o programa jornalístico, apresenta reportagens investigativas no mesmo estilo do Globo Repórter, e semelhantes.

No dia em questão, além do tema, o programa contará com o depoimento de dois homens transexuais, que partilharão sua vivência e intimidade com o grande público.

Vale a pena a conferida.

Conexão Repórter - Transexualidade.
SBT - 12/08/10 às 21:15

http://www.sbt.com.br/conexaoreporter/

Fonte: Grupo Ftm Brasil - Yahoo.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Meu mundo em azul.


Adolescentes transexuais de menina para menino revelam sonhos e angústias para JUNIOR.


Por Neto Lucon.

Para a família, o universo cor-de-rosa estava traçado desde a maternidade. Mas no primeiros anos de vida, um universo azul-claro desbotou as bonecas e os vestidos. Natália S., em seu aniversário, não queria uma festa com decoração de princesa. O motivo? Ela garantia ser um menino. De cabelos curtos e roupas folgadas, a garota não foi levada a sério pelos pais - " era apenas uma menina que gostava de coisas de garotos" - até que a afirmação começou a ser visível nas atitudes cotidianas. Levada a um psicoterapeuta, os pais se viram diante de uma possível caso de transexualidade. Agora eles buscam a "cura". Detalhe: Natália está com oito anos.

Um a cada 100 mil.

Menos visíveis que as mulheres trans, os homens transexuais muitas vezes estão escondidos na caixinha nomeada "lésbica" e vivem um sofrimento sem nomes. No ano passado, o militante Chaz Bono, filho da cantora Cher, trouxe o assunto à tona. Ele assumiu a transexualidade publicamente, depois de passar quatro décadas definindo-se como lésbica. Em Campinas, interior de São Paulo, a história se repete. Até os 18 anos, o estudante Samy Samassa era visto como apenas uma mulher que gostava de mulheres. Após fugir de casa, voltar, ter crises e ir a uma psicóloga, escutou uma revelação iluminadora:"você é um homem transexual". "Nesse momento foi tirado um peso das minhas costas", recorda o jovem, que aos 19 anos obteve um laudo de transexualidade e começou a usar faixa para esconder os seios. Era o início de sua felicidade e o começo dos problemas familiares.

Há 20 anos trabalhando com pacientes transexuais, a psicóloga Angélica Soares, também especializada em violência contra crianças e adolescentes na USP, afirma que a reação dos pais nestes casos geralmente é a pior possível. " A família busca o especialista para convencer a criança ou o adolescente de que isso é errado, que ele mude de idéia. Realmente é difícil aceitar que a menina não é mesmo uma menina. Mas tentar mudar isso a todo custo é uma luta insana", frisa a psicóloga. Ela pondera ao informar que 5% das crianças com disforia de gênero são de fato transexuais, mas alerta que nem sempre é uma fase. " Pesquisas apontam que existe um homem transexual a cada 100 mil mulheres," argumenta.

Não ligava em ganhar Barbies. Eu as namorava.

De cabelo moicano e piercing no nariz, Samy, 19 anos, emposta a voz, anda de pernas abertas e chama a atenção das mulheres. Poucos desconfiam do seu passado e dos documentos femininos. Às vezes é visto como um adolescente gay, jamais como mulher. Segundo ele, o pensamento e o comportamento masculino são nítidos desde a fase escolar "Eu sempre estava na fila de garotos, não me sentia bem por entrar em banheiro feminino, e adorava ficar sem camiseta. A direção falava para eu me comportar como menina, mas eu agia normalmente", afirma. Nas brincadeiras, preferia as pipas e os carrinhos do irmão mais velho. Esperto e com uma imaginação fértil, ele não encarava as Barbies como rivais. Elas eram suas namoradas! Não era raro flagrá-lo beijando "suas esposas" pela casa. "Tenho essa consciência desde os quatro anos", garante ele, que prova com fotografias o desgosto pelo universo feminino. "Nesta foto, estou chorando porque minha mãe colocou um vestido. E eu gostava das roupas do meu pais, passar o perfume dele", aponta. Outro momento que destaca é quando fingia se barbear. "No banheiro, com 12 anos, eu beijava a Barbie e passava creme de barbear no rosto. Mesmo sem pêlo nenhum, eu me sentia bem fazendo isso. Era como se fosse me tornar um menino."

Batia nos meninos para me sentir homem.

"Minha infância foi traumática. Aos seis anos, eu sequer andava e raramente falava", afirma o guarda municipal e estudante de direito Régis Vascon. Com estrutura familiar de pilares frágeis, Régis conviveu na infância com um avô agressor, uma mãe de pouco diálogo, ensino tardio e muito medo. "Eu me sentia diferente, pois sabia que não era igual às meninas. Mas não conversava a respeito por medo de as pessoas pensarem que eu era louco", declara. Na escola, Régis virou motivo de chacota pela aparência e tornou-se agressivo. "No 1º colegial, adorava bater nos meninos que faziam piadas sobre mim. Parecia que, quando eles apanhavam, eu reafirmava que era homem."

Adolescência e hormônios.

Adolescência. Flertes. Namoros. Explosão de hormônios...FEMININOS! Algo desesperador para qualquer homem transexual que se vê diante de seios crescentes e questões extremamente femininas como a mesntruação. " Passei os 14, 15 anos sofrendo. Quando tive minha primeira menstruação fiquei um ano e meio sem contar para ninguém. Eu morria de vergonha", declara Samy.

"O principal tratamento familiar nos casos envolvendo transexualidade é o luto", declara a psicóloga Angélica. "O pai deve, sim, encarar a perda de uma filha. Mas por outro lado, vai ganhar um filho", argumenta. Ela não aconselha a incentivar na infância a mudança total de gênero, pois há a possibilidade de ser uma fase. " O que os pais podem oferecer são opções: colocar uma roupa de menina e uma roupa de menino, deixar que ela escolha. Também temos que ter em mente que existem mulheres masculinas e isso não faz delas transexuais."
Na luta.

Samy ainda peleja os dilemas familiares. " Com 16 anos, entrei em depressão e quis me matar. Já saí da escola, voltei e hoje como o pão que o diabo amassou", revela. Na escola, porém, ele consegui o direito de ir ao banheiro masculino. Atualmente trabalha como atendente da Faculdade Anhaguera e faz faculdade para ser assistente social. Lá, depois de algumas brigas, ele finalmente conseguiu se reconhecido como sempre sonhou: um homem "A maior alegria é ter o corpo acompanhando a mente. E, claro, ser reconhecido como tal", finaliza.

Fonte: LUCON, N. Meu mundo em azul. Junior, São Paulo, n.20, p.44-45, ago.2010.

Junior é uma revista de publicação mensal da Editora MixBrasil - http://www.revistajunior.com.br/ - http://www.mixbrasil.com.br/

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Ir a padaria é um ato político.

Publicado em julho 20, 2010 por Erika

Um dos meus filmes preferidos, atualmente, é o título israelense ‘The bubble’, uma alusão a sociedade que vive em apartamentos, onde toda uma vida se passa dentro de bolhas. Por incrível que possa parecer esse post não é sobre o filme em questão. Só queria me valer da alusão a bolha.

Penso que vivemos em bolhas, mas não em apartamentos que se transformam em bolhas como no filme citado acima. Vivemos em micro-bolhas. Onde cada um se importa só com o que acontece, ou não, consigo mesmo. Em que nos preocupamos só com o que somos e temos, ‘futura advogada, classe média, míope’ (todos somos míopes em algum sentido).‘Tenho ‘n’ coisas para me preocupar, porque me preocuparia com política? Com a ‘causa’ gay? Faço parte de inúmeras ‘minorias’, porque levantar a bandeira do movimento gay?’

Vivemos em bolhas. BOLHAS!

E por vivermos em bolhas, talvez não percebamos que para algumas pessoas o simples gesto de sair de casa e ir a padaria é um ato político. Um ato heróico muitas vezes, ou na maioria delas.

Mas talvez por vivermos em bolhas não percebamos isso.

Hoje, 19 de julho de 2010, ocorreu o lançamento do documentário sobre transexualidade e travestinidade que retrata as muitas histórias de vida de travestis e transexuais de BH.

Meu querido amigo Daniel bem ressaltou em sua fala que o lançamento deste documentário representa um marco para a história das travestis e transexuais em BH, vou além, acho que é um marco para as travestis e transexuais do Brasil, não tenho notícias de um documentário dessa magnitude sobre tal tema.

Assim que possível disponibilizarei no blog o documentário. Quero escrever também sobre o documentário, mas agora farei a transcrição de uma fala de hoje que muito me marcou e gostaria de compartilhar com vocês.

Por questões técnicas a exibição do documentário atrasou um pouco e para suprir uma lacuna, depois que todas as transexuais e travestis convidadas haviam falado, um Frei foi chamado para comentar sua participação no projeto. Eu como boa mineira que sou e quase atéia fiquei um bocado desconfiada de tal fala. Oras, o que um Frei poderia falar de transfobia?

De cara o Frei criticou a postura dos representantes das religiões e do trato que elas dão a sexualidade. O modo como ignoram o preceito fundamental das religiões, o amor (e o respeito). Achei bacana. Mas não foi isso que me chamou a atenção e que me fez correr pra escrever isso antes que desapareça da minha memória… Não ia desaparecer, por óbvio, era empolgação em compartilhar isso com o mundo. Ou com parte dele.

O Frei é um pesquisador de educação e integra o Educação Sem Homofobia, um programa do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT da UFMG (NUH).

Por ser um pesquisador do NUH o Frei estava habituado a conviver com transexuais e travestis, sempre participava de algum evento, alguma mesa de debate, encontrava as transexuais e travestis no corredor da faculdade, mas nunca, nunca havia caminhado com travestis e transexuais.

Eu também não, infelizmente. E creio que você que está lendo este texto também não, como já disse no início do post, vivemos em bolhas, eu, o Frei, você e o resto.

Um dia o Frei encontrou a Lili Anderson* e a Sarug** no corredor da Fafich e resolveram almoçar, fizeram um trajeto de cerca de 1km até o bandeijão da UFMG.

Nesse dia em que resolveu caminhar até o bandeijão com Lili e Sarug, a fina película da bolha do Frei foi estourada. Ou melhor, foi estilhaçada pelo olhar de centenas de estudantes, de centenas de ilustríssimos alunos da UFMG.

Certamente os olhares não eram para o Frei, não tinham como alvo o seu corpo masculino, aqueles olhares de reprovação, que cortavam feito navalha, não se dirigiam ao Frei. Não. Aqueles olhares, olhares de ódio e de escárnio, aquelas laminas muito bem afiadas se dirigiam a Lili e a Sarug.

Durante toda a caminhada de cerca de 1km, que mais parecia uma centena de quilômetros, os três foram apontados como seres anormais e fuzilados por olhares, por risadinhas ensurdecedoras.

Sim, ensurdecedoras, mas só para quem não vive em bolhas.

Após essa longuíssima jornada eles chegaram finalmente ao restaurante, onde poderiam desfrutar em paz de um belo almoço e uma aprazível conversa entre amigos. Poderiam?

Creio que não.

O nobre corpo fétido, digo discente da UFMG, que estava presente no refeitório não poderia deixar que aqueles seres ‘anormais’, extraterrestres almoçassem em paz.

E a turba, digo, os civilizados estudantes começaram a apontar para Lili e Sarug e a gritar palavras de ordem e bater talheres na mesa. Toda a atenção se voltou para Lili e Sarug.

O Frei relata que de tanto ódio e vergonha que sentiu teve vontade de apedrejar aqueles alunos e que se tivesse uma navalha teria feito um estrago ali.

Lili e Sarug acalmaram o Frei e sentenciaram:

- Calma Frei, estamos em um ambiente civilizado. Ainda não caminhou conosco pela Praça 7.

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Vivemos em bolhas. Em micro-bolhas de advogados, estudantes, graduandos, mestrandos, doutorandos, designers, funcionários públicos, jornalistas, DJs… VIVEMOS EM BOLHAS. Achamos que gays, lésbicas, transexuais, travestis, mulheres, negros, índios, estrangeiros, whatever, são minorias. Que estas ‘minorias’ tem ‘causas’, ‘bandeiras’ distintas. Que a luta é ‘deles’. E mesmo que você não esteja dentro do modelo (bolha) homem-branco -heterossexual-classe média – cristão, você acha que tem ‘mais o que fazer’ do que empunhar qualquer bandeira de qualquer dessas causas de qualquer uma dessas minorias.

Quero te informar uma coisa meu querido leitor-bolha, não existem várias lutas, bandeiras ou minorias. A luta é uma só e é cotidiana. Lutamos (e você deveria lutar também, e levantar essa sua bunda gorda, ou magra, dessa cadeira) pela redemocratização do Brasil, COTIDIANAMENTE.

Direitos humanos são construídos historicamente e reafirmados cotidianamente. Não existiram desde sempre e podem não durar para sempre. O seu direito de ir e vir, pode ser limitado um dia. Como o meu ainda é. Sou lésbica e preciso de uma lei que me permita a manifestação de afeto em público sob pena de multa para quem me impedir. Mas você vive numa bolha e não percebe isso. Mesmo você leitor-bolha-LGBT não percebe o quão isso é estranho.

Não percebe que não existem travestis e transexuais na sua sala de aula.

Não percebe o número diminuto de negros nas universidades.

Não percebe a número ínfimo de mulheres na política.

Não deve saber também que o indígena é considerado um incapaz pelo Estado e do que isso significa.

Você não percebe que ir a padaria é um ato político para uma transexual ou travesti, por que a sua bolha só permite que você a perceba como uma anormal. E quando ela passa você pensa como é que ela teve coragem de sair de casa.

E eu me pergunto leitor-bolha, como é que você tem coragem de viver numa bolha, de se permitir viver numa bolha, de estar se lixando para o que acontece no mundo, com seus iguais?





*Lili Anderson, é uma transexual feminina e Educadora social, militante ativista dos direitos da pluricidade, integra o NUH/UFMG.

** Sarug Dagir Ribeiro, é uma transexual feminina e possui Graduação em Psicologia (2002) e Mestrado em Letras (2006) pela Universidade Federal de Minas Gerais, atuando principalmente nos seguintes temas: hermafrodita, Herculine Barbin, gênero e sexualidade.

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Érika Pretes, vulgo @inquietudine, uma estudante de Direito, aspirante a militante/ativista dos Direitos Humanos e que vive estourando suas próprias bolhas (e as alheias).

Fonte: http://inquietudine.wordpress.com/2010/07/20/ir-a-padaria-e-um-ato-politico/#comments

OBS: Não, esses vídeos não são sobre homens transexuais, e também são. O texto excelente escrito pela Érika não fala de homens transexuais, e fala também. As bolhas falam de nós. Mas que o mundo, sim, o mundo, meu, seu, de todos, não fale somente, mas seja para além das ditas "diferenças", universal.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Carta de uma mãe de um homem transexual dirigida a outros pais. *


Quarta-feira, 6 de Janeiro de 2010

Para os pais como eu…

O cérebro dos homens não é igual ao das mulheres.
Um Transexual é um ser que nasce com um cérebro de um sexo no corpo de outro sexo. Como não podemos modificar o cérebro, modifica-se o corpo.
(Dr. João Décio Ferreira – Cirurgião plástico)

O caminho é longo e doloroso. Os pais dos transexuais sofrem, zangam-se, têm dúvidas, sentem responsabilidade no que aconteceu e a maior parte das vezes nem sabem bem do que se trata.

Depois de perder um bébé com 3 anos de uma forma súbita e trágica, o mundo desabou. Ao fim de cinco anos fiquei grávida e sempre pensei que seria um rapaz.

Quando nasceu uma menina a alegria foi a mesma, a infância foi normal, a adolescência é que não. Hoje, olhando para trás, vejo os pequenos sinais de alarme que foram crescendo ao longo do tempo até ir a uma psicóloga, aos 19 anos, que me telefona a dizer do risco de suicídio.

E quando em conversa me diz que finalmente sabe que é um transexual, fiquei desorientada a perguntar:

- Mas o que é isso?

Fui ver documentários, ouvi palestras dos canais estrangeiros que me falavam em prostitut@s, vida nocturna e descriminação social e eu sabia que não era nada disso.

Então dirigimo-nos, meu marido e eu, a um psiquiatra e falámos longamente com ele. Foi aí que percebi que não valia a pena lutar, mas sim apoiar, aceitar, ajudar.

A alma mais que os olhos chora de tristeza, de angústia, de aflição. E agora? A minha linda filha vai ser escortejada, amputada? E se não corre bem? Como vai a sociedade aceitar isto? E a família, o que vai dizer?

O caminho é duro, é longo, é difícil, mas se os pais apoiarem e aceitarem, lá chegaremos.

Primeiro veremos a mudança da parte exterior, a seguir as operações, mais tarde a luta pela mudança de nome, a busca de empregos que lhes são negados só porque são diferentes. Graças a Deus têm um médico extraordinário que os trata como família, que se preocupa, que os opera, que os ajuda. À medida que vão avançando no processo, mostram-se mais felizes, mais confiantes, com vontade de viver.

E nós pais? Vamos pô-los de parte como fazem os outros? Vamos obrigá-los a ser o que não são? Vamos chantageá-los com dinheiro, ameaças, etc?

Finalmente temos que pensar que se nós sofremos, eles sofrem o dobro. Sofrem mais que os homossexuais e as lésbicas que não têm que se sujeitar a operações difíceis e dolorosas, nem têm que mostrar o B.I. de mulher quando fisicamente são homens e vice-versa; que não têm que se sujeitar a um exame desumano no Instituto de Medicina Legal, que não têm que ir ao Tribunal e em frente de um Juiz justificar o pedido de mudança de nome e de sexo legal.

E isto dura anos e anos.

Eu perdi uma filha triste, fechada e revoltada, mas ganhei um filho feliz, forte e com garra de viver.

Deveríamos fundar uma associação de pais de transexuais?

Talvez ajudasse falarmos uns com os outros, mas de uma coisa tenho a certeza; é nossa obrigação de pais, pelo amor que lhes temos de os ajudar até a exaustão, de compreender mesmo não compreendendo bem e sobretudo de os amar e apoiar incondicionalmente.

De uma mãe (69 anos).

Publicado por blog-grit

Fonte: http://grit-ilga.blogspot.com/2010/01/carta-de-uma-mae-de-um-homem-transexual.html

*: Os indivíduos do texto, e situações narradas, tem seu local em Portugal.

Umuarama: UNIPAR prepara simpósio de ética.


05/08/2010

Evento acontece no final do mês, com a presença de profissionais renomados. Objetivo é a formação de mentes voltadas à reflexão

O CEPEH (Comitê de Ética Envolvendo Seres Humanos) da Universidade Paranaense – UNIPAR, Campus-Sede, prepara o 3º Simpósio de Ética Envolvendo Seres Humanos, que será realizado nos dias 26 e 27 de agosto. As inscrições estão abertas.

As palestras serão ministradas no auditório do Campus Tiradentes (1 a 3) e no Teatro Neiva Pavan Machado Garcia (4 a 6), com a presença de profissionais renomados. “Assim como nos eventos anteriores, um dos principais objetivos do Simpósio é a formação de mentes voltadas à reflexão, debate e exercício da ética”, explica o presidente do CEPEH, professor Nelton Anderson Bespalez Corrêa.

Estão em pauta as palestras ‘A formação e a atuação dos professores no processo político-pedagógico no Brasil’, ministrada pela professora doutora Roseli Baumel, da USP; ‘Ética na Política’, pelo deputado federal Osmar Serraglio; ‘Mudança de sexo, aspectos éticos e jurídicos’, pela professora doutora Tereza Rodrigues Vieira, da UNIPAR.

Profissionais ligados à pesquisa com seres humanos e comunidade acadêmica estão convidados a prestigiar o evento. Mas informações podem ser obtidas pelo fone (44) 3621-2849, ramal 1219 ou pelo e-mail cepeh@unipar.br .

Fonte: http://www.unipar.br/home/principal.php?pagina=20&desc=noticia&id=2790

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Histórias de Vida XI - “Você gosta de homens ou de mulheres?” por James H.


“Você gosta de homens ou de mulheres?” é uma pergunta que me perseguiu por todo o Ensino Médio. As meninas, principalmente, chegavam em bando na hora do recreio pra me fazer essa pergunta. Não que elas quisessem dividir comigo assuntos de paquera ou a última fofoca do “gato” do colégio. Elas queriam saber se eu era lésbica.

Infelizmente para elas, minha resposta sempre foi “não sei”. E eu não estava mentindo. Durante a maioria dos meus anos de adolescente eu realmente não sabia.

Eu sentia a pressão dos outros pra admitir que eu gostava de meninas (porque todos concordam que uma garota que anda vestida de menino e gosta de coisas de menino só pode ser lésbica, certo?), e até tentava forçar uma fantasia ou outra, mas nunca rolava. Não sentia nada por meninas. E naquela época, nem por meninos.

Pouco tempo antes de fazer dezoito anos eu fui para a Escócia fazer faculdade. Enquanto estava no Brasil, já tinha me revelado como trans para alguns amigos mais próximos (e essa revelação deve ter soado como a confirmação da minha “sexualidade”. Eu não era lésbica, afinal, mas um homem hétero). Aqui na Escócia eu fui aos poucos assumindo a minha identidade masculina e aumentando a minha certeza de que eu estava finalmente fazendo a coisa certa.

Foi durante uma pesquisa para um trabalho de sociologia no meu primeiro ano que eu encontrei por acaso a prateleira da biblioteca com livros sobre sexualidade. Entre vários títulos interessantes, achei um em cuja capa estava escrita a palavra “SEX” em letras maiúsculas, chamativas, e que ocupavam um terço da capa. Havia também uma imagem erótica qualquer no pano de fundo. Não preciso dizer que esse livro logo me chamou a atenção, e eu parei a minha pesquisa pra folheá-lo.

E não é que naquele livro tinha um capítulo sobre transgêneros?

O capítulo continha duas informações que agora eu tenho até vergonha de admitir que não sabia, mas que na época eram realmente novidade. A primeira era que um transhomem que gosta de mulheres é hétero, assim como uma transmulher que gosta de homens é hétero. A segunda era que pessoas trans também podiam ser gays, lésbicas e bisexuais, como qualquer outra pessoa (e dizia o livro que na verdade nós somos ainda mais “propensos” a ser não-hétero do que o resto da população).

Foi aí que a ficha caiu.

Eu não precisava me forçar a gostar de garotas para ser trans. Eu podia gostar de homens também... e aquela porta metafórica se abriu, e eu percebi que realmente gostava de homens, mas que havia passado todo esse tempo com medo de admitir isso e reforçar o argumento daqueles que diziam que eu estava passando por uma “fase” e que logo ia mudar de idéia.

Foi uma grande descoberta, e eu senti um grande peso ser tirado dos meus ombros. Eu gostava de homens. Eu gostava de homens! E agora eu podia dizer isso abertamente.

Mesmo assim, eu não consegui me identificar como gay. Por mais estranho que pareça, uma vez que eu não sentia mais a pressão de ter que gostar de garotas, eu percebi que algumas delas até que me atraíam um pouco. Aquelas que não usam maquiagem, não se depilam, não usam roupas super-curtas e super-caras e não se importam de não fazerem parte do ideal da feminilidade me chamam a atenção. Também gosto daquelas que não tem nem peito nem bunda, o que pra mim é um reflexo de como eu me sinto com relação ao meu próprio corpo. Se eu não consigo me olhar no espelho por causa desses peitos e bunda, como é que eu posso admirá-los no corpo de outra pessoa?

Notem que eu não disse nada sobre os genitais. Isso porque eu não tenho problemas com os meus. Claro, preferia muito mais ter nascido com um pênis, mas já que as coisas não são como eu gostaria, não acho que valha a pena arriscar as sensações lá de baixo para criar um (e também acredito que nossa masculinidade está na cabeça, não entre as pernas – se assim fosse os coitados que sofrem acidentes nas partes baixas teriam que automaticamente trocar de sexo).

Hoje eu evito me identificiar como “gay” ou “bisexual”. Acho ambas opções limitadas, pois “gay” exclui as mulheres, e “bisexual” exclui qualquer um que não seja homem ou mulher, como os andrógenos, terceiro sexo e até mesmo alguns trans que se consideram “no meio do caminho” durante sua transição. Em matéria de relacionamentos, eu quero me manter aberto. Aos quase 21 anos sei que sou sexualmente atraído por homens que não são exatamente “machos”, por mulheres que não são muito femininas e pelo que está no meio disso. Cheguei a considerar o termo “pansexual”, mas para certas pessoas isso significa não só gostar de todas as pessoas, mas gostar de todos os seres, e uma das poucas coisas que eu tenho certeza é que eu não quero ter relações íntimas com a minha gata de estimação... Por isso eu não uso rótulos para me identificar. Eu sou eu, e eu me sinto atraído por pessoas interessantes, não importa em que corpo elas venham (embora elas apareçam com mais frequência em corpos masculinos e eu procure com muito mais frequência os corpos masculinos).

Então tá! Uma vez que eu esclareci as minhas dúvidas sobre a minha identidade sexual, estou pronto sair por aí e experimentar, certo?

Errado.

Eu posso não me importar com o que tenho entre as pernas, mas será que os outros não se importam também? Homens gays, por exemplo, não são teoricamente todos apaixonados por pênis? O que eu vou fazer então?

A resposta mais óbvia talvez seja procurer pelos homens que são bi. Tentei isso já. Encontrei uma pessoa pela internet. Nós conversamos no MSN, nos encontramos pessoalmente e transamos algumas vezes. Ele me chamava pelos pronomes certos e fora da cama me tratou como qualquer outro cara. Mesmo assim, na hora do vamos ver parecia que ele me tratava como mulher. Não sei se era isso mesmo ou se eu estava imaginando coisas, mas foi assim que eu senti, e por isso não consegui aproveitar tanto assim nossos encontros.

Esses são os meus dois grandes desafios como transhomem que se sente atraído por homens: encontrar um homem que goste de homens e que queira ficar comigo, e encontrar um homem que eu sinta que está me tratando como igual. Infelizmente, a minha natureza tímida e anti-social não me ajuda muito a procurar esses homens. Eu já ouvi histórias de outros trans que encontraram parceiros do mesmo sexo e são felizes com eles, então eu não perdi as esperanças, mas ainda assim acho que não vai ser fácil.

Estou tomando hormônio há cinco meses. Dou graças a Deus que não tenho um pênis de verdade, ou provavelmente teria trocentas ereções por dia. Tenho alguns sex toys, e os uso com certa frequência. Em 95% das minhas fantasias eu sou o passivo. Em 3,5% estou com uma garota (eu tendo um pênis de verdade e ela, um strap-on) e apenas nos outros 1,5% eu “fico por cima” de um outro cara. Não nasci pra ser top e não acho que isso me deixe menos “macho”, nem que isso “invalide” meus sentimentos de trans.

Sou um homem com um mini-pênis (clitóris) e um buraco a mais lá embaixo, mas sou homem. E estou procurando por outros homens (e mulheres/outros) que não se importem com isso.

James H.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Seminário Internacional Sexualidades, Saberes e Direitos - UFSCar - 17 e 18 de agosto.


Organizado pelo grupo de pesquisa Corpo, Identidades e Subjetivações e financiado pela CAPES e pela FAPESP, o “Seminário Internacional Sexualidades, Saberes e Direitos” acontecerá no Anfiteatro Bento Prado Jr. na área Norte da UFSCar, campus de S. Carlos, nos dias 17 e 18 de agosto.

As inscrições, gratuitas, só poderão ser feitas presencialmente. Forneceremos certificados apenas aos que acompanharem todo o seminário.

O evento será transmitido pela internet. Forneceremos o endereço para assisti-lo depois de 02 de agosto neste site. Será possível assistir o seminário apenas ao vivo. Por questões técnicas e de direitos autorais, ele não ficará disponível online tampouco será possível gravá-lo durante sua exibição na rede.

Proposta:

A esfera da sexualidade tem passado por mudanças rápidas em que se destacam avanços institucionais, maior visibilidade de suas formas não-hegemônicas assim como a ampliação das demandas por reconhecimento.

Na academia, é perceptível o aumento de estudos na área de gênero e sexualidade, os quais a ampliam para dentro de várias disciplinas ao mesmo tempo em que diversificam seus objetos e temas.

Este contexto cambiante de ampliação numérica dos estudos e da visibilidade de novos sujeitos e culturas sexuais abre a possibilidade de irmos além da consolidação dos estudos de minorias, de novas linhas de pesquisa que permitam uma revisão de fundamentos teóricos, metodológicos e até mesmo a retomada do projeto de uma epistemologia feminista, não-heterossexista e anti-racista.

O Seminário propõe criar um espaço interdisciplinar de discussão das novas fronteiras das demandas por reconhecimento, sobre a possibilidade de um diálogo mais simétrico entre as ciências humanas e os saberes médicos-psi e jurídicos no que concerne às convenções sobre as diferenças sexuais e de gênero, as novas perspectivas analíticas não-normativas sobre a cultura, além do desafio de estender as reflexões epistemológicas dos feminismos contemporâneos para além das linhas temáticas e estudos de caso, ou seja, para o cerne da teoria social.

Programação

Dia 17 de agosto, Terça

9h Mesa de Abertura

9h15 Mesa Sexualidades, Normas e Direitos

Descrição da Mesa:

A mesa pretende suscitar o debate sobre direitos humanos, políticas sociais de combate à discriminação por orientação sexual, de gênero e seus desafios contemporâneos. Especial interesse será o de aprofundar uma revisão crítica da noção de homofobia articulada a uma maior atenção ao heterossexismo institucional. Ou seja, transferir o foco dos sujeitos para as normas e convenções.

Coordenação da Mesa: Jacqueline Sinhoretto (Departamento de Sociologia-UFSCar)

Palestrantes:

Adriana Vianna (Museu Nacional)

Rosa de Oliveira (UFSC)

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14h Mesa Saberes, Corpos e Subjetividades

Descrição: A mesa propõe um diálogo crítico entre as ciências humanas e as médico-psi no que toca às questões contemporâneas das relações entre corpo, gêneros, sexualidades e desejos, para além do campo da patologia e/ou das “disforias”.

Coordenação da Mesa: Jorge Leite Jr. (Departamento de Sociologia-UFSCar)

Palestrantes:

Larissa Pelúcio (UNESP/Bauru)

Márcia Arán (IMS-UERJ)

Paula Sandrine (UFRGS)

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Dia 18 de agosto, Quarta

9h Mesa Cultura, Gênero e Sexualidade

Descrição: A crítica cultural tem sido uma marca dos Saberes Subalternos. Por meio de produções culturais é possível identificar e analisar normas e convenções sociais articulando-as a experiências subjetivas de assujeitamento e resistência. Neste sentido, ganham relevância investigações sobre o cinema, a TV, a publicidade e a literatura.

Coordenação da Mesa: Miriam Adelman (UFPR)

Palestrantes:

Karla Bessa (Pagu-UNICAMP)

Marcia Ochoa (Univ. of California at Santa Cruz)

Richard Miskolci (UFSCar)

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14h Mesa Desafios Teóricos: Feminismos, Teoria Queer e Interseccionalidades

Descrição: Esta mesa pretende apresentar um panorama das discussões feministas contemporâneas, seus diálogos privilegiados e desafios teóricos e metodológicos recentes.

Coordenação da Mesa: Richard Miskolci (Departamento de Sociologia-UFSCar)

Palestrantes:

Adriana Piscitelli (Pagu-UNICAMP)

Judith Jack Halberstam (Univ. of S. California)

Miriam Adelman (UFPR)

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As inscrições, gratuitas, serão feitas no primeiro dia na entrada do Anfiteatro Bento Prado Jr.

A organização pretende exibir o evento online em streaming. Em breve divulgaremos o link para assistir a transmissão.

O Seminário originará um livro organizado por Richard Miskolci e Larissa Pelúcio. A proposta é editá-lo em 2011.

Fonte: http://www.ufscar.br/cis/2010/07/seminario-internacional-sexualidades-saberes-e-direitos-ufscar-17-e-1808/ , por email, por colaborador.

Quinto encontro regional sudeste de travestis e transexuais.


Atenção! O prazo para inscrições no Quinto Encontro Regional SE de Travestis e Transexuais foi prorrogado até o dia 28 de Agosto de 2010.

Não deixem para a última hora! Façam suas inscrições!

O evento organizado pelo Instituto APHRODITTE e o Fórum Paulista de Travestis e Transexuais será realizado em Novembro de 2010 (de 02 a 06 de Novembro) e o número de vagas é limitado.

Participar da discussão de temas prioritários para o segmento é dever de quem reivindica direitos!

Preencha a Ficha de Inscrição para o evento no link abaixo e remeta para o endereço indicado.

http://www.pactbrasil.org/blog/blogs/media/blogs/blog/Docs/INSCRICAO.doc