quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Conheça a história de Leonardo, que sofre com o preconceito da família por ser transexual


Nesta entrevista exclusiva, Leonardo revela que tem vontade de se submeter à cirurgia de mudança de sexo

Por Paco Llistó

Publicado em 23/02/2010


A história de Leonardo Ponto, de Recife (PE), não é muito diferente de outros transexuais. Desde cedo, Leonardo percebeu que seu corpo - e sua genitália feminina -, não correspondiam a seu gênero (o masculino).

Além disso, ao assumir essa condição, sofreu com o preconceito da família e se viu desamparado pela leis brasileiras, que ainda não reconhecem o direito de transexuais mudarem seus nomes nos documentos.

Mas Leonardo não desanimou. Foi procurar ajuda de ONGs e informações sobre a transexualidade. Hoje, aos 20 anos, apesar das dificuldades que enfrenta em seu dia a dia, tem algumas certezas: pretende se submeter a uma cirurgia de mudança de sexo e, quem sabe, alterar sua identidade social, ou seja, passar a ser chamado como sempre desejou: Leonardo Ponto.

Conheça um pouco mais sobre a história de Leonardo nesta entrevista exclusiva:

Conte-nos um pouco sobre você. Trabalha? Estuda?
Não tenho emprego, nem faço algum curso formal. Mas num momento como esse, em que as coisas estão se complicando dentro de casa, já comecei a me movimentar. Não ter independência financeira tendo essa condição de vida está bem difícil.

Como e quando descobriu que sua identidade de gênero era outra?
Demorou bastante, foi aos 19 anos. Sempre me percebi diferente das mulheres, sabia que tinha um lado masculino de alguma forma diferente do delas. Não foi assim tão óbvio associar isto à questão de gênero. Vim me dar conta ao conhecer o personagem Max Sweeney da série televisiva The L Word, um homem transexual. Tive uma identificação com o personagem tão grande que não esperei o episódio terminar para pesquisar sobre o assunto na internet. Foi assim que percebi ser um homem transexual e que minha angústia não só tem explicação, como tem solução.

De que forma você encara sua transexualidade?
Muitos transexuais afirmam que nasceram com o corpo errado, ou trocado. Eu já prefiro entender que nasci com o corpo "certo" (concordante com a genética), mas a identidade de gênero trocada. Mas independente da opinião formada, a necessidade é a mesma, como em outros casos: sinto que preciso me adequar à minha identidade de gênero, não à genética por necessidade psicológica, social e existencial. Não posso viver de outra forma senão como um homem de verdade.

Sua família e amigos te aceitam?
Os amigos sim, a família ainda não. Tive a sorte de ter estudado e posteriormente frequentado lugares em que as pessoas têm mente mais aberta. Os amigos da época do colégio, as pessoas que conheço das baladas, dos lugares, os amigos virtuais já me chamam de Leonardo, e ninguém até agora teve discriminação alguma comigo. Infelizmente a família está sendo incompreensiva com o meu desejo de mudar o corpo e a identidade social. Cheguei até a receber ameaças, mas pedi ajuda de ongs, as quais podem me dar apoio psicológico, de assistente social, e em último caso, jurídico. É uma pena que hoje em dia ainda tenham preconceito com nós, transexuais. Afinal, a ciência está totalmente do nosso lado.

Como você define sua orientação sexual?
Eu sou bissexual. Mas pendo mais para meu lado hétero que para o homo: gosto mais de mulheres que de homens. Projeto meu futuro estando ao lado de uma mulher, não ao lado de um rapaz.

Você disse em seu blog que sofre de disforia de gênero. Você já se consultou com especialistas? O que eles dizem sobre isso?
Solicitando informações na internet, encontrei apoio no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A medicina hoje em dia classifica a Disforia de Gênero (ou Transtorno de Identidade de Gênero - e futuramente também Incongruência de Gênero) uma patologia psiquiátrica. Está listada no CID e no DSM - as "bíblias" dos psiquiatras e psicólogos. Embora para o diagnóstico haja uma descrição vaga da transexualidade, evidências científicas apontam ser o transexual não um doente mental, mas sim uma pessoa normal psicologicamente com uma "neurodiscordância de gênero": a região do cérebro responsável pela auto-percepção de gênero nos aponta uma identidade de gênero discordante do sexo genético. Também há o consenso de que o transexual já nasce transexual, e não há como mudar este fato.

Você tem vontade de se submeter a uma cirurgia de redesignação sexual? Por quê?
Sim, eu tenho. Dei-me conta que parte da angústia que sinto é uma certa repulsa à forma feminina do meu corpo. Ele não reflete minha personalidade, minha vontade ou minha identificação. É só você imaginar como se sentiria um homem capado. Ou você ser visto via de regra como alguém que você não é. Não é exatamente fácil viver desse jeito.

Quais as principais barreiras que um(a) transexual enfrenta?
Nós passamos por uma incompreensão e uma mitificação tremendas pela maior parte das pessoas. Imaginam que somos doentes mentais, pessoas com desvio de conduta, promíscuos ou mito análogo. O preconceito vem na agressividade ou na descredibilidade que podem nos atribuir no dia-a-dia. Na hora de arranjar um emprego é bem complicado. Muitas vezes a família não aceita nem apóia. Digo isto me baseando em mim mesmo e em fatos narrados por colegas.

Também para alguns pode ser financeiramente inviável. Existem várias clínicas públicas e privadas que cuidam de transexuais no Brasil, mas não raro as filas de espera são imensas e realizar a transição com cirurgias e terapia hormonal acaba saindo muito caro. Nem todos podem arcar com uma cirurgia de 40 mil reais ou bancar psicólogo durante dois anos, já que no Brasil é o necessário para obter o laudo da cirurgia. Quanto a fazer as coisas na clandestinidade, é pedir para estar marginalizado da sociedade e passar por riscos à saúde, já que é necessário modificar os documentos e é recomendado ter acompanhamento médico durante anos.

Você também pretende mudar o sexo nos documentos? Como pretende fazer isso?
Claro. Pretendo estar num nível mais avançado na transição corporal para entrar com o pedido de retificação do meu registro de nascimento. Como não há legislação específica para os transexuais no Brasil, o que se pode fazer é torcer para o juiz ser bem informado ou ter boa vontade. É um processo moroso em geral, mas possível de ser realizado. O complicado será eu ter de dar uma explicação imensa que nem sempre será compreendida ou tolerada toda vez que precisar mostrar a identidade, receber correspondências, comparecer a uma entrevista de emprego etc.

Que tipo de preconceito você sofre no seu dia a dia?
Minha mãe acha que é psicose, tem vergonha da minha aparência e meu comportamento, tenho medo de sofrer uma violência física por parte de familiares. Já não bastasse ser tomado como uma aberração ou portador de doença psicológica por eles. Quanto aos que não me conhecem, passo em geral anônimo. Às vezes alguém percebe que meu corpo não é exatamente de um homem comum e me olha estranho, como se eu fizesse algo errado. Mas até hoje, graças a deus, nunca aconteceu nenhuma situação constrangedora.

Você acredita que um dia a transexualidade será melhor aceita na sociedade?
Sem dúvidas. Costumo batalhar para informar melhor as pessoas sobre essa questão em particular. Diferentemente dos homossexuais nós não temos a mesma visibilidade na mídia de massa. Tenho certeza que ao passo em que a homofobia for criminalizada e a união homoafetiva oficializada, nós transexuais também conseguiremos leis federais de proteção do uso de nome social, quem sabe melhores políticas públicas. Daí já teremos mais visibilidade social e as pessoas serão melhor informadas.

Fonte: http://dykerama.uol.com.br/src/?mI=1&cID=66&iID=2961&nome=Conhe%C3%A7a_a_hist%C3%B3ria_de_Leonardo,_que_sofre_com_o_preconceito_da_fam%C3%ADlia_por_ser_transexual

Alagoas vai aceitar nome social de estudantes trans em documentos


24/02/2010

Por Hélio Filho

Decisão do Conselho de Educação autoriza uso do nome social nas escolas de Alagoas.

Mais um Estado brasileiro vai passar a aceitar o uso do nome social de alunos e alunas transexuais e travestis nos documentos escolares de sua rede pública de ensino. Na última terça-feira, 23, o Conselho Estadual de Educação de Alagoas decidiu que vai registrar as e os estudantes maiores de 18 anos pelos nomes que mais os identificam.

O pedido para que os nomes sociais fossem aceitos foi feito ao Conselho em janeiro de 2008 pela ONG Pró-Vida LGBT, que tinha como objetivo diminuir o preconceito dentro do ambiente escolar e combater a enorme evasão de alunos e alunas trans – causada principalmente pelo constrangimento de não terem sua aparência reconhecida.

Em sua proposta, a ONG sustentou também que travestis e transexuais chamam mais atenção e, logo, são menos aceitos pela sociedade, gerando uma demanda ainda maior de políticas públicas direcionadas para este segmento. A decisão é válida em toda a rede estadual de ensino de Alagoas. Estudantes com menos de 18 anos devem pedir autorização dos pais ou responsável para solicitarem o uso do nome social.


terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Professora trans da depoimento na novela Viver a Vida


A professora da rede estadual de ensino, Marina Reidel, participou neste sábado, 20 de fevereiro, da novela "Viver a Vida", na Rede Globo. Ela é uma das personagens reais que dá seu depoimento no final do capítulo, contando um pouco de sua história de vida e superação de preconceitos.

Marina é transexual e leciona para estudantes de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental e afirma nunca teve problema com alunos ou pais.

"Nossa escola tem um perfil diferente porque nós já trabalhamos em parceria com o SOMOS, uma ONG em cursos de capacitação de professores para a diversidade sexual", explica."Eu mesma aprendi a lidar melhor com o tema no decorrer deste projeto. Estou aqui para mostrar que é possível trabalhar com todos os temas que envolvem preconceito e discriminação e aqui, na nossa escola, nunca tivemos conflitos com alunos, mães e pais ou qualquer membro da comunidade escolar".

Em 2006, Marina decidiu fazer a cirurgia para colocar prótese de silicone nos seios. A direção ficou receosa com a possível repercussão da mudança.

Mas, no período do afastamento, o professor substituto trabalhou em sala com os alunos a questão da diversidade sexual e explicou o motivo da cirurgia de Marina.

Ao retomar as atividades, Marina respondeu a perguntas dos alunos curiosos, mas não enfrentou nenhum tipo discriminação."Dentro da disciplina chamada de ética e cidadania, que substitui o ensino religioso, os alunos são incentivados a desenvolver projetos e pensar a questão do preconceito. Tenho certeza de que esses jovens vão sair da escola com uma cabeça diferente, não vão espancar trans na rua como acontece por aí", diz.





Fonte: http://tvhg.blogspot.com/2010/02/professor-trans-da-depoimento-na-novela.html e http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM1215261-7822-DEPOIMENTO+MARINA+REIDEL,00.html

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Terças trans nesta terça, dia 23/02/10.


Repassando:

"Olá Pessoal,

Nesta terça dia 23 tem reunião!!
Faremos um tema livre com troca de experiências!!
Um ótimo momento para sanar suas dúvidas e rever os amigos,
APAREÇAM!!!

Um beijo no coração,

Dia 23/02/2010 às 19h
Centro de Referência da Diversidade
Rua Major Sertório, 292/294 - Centro
Metrô República

Coordenação: Alessandra Saraiva
Organização: Associação da Parada GLBT de São Paulo e Centro de Referência da Diversidade.

Entre pro grupo de discussão do Terças Trans:
http://br.groups.yahoo.com/group/tercas-trans/ "

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Colaboração.


Venho novamente pedir a colaboração de todos. Estou a procura de homens trans gays, ou bisexuais, que tenham vontade de partilhar suas histórias de vida.

É sabido que mesmo os profissionais que lidam com sexualidade e suas vertentes tem dificuldade em aceitar, e entender, alguém que não funcione em um padrão heteronormativo.

Visto isso, seria interessante que essas pessoas contassem um pouco da sua caminhada, ajudando dessa forma não somente alguém que possa estar na mesma situação, mas a si mesmo também.

Com exemplos concretos fica mais fácil desmistificar algumas situações, e clarificar que orientação sexual e identidade de gênero são situações distintas.

Como é de praxe neste blog, a privacidade da pessoa será respeitada, e nada além do que o indivíduo permita será divulgado.

Quem tiver interesse em participar basta enviar o (s) texto (s) para o email que se encontra no blog. Só peço a gentileza de ser em no máximo duas páginas de formato A4 e com fonte 12.

Conto com a colaboração de vocês.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Quanto Dura o Amor?" ("Paulista") Recebe Dois Prêmios em Los Angeles

Drops Magazine - por Paulo Neto

12/02/2010

O Hollywood Brazilian Film Festival, produzido por Talize Sayegh, em sua segunda edição, encerrou-se esta semana, em Los Angeles, e reuniu celebridades brasileiras (Malvino Salvador, Luciano Szafir, Guilherme Berenger, Kiara Sasso), produtores e diretores americanos interessados no cinema brasileiro.

O filme de Roberto Moreira, "Quanto Dura o Amor?" encantou os americanos e saiu do festival consagrado como Melhor Filme.

A paulista Maria Clara Spinelli arrebatou corações brasileiros e estrangeiros e recebeu o troféu de Melhor Atriz.

CAUÃ REYMOND recebeu um prêmio por estar despontando como novo talento em vários filmes como "Divã", "Se Nada Mais Der Certo" e "À Deriva".

JOÃO MIGUEL ("Estômago", "Cinema, Aspirinas e Urubus") recebeu um prêmio especial e os principais vencedores foram:

Melhor Filme: "QUANTO DURA O AMOR?", de Roberto Moreira
Melhor Direção: SUZANA AMARAL, por "Hotel Atlântico"
Melhor Ator: JÚLIO ANDRADE, em "Hotel Atlântico"
Melhor Atriz: MARIA CLARA SPINELLI, em "Quanto Dura o Amor?"

Fonte:http://www.dropsmagazine.com.br/colunas.php?id=000007

NAB: Para quem não está entendendo esta notícia : a personagem da atriz Mª. Clara Spinelli é uma mulher transexual no filme, e a própria atriz também o é. Além disso, esse é o segundo prêmio internacional que Mª. Clara recebe pela sua atuação no filme Quanto Dura o Amor.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

FRANÇA: Transexualidade deixa de ser considerada "doença"


Sábado, 13 Fevereiro 2010

Transfofa para PortugalGay.pt Notícias

Nesta última quarta-feira foi publicado um decreto do Ministério da Saúde francês desqualificando o transtorno de identidade de género como problema psiquiátrico.

Assim, a França torna-se no primeiro país do mundo a fazê-lo.

Esta alteração já tinha sido anunciada em Maio de 2009 pela ministra da Saúde francesa, Roselyne Bachelot, no dia anterior ao dia mundial de luta contra a homofobia e a transfobia, que teve o seu foco precisamente na transfobia, facto que em Portugal passou despercebido pela maioria das associações LGBTTI.

Como reacções, Joel Bedos, do Comité do International Day Against Homophobia and transphobia (IDAHO) realçou que "A França é o primeiro país do mundo a não considerar a transexualidade como doença mental", e Sophie Lichten, do mesmo Comité, acrescenta que "a próxima luta será a obtenção da mudança de sexo nos documentos" indicando que "presentemente é necessária a CRS para se poder mudar o sexo nos papeis, quando metade da população transexual não necessita de mudar fisicamente de sexo".

A exclusão da transexualidade das patologias mentais não retira nenhum dos benefícios previamente adquiridos, tais como cuidados médicos, comparticipações, etc.

Esta classificação deriva do CIM 10 (índex internacional de doenças), actualmente em vigor, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e do DSM-IV da Associação Psiquiátrica Americana (APA).

Fonte: http://portugalgay.pt/news/Y130210A/franca:_transexualidade_deixa_de_ser_considerada_doenca

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Histórias de Vida IX - Por B.K.S.


Até aonde temos que ir para sermos nós mesmos?

Essa foi a pergunta que me veio a cabeça recentemente, mas antes de contextualizar tal questão, acho que tenho que trazer ao leitor algumas informações sobre mim; bem como pretendo neste texto, por questões obvias, manter o anonimato serei em alguns pontos vago.

O primeiro ponto necessário a ser compartilhado, é claro para quem leu essas palavras até agora: não escrevo bem. Eu até gostaria de dominar as palavras de uma maneira que tudo que eu escrevesse fosse tão claro e transmitisse as emoções da minha própria fala, e que claro, dominasse a língua portuguesa de uma forma que fosse fácil escrever. Contudo não tenho esses adjetivos, mas tenho a convicção que esse é um ótimo meio para expressar e compartilhar idéias, pensamentos, sofrimentos, angustias, até mesmo a felicidade, e quem sabe, uma dia eu ainda não fique bom?!!!

Bom, tenho 21 anos, estou prestes a me formar, e sou um transexual FTM embora para mim eu seja um homem como outros desde do dia em que nasci. Ocorre que para todo transexual as coisas não são tão fáceis assim, pois para ser considerado um homem, pelo menos socialmente e esteticamente, também se tem alguns requisitos; tudo isso que eu disse é obvio.

Daí surge o tema que venho tratando. Acabei de me sujeitar a segunda cirurgia das três que terei que fazer antes de me tornar quem realmente sou. E no caminho da sala de cirurgia para fazer a histerectomia, a única coisa que me vinha à cabeça era: o que eu não tenho que fazer para ser quem eu realmente sou?

E hoje me perguntei a mesma coisa.

Tive algumas respostas sabe, e concluí que para ser eu mesmo, desde muito novo abri mão de muitas coisas que são meu verdadeiro eu: em um primeiro momento, abri mão da minha família, porque nunca foi e não é tranqüilo lidar com o fato de você ser alguém que as pessoas, pelo menos em um primeiro momento não vêem em você. Afastei-me da minha mãe, irmã, avós, tios, e sabe por que? Não podia dizer quem eu realmente era, tinha que ser quem eles imaginavam que eu fosse, então em muitos momentos eu fui duas pessoas. Para aqueles que eu não conhecia era o rapaz alegre, chato, amigo, criterioso, e que dava valor as amizades, e para minha família eu era a menina diferente, com problemas, agressiva, que precisava de cuidados diferentes, e que em alguns momentos se afastava de todos porque estava "cansada" de fingir ser uma pessoa que não era. Nesta época me magoei muito e os magoei também. Não sabia lidar com essa situações e criei feridas que sei que nunca vou apagar.

Fase difícil...

Lembro-me de algumas coisas e tenho vontade de chorar, mas eu lutei pelo que eu quis, e a minha família da maneira deles, foi a melhor possível; me apoiou, deu suporte, e deu o mais importante: estudo, carinho, um lar. Isso ficou meio que por conta da minha mãe, já que não convivi muito com meu pai e nem sua família.

Hoje estou num projeto de transexualidade desenvolvido na minha cidade há algum tempo, tomo hormônios, e como disse, estou avançando no meu “tratamento”, entretanto o enfoque destes parágrafos é sobre o que eu perdi além de alguns anos de convívio familiar e de carinho: perdi milhares de amores que nunca poderia ter, perdi milhares de aparições que queria fazer em diversas coisas pois não poderia aparecer do jeito que todos me viam naquele momento, perdi horas e horas pensando em soluções para esconder traços femininos, perdi possíveis amizades e amores por preconceito, deixei de fazer inúmeras coisas que gostaria porque ninguém me aceitaria como eu era. E continuo perdendo com as escolhas que fiz. Perdi a possibilidade de ter um filho com meu material genético, e me coloquei em uma situação difícil, isso porque escolhi ser eu mesmo.

Atualmente eu não sou como outro cara, e nunca serei. Não sei se algum dia terei uma vida sexual igual a de um homem biológico, e inúmeras vezes terei que me explicar a pessoas sobre o meu passado, isso sem contar namoradas, coisa que não pretendo fazer mais, porque estou feliz com a minha.

Mas isso não muda o fato de que para ser quem eu sou, tive que optar pelo mais difícil, tive que estar escondido para que pessoas não soubessem meu nome, tive que inventar historias e até aprendi a ler lábios. Tornei-me um grande observador, e apreendi a me virar sozinho, a sempre ter uma carta na manga, aprendi a ver a diversidades com outros olhos e entendi que um pênis não poderia ser tudo, mesmo sendo uma coisa que desejasse muito. Aprendi o que é preconceito, e o que e ser olhado de maneira indiferente por certas pessoas, quando você é exatamente igual.

A minha situação me fez ver diversas coisas e fazer milhares de escolhas, até hoje as faço, penso "será que posso ser isso ou aquilo", ou "melhor não, assim as pessoas saberão do meu passado e eu não quero isso" ou "nossa, melhor não fazer isso vou me expor demais e logo todos falarão de mim".

Enfim eu deixei, e deixo muito de mim a cada dia, por querer ser o que sempre fui. Todavia por incrível que pareça estou na fase mais feliz da minha vida. É porque para mim seria impossível ser aquela menininha que todos queriam que eu fosse, então mesmo que eu não tenha aparecido como gostaria, hoje tenho outros horizontes; sonho em me formar, regularizar a minha situação legal, adotar meus filhos ou fazer inseminação, reconquistar minha família, consolidar o meu nome, ser aquele que eu sou com todo mundo, e é por isso que mesmo que ainda tenho que fazer mais algumas cirurgias. Tento ver isso como uma fase de adaptação para um dia chegar a ser quem eu sempre fui, mesmo que isso me custe tomar injeções de hormônio a vida inteira, tomar remédios para espinhas e ter que reconstruir o meu verdadeiro eu.

Tudo isso para mim vale a pena; não penso no que eu perdi, mas sim no que vou conquistar.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

EUA: Propostas alterações sobre transtorno de identidade de género no DSM-5


Quinta-feira, 11 Fevereiro 2010

Transfofa para PortugalGay.pt Notícias

O grupo de trabalho da American Psychiatric Association (APA) anunciou as propostas de revisão e adição ao Diagnostic and Statistical Manual (DSM).

Este manual é considerado como a "bíblia" dos profissionais de saúde mental, sendo comummente usado para diagnosticar doenças mentais. A nova versão, a quinta, prevista para sair em 2012, será publicada sómente em 2013.

As propostas mais significativas relativas à transexualidade incluem:

- A alteração do nome "Transtorno de Identidade de Género" para "Incongruência de Género" (IG), em resposta a uma auscultação da população transexual. O grupo de trabalho realça que a alteração de nome tem a intenção de reduzir a estigmatização da "condição" da população transexual. Em adição, o que era anteriormente referido como "uma forte e persistente identificação com o outro género" é agora referido como "uma marcada incongruência do género expressado com o género atribuído".

- Dentro da "Incongruência de Género", referências "ao outro sexo" é substituído por "ao outro género". Estas alterações têm dois propósitos: 1) a capacidade de diagnosticar pessoas intersexuais (pessoas com "desordens de desenvolvimento sexual") como IG; 2) permitir que pessoas que fizeram a transição com sucesso estejam livres deste diagnóstico.

É considerada como IG (em adolescentes e adultos) quem tenha uma marcada incongruência entre o género vivenciado/expresso e o sexo atribuído à nascença por, pelo menos seis meses, manifestando-se por dois ou mais dos indicadores seguintes:

1- uma marcada incongruência entre o género vivenciado/expresso e as características sexuais primárias e/ou secundárias (ou, em adolescentes, as características sexuais antecipadas)

2- um forte desejo de se livrar das características sexuais primárias e/ou secundárias por causa de uma marcada incongruência com o género vivenciado/expresso (ou, em adolescentes, o desejo de impedir o desenvolvimento das características sexuais secundárias antecipadas)

3- um forte desejo de ter as características primárias e/ou secundárias do outro género

4- um forte desejo de pertencer ao outro género (ou algum género alternativo diferente do atribuído)

5- um forte desejo de ser tratado como pertencente ao outro género (ou algum género alternativo diferente do atribuído)

6- uma forte convicção de que se tem os sentimentos e reacções típicos do outro género (ou algum género alternativo diferente do atribuído)

Não directamente relacionado, mas também importante:

- A distinção entre "parafilias", que não causam desconforto ou compromisso e portanto não necessitam de intervenção psiquiátrica, e "transtornos parafílicos" que causam desconforto e compromisso e requerem intervenção psiquiátrica. O grupo de trabalho faz notar que "esta aproximação deixa intacta a distinção entre comportamento sexual normativo e não normativo, o que pode ser importante para cientistas, mas sem rotular automaticamente o comportamento sexual não normativo como psicopatológico."

Para ler as alterações propostas visite http://www.dsm5.org/. Comentários às alterações propostas estão a ser aceites até 20 de Abril de 2010.

Fonte: http://portugalgay.pt/news/Y110210A/eua:_propostas_alteracees_sobre_transtorno_de_identidade_de_genero_no_dsm-5

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Travestis e transexuais do DF já podem usar nome social em registros escolares


Última atualização em Qua, 10 de Fevereiro de 2010 11:13
Escrito por Agência Brasil
Qua, 10 de Fevereiro de 2010 11:13

Travestis e transexuais matriculados na rede pública de ensino do Distrito Federal já podem incluir o nome social (como preferem ser chamados) nos registros escolares, como prevê a Portaria nº 13, publicada na edição de hoje (10) do Diário Oficial do DF.

Para ter a inclusão do nome social, o estudante maior de 18 anos deve manifestar seu desejo por escrito na escola, no ato da matrícula ou a qualquer momento no decorrer do ano letivo. Os menores devem ter a autorização dos pais para que a inclusão seja feita. O nome será usado no diário de classe e nos demais registros internos. No histórico escolar e em declarações e certificados haverá apenas o nome civil.

A Secretária de Educação do Distrito Federal, Eunice Santos, diz que a medida tem como objetivo criar um ambiente educacional que trabalhe com a diversidade.

“Não queremos banalizar ou desconsiderar o registro oficial. Apenas queremos respeitar o seu direito de escolha e fazer que ela [a pessoa] se sinta incluída no ambiente social, principalmente na instituição educacional, que é o primeiro contato social fora do ambiente familiar.”

O estudante Felipe Dias*, homossexual assumido, embora não seja nem transexual nem travesti, acredita que a medida é uma maneira de reduzir a homofobia nas escolas.

“Acredito que essa medida ajudará a reduzir o preconceito contra os homossexuais em geral. Somos iguais independentemente da orientação sexual. Acima de tudo o respeito deve prevalecer, principalmente no ambiente escolar.”

A medida adotada pela Secretaria de Educação se baseia no estudo Relevando Tramas, Descobrindo Segredos: Violência e Convivência nas Escolas, realizada pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana em 2008. O trabalho teve a participação de 9.937 estudantes e 1.339 professores, em 84 escolas do DF.

Para implementar as determinações da portaria, professores receberam treinamento no sentido de trabalhar a diversidade sexual. Segundo a secretária de Educação, o projeto do Distrito Federal é pioneiro, mas outros estados já manifestaram interesse em adotar iniciativa semelhante.

Fonte:http://www.ecosdanoticia.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=9176:travestis-e-transexuais-do-df-ja-podem-usar-nome-social-em-registros-escolares-&catid=10:acre-brasil&Itemid=36

Após humilhação, transexual consegue nome social em Bilhete Único


Por Marcelo Hailer 10/2/2010 - 13:08

A ativista Carla Machado nem sabia, mas na tarde de ontem se tornaria a primeira mulher transexual da cidade de São Paulo a retirar o Bilhete Único com o nome social. Isso baseando-se na lei municipal (decreto 51.181/2010) que garante tal direito. Também seria chamada de "senhora" pelos jovens atendentes do posto e na hora de tirar foto para a carteirinha escutaria um sonoro "Carla", avisando que era sua vez...

Pra muita gente tal relato pode parecer coisa simples, mas para quem está acostumado a ser chamada de "homem" e "traveco", mesmo com aparência e identidade feminina, a vitória acima dificilmente cairá no esquecimento, porém, antes disso...

"Seu nome é Alexandre"

Na segunda-feira (08/02) Carla foi retirar o seu bilhete único no posto localizado próximo ao metrô Marechal Deodoro. O que deveria ser um procedimento de 30 minutos, no máximo, virou um imbróglio de dois dias que culminou em abertura de processo contra o Estado.

Primeiramente Carla foi atendida por uma moça chamada Ana, "muito simpática", diz. Carla explicou à atendente que há uma lei municipal que a permite usar o nome social em documentos. A moça não questionou, mas quando levou o caso ao responsável pelo posto, o senhor José Lima, este disse que sob a sua gerência "isso não iria acontecer".

Ao escutar a negativa, Machado tentou explicar ao supervisor do posto de atendimento que já havia passado por uma cirurgia de adequação genital e que tem um processo judicial em tramitação para a mudança do nome em seus documentos. Sem sucesso. Lima nem a deixou terminar de falar e começou a chamá-la de "senhor".

"Seguinte meu senhor", começou o gerente, "aqui não tem nada disso, seu nome é Alexandre", em seguida avisou que o "seu problema pessoal você pode brigar com quem quiser, com a justiça, mas aqui é do jeito que eu quiser". Não houve acordo e o sujeito começou a gritar e chamá-la pelo nome de registro e dizer que, se ela insistisse iria processá-la por "falsidade ideológica".

Carla ainda tentou explicar a respeito da lei municipal e de seu decreto, mas não houve acordo e as grosserias homofóbicas continuaram. "Que decreto nada, ninguém seria louco de assinar um negócio desses".

"O corpo é de mulher, mas você é homem"

Carla resolveu voltar ao mesmo posto no dia seguinte, terça-feira (09/02), mas desta vez acompanhada de seu amigo Jack e com a reportagem do A Capa. Todos a paisana, como se fossem clientes em busca de informação. O relógio marcava 13h30 e Carla foi avisada de que o gerente estava em horário de almoço. Algum tempo depois chegaram Franco Reinaudo, coordenador da CADS (Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual) e Gustavo Menezes, advogado da órgão.

Quinze minutos depois o responsável pelo posto de atendimento, José Lima, chegou. Com o palito de dente no canto da boca e expressando fadiga pós-refeição, o sujeito já olhou para Carla e soltou um "você de novo". Carla novamente começou a explicar e o gerente bufava e disparou "em outro lugar pode ser que façam, aqui não".

Nesse momento Gustavo se identificou enquanto advogado de Carla e começou a explicar a situação ao atendente e que ele poderia ser enquadrado na lei estadual 10.948/01, que pune administrativamente atos homofóbico em São Paulo. O homem fez cara de poucos amigos e não se intimidou.

"Aqui eu vejo outra pessoa, o corpo pode ser de mulher, mas é homem", disse o gerente. Pacientemente Gustavo explicou que Carla é mulher transexual, que havia passado pela cirurgia, falou sobre a lei e mostrou o decreto ao atendente. Não houve acordo. Menezes o informou de havia testemunhas de que ele se negara a dar entrada no Bilhete Único com o nome social e de que ele seria intimado a depor. Assim, todos se retiraram do local.

Por conta do posto de Bilhete único estar sob a gerência do Metrô, Franco Reinaudo não pode intervir enquanto autoridade municipal e fazer com que o processo da retirada do bilhete fosse iniciado. A história não ficaria por ali. O advogado e a reportagem acompanharam Carla até outro posto. O endereço era no Shopping Light, no centro de São Paulo.

Vinte dias

Com o decreto em mãos, chegamos ao posto do Bilhete Único localizado no Viaduto do Chá, dentro do Shopping Light por volta das 15h. O movimento era mais constante do que o endereço anterior. Carla pegou uma senha e aguardou ser chamada. Trinta minutos depois chamaram pelo seu número.

Carla explicou ao jovem atendente o que estava buscando. Muito simpático, o rapaz avisou que iria ligar para a central e se informar a respeito do decreto e de que maneira deveria prosseguir. Cinco minutos mais tarde o jovem retornou e avisou que estava autorizado a fazer o Bilhete Único com o nome social de Carla. Porém, o funcionário avisou que não tinha o formulário necessário. Feliz, Gustavo avisou que o tinha em seu pen drive.

Documentos impressos e assinados. Carla tirou foto para o documento e foi avisada de que em "vinte dias" o Bilhete Único estará pronto. Ao receber tal informação Carla não se conteve e afirmou que de agora em diante não vai mais usar o RG, apenas o Bilhete. À reportagem, o atendente disse que a direção avisou que irão substituir todo o sistema e adequá-lo a nova lei e que há uma demanda grande de travestis e transexuais com questão idêntica a de Carla.

Mesmo vitoriosa Carla decidiu que ia abrir processo contra a administração do Metrô. Às 19h o processo já estava aberto, na Decradi - Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.

À reportagem do A Capa Carla disse que está se "sentindo vitoriosa" e que nunca tinha se dado conta de um decreto "fora do papel". Sobre o documento em si, ela revela que em seus "37 anos de vida nunca poderia imaginar que teria um documento com a minha foto dizendo que eu sou Carla, pois a justiça me nega isso há anos".

A trans, no entanto, não esquece a humilhação sofrida. "A cara de nojo daquele homem, representa para mim o mesmo nojo que o Estado sente por pessoas como eu", desabafou. Para ela tal situação é o Estado a humilhando desde que nasceu. "Aquele cara representa o Estado que me humilha".

A história se encerrou na Decradi, quando Carla Machado abriu o processo. Se Carla é a primeira mulher trans da cidade de São Paulo a retirar o Bilhete Único com o nome social, com certeza não será a última a processar o Estado por homofobia e discriminação.

Fonte: http://acapa.virgula.uol.com.br/site/noticia.asp?codigo=10269&titulo=Ap%F3s+humilha%E7%E3o%2C+transexual+consegue+nome+social+em+Bilhete+%DAnico+

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Enquanto isso na natureza II...


Galinha passa por rara mudança de sexo na Índia.

24 de maio de 2007

Uma galinha da vila de Kamat-Chengrabanda, no nordeste indiano, teria passado por uma rara e espontânea mudança de sexo, segundo o veterinário Partha Sarathi Ghose. Para ele, a ave passou por um processo natural de mudança de sexo.

Seis meses atrás, a galinha ainda chocava ovos, mas então começou a nascer uma crista de galo na sua cabeça, de acordo com Ghose, que citou o relato do proprietário da ave, Haziruddin Mahammad.

No início desta semana, ele e uma equipe de especialistas visitaram a vila de Kamat-Chengrabanda, onde ocorreu o fenômeno. "Claro que é raro", disse o veterinário, afirmando ainda que o dono do animal considerou o fato um milagre e se recusou a entregar a galinha aos profissionais.

"De vez em quando ouve-se uma história de uma galinha que trocou de sexo e virou um galo. Essas histórias, em geral, são ouvidas com certo ceticismo, mas mudanças de sexo ocorrem de fato, embora não com muita freqüência", informa um relatório publicado pelo Instituto de Ciências Alimentares e de Agricultura da Universidade da Flória, nos Estados Unidos.

Conforme o instituto, mudanças espontâneas de sexo podem ser resultados de danos ao ovário do animal. O estudo afirma ainda que há registros de que esses animais podem dar cria, embora isso raramente aconteça.

AP - Copyright 2007 Associated Press. Todos os direitos reservados.

Fonte: http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1640107-EI8145,00.html

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Fortaleza aceita uso do nome social de trans em escolas


08/02/2010 - Por Hélio Filho

Portaria assinada em Fortaleza garante que trans usem os nomes que criaram A Secretaria Municipal de Educação (SME) e a Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) de Fortaleza assinaram, no fim de janeiro, uma portaria que garante o uso do nome social por alunos e alunas trans em sua rede de ensino. A Portaria nº 03/2010 foi um presente dado durante o Dia da Visibilidade Trans, 29 de janeiro.

O objetivo do documento é combater a discriminação da população LGBT e promover o respeito à dignidade, fazendo com que os e as alunas se apresentem ao mundo com o nome com o qual melhor se sentem. A resolução é válida somente no âmbito da rede municipal de ensino.

Ela garante que o nome escolhido pelo aluno será aplicado ao lado do nome civil nos registros, cadastros, listas de presença e demais documentos oficiais relacionados à educação. A Portaria prevê também que o tratamento destas pessoas seja também pelo nome social, “aquele pelo qual travestis e transexuais se reconhecem, bem como são identificados por sua comunidade em seu meio social”.

Fonte: http://mixbrasil.uol.com.br/pride/seus-direitos/fortaleza-aceita-uso-do-nome-social-de-trans-em-escolas.html

Sistema Endócrino II


Mineralcorticóides

O principal mineralcorticóide segregado quase independentemente do ACTH da pituitária é a aldosterona. A secreção de aldosterona é principalmente controlada pelos níveis de potássio e sódio no soro e através de um sistema de controle da pressão arterial chamado sistema “renin-angiotensin”. A principal ação da aldosterona é a retenção de sódio. Onde há sódio, estão associados íones e água. Portanto, a aldosterona age profundamente no equilíbrio dos líquidos, afetando o volume intracelular e extracelular dos mesmos. A aldosterona tem efeito oposto em níveis de potássio do soro já que ela fica na urina em troca do sódio nos túbulos renais. Glândulas salivares e sudoríparas também são influenciadas pela aldosterona para reter sódio e o intestino aumenta a absorção de sódio como reação à aldosterona.

Os níveis de aldosterona aumentam e causam retenção de líquidos em doenças como parada cardíaca congestiva e cirrose hepática. Certos diuréticos agem neutralizando a aldosterona. Em contraste com a maioria dos diuréticos que causam perda de potássio, os neutralizadores de aldosterona aumentam o potássio do sangue e às vezes são usados para este fim.

Glucocorticóides

O principal glucocorticóide é o cortisol. O cortisol tem importantes efeitos no controle e no metabolismo dos carboidratos, lipídios, proteínas e ajuda na reação metabólica ao estresse, especialmente o estresse crônico. Ele causa a liberação de glicose pelo fígado através do aumento da produção de glicose pelos ácidos graxos (subprodutos da decomposição dos lipídios) e aminoácidos. O cortisol faz com que os tecidos absorvam menos glicose do sangue e mobiliza a decomposição das gorduras. O efeito líquido é o aumento das concentrações de glicose no soro as quais protegem o cérebro, que não pode usar nenhuma outra fonte de combustível que não a glicose. O cortisol também estimula a decomposição das proteínas para a formação de glicose em todos os tecidos com exceção do fígado onde ele estimula a síntese das proteínas.

Em altas concentrações (maiores que as fisiológicas) os glucocorticóides (como a hidrocortisona ou prednisona) são úteis para o tratamento de alergias e inflamação. Cada etapa do processo inflamatório é bloqueada pelos glucocorticóides quando administrados sistemicamente (injetável ou oral). A aplicação tópica de glucocorticóides tem efeitos antiinflamatórios locais. Acredita-se que a atividade antiinflamatória dos glucocorticóides é principalmente devida à estabilização das membranas celulares e à inibição de fosfolipases e portanto, da síntese da prostaglandina. A reação imunológica também pode ser suprimida pelo uso de glucocorticóides. Eosinófilos e linfócitos diminuem na circulação afetando a imunidade celular e humoral. Os glucocorticóides são usados para muitos outros distúrbios, inclusive asma, doenças renais, reumáticas como lúpus e doença inflamatória do intestino.

Tiróide

A tiróide é um grande órgão endócrino que serve principalmente para controlar o metabolismo. Está situada no pescoço entre a traquéia e a laringe, tem dois lóbulos e um istmo fazendo a conecção. A glândula é composta de muitos folículos minúsculos que são, com efeito, glândulas funcionando separadamente com uma única camada de revestimento epitelial. Cada folículo apresenta uma forma de armazenamento dos hormônios tiroideanos em circulação, tiroglobina. A tiroglobina é uma grande molécula de proteína que contém cópias múltiplas da tirosina aminoácida. Os hormônios tiroideanos são modificações muito simples da tirosina aminoácida. O iodeto acrescentado a um ou dois pontos no aminoácido faz com que duas das tirosinas modificadas se combinem para formar um dos dois hormônios tiroideanos, tiroxina (T4) ou triiodotironina (T3). Os hormônios tiroideanos são então isolados da tiroglobina, como necessário, e liberados na circulação. Os folículos tiroideanos acumulam iodo extraindo-os do sangue e conservando-os dentro do lúmen do folículo. Esta habilidade em armazenar hormônios em uma grande molécula é específica da tiróide.

Ambos os hormônios T4 e T3 entram nas células e se combinam a receptores intracelulares por meio dos quais aumentam as capacidades metabólicas da célula. A mitocôndria e as enzimas mitocondriais são aumentadas, influenciando assim, o metabolismo celular. Os hormônios tiroideanos são necessários para o crescimento e o desenvolvimento normais. Eles têm efeitos metabólicos na síntese das proteínas, no metabolismo dos lipídios e dos carboidratos.

Também produzido por células parafoliculares dentro da tiróide está o hormônio polipeptídeo, calcitonina. Ele funciona na preservação do cálcio, diminuindo os níveis de cálcio no sangue. Quando os níveis de cálcio no soro forem excessivos, a calcitonina é liberada. Ela inibe a reabsorção óssea (inibindo a atividade osteoclasta), permite a perda de cálcio na urina e portanto diminui o cálcio no sangue. Ela se opõe à ação do hormônio da paratiróide e tem sido clinicamente usada para o tratamento de osteoporose.

Paratiróide

As quatro glândulas paratiróides ficam sobre a glândula tiróide, em nodos separados e espalhados fora dos quatro quadrantes da tiróide. O hormônio da Paratiróide está sob o controle direto por “feedback” dos níveis de cálcio na circulação. Se os níveis de cálcio caem, então o hormônio da paratiróide é liberado. Com a elevação dos níveis de cálcio, a liberação do hormônio é reduzida. O hormônio da Paratiróide promove a reabsorção do cálcio pelos ossos, rins e intestinos.

Pâncreas

O pâncreas é uma glândula mista: exócrina e endócrina. A porção exócrina produz muitas das enzimas digestivas necessárias à função gastrointestinal. A porção endócrina compreende ilhas distintas de células, chamadas ilhotas de Langerhans. Estas células, situadas dentro das ilhotas, produzem dois hormônios que regulam a concentração de glicose no sangue. A insulina é um hormônio polipeptídeo produzido pelas células beta que reduzem o nível de glicose na circulação. É o único hormônio que reduz os níveis de glicose da circulação, é segregado como resposta aos níveis altos de glicose e está sujeito a controle por “feedback” negativo. A insulina faz com que as células absorvam glicose, estimula o armazenamento de glicose, e inibe a sua produção. As anormalidades na secreção ou na resposta das células à insulina provocam o distúrbio denominado diabetes mellitus.

O glucagon é uma pequena proteína produzida pelas células alfa, dentro das ilhotas, que causa a elevação do nível de glicose no sangue. Sua liberação é controlada pelos níveis de glicose no sangue. Com a queda destes níveis, cresce a liberação de glucagon que causa o armazenamento de glicose e sua síntese até que os níveis estejam aumentados e a liberação de glucagon seja então reduzida por “feedback” negativo. O glucagon se opõe às ações metabólicas da insulina. Esta oposição, mais o controle por “feedback” negativo dos níveis de glicose, mantém um controle bastante severo dos níveis de glicose no sangue.

Testículos

A testosterona é teoricamente o hormônio dos testículos e é sintetizada a partir do colesterol pelas células de Leydig. A secreção de testosterona está sob o controle do LH da pituitária. A secreção de LH diminui com o aumento dos níveis de testosterona no sangue através de “feedback” negativo. A testosterona desenvolve e mantém as características sexuais secundárias masculinas, é anabólica, promove o crescimento e participa da formação do esperma. Também causa comportamento agressivo e aumenta a libido. Os andrógenos (hormônios masculinos) fazem aumentar os pelos do corpo enquanto os cabelos do couro cabeludo diminuem.

Tal qual outros esteróides, a testosterona penetra nas células, combina-se com um receptor intracelular e então causa a produção de mRNA, codificando as proteínas que manifestam as mudanças induzidas pela testosterona. Em alguns tecidos é produzida uma forma de testosterona, DHT, que tem maior estabilidade em combinação com o receptor e portanto produz um efeito mais duradouro. O DHT é necessário para a maturação das glândulas associadas e da genitália externa, enquanto a testosterona é mais importante para o crescimento da massa muscular, desenvolvimento da genitália interna, manutenção da libido masculina e vigor sexual.

Outro hormônio produzido pelos testículos é o hormônio polipeptídeo, inibina, produzido pelas células Sertoli. Ele inibe a secreção de FSH agindo diretamente sobre a pituitária.

Ovário

Os ovários produzem os hormônios esteróides (estrogênio e progesterona) responsáveis pelo desenvolvimento de características sexuais secundárias. Eles desenvolvem e mantêm a função reprodutiva feminina. Os estrogênios, especificamente, são segregados pelas células internas “theca” e pelas células “granulosas” do folículo ovariano, do corpo lúteo e da placenta. O LH proveniente da pituitária anterior combina-se com os receptores das células internas “theca” ou “granulosas” causando a produção de estradiol a partir do colesterol ou de um precursor “androstenedione” que passa das células “theca” às células “granulosas”. A progesterona é segregada principalmente pelo corpo lúteo e pela placenta, mas uma parte é produzida pelo folículo em desenvolvimento. O “feedback” negativo a partir da progesterona diminui a secreção de LH sendo que grandes doses podem impedir a ovulação.

O estradiol é o principal e mais potente estrogênio segregado, embora o estrona e o estriol também possam ser encontrados na circulação. Como outros hormônios esteróides, os estrogênios entram nas células alvo, combinam-se com um receptor do núcleo e causam a produção de mRNAs que, quando transformados em proteínas, modificam a função das células. Os estrogênios são metabolizados pelo fígado e segregados na bílis onde uma parte é reabsorvida pelo organismo. São excretados metabolitos de estradiol na urina.

Os estrogênios presentes na corrente sanguínea inibem a liberação de FSH e LH, em algumas circunstâncias, por “feedback” negativo. Outras vezes, como nas oscilações do LH preovulatórias, os estrogênios aumentam a liberação de LH, por “feedback” positivo. O estrogênio também aumenta a excitabilidade do músculo uterino liso, a sensibilidade miometrial à oxitocina e ainda aumenta a libido das mulheres, agindo diretamente sobre os neurônios do hipotálamo.

Os estrogênios abaixam o colesterol do plasma, inibem a arterogênese (formação de placa nos vasos sanguíneos), e protegem contra o infarto do miocárdio, como indica a incidência mais baixa de ataques cardíacos e de arterosclerose em mulheres pré-menopausadas.

A progesterona tem como principais alvos o útero, as mamas e o cérebro. Proporciona o desenvolvimento dos tecidos da mama, causa mudanças no revestimento endometrial durante a fase lútea do ciclo, diminui a excitabilidade das células miometriais e a sensibilidade uterina à oxitocina.

As células do folículo em desenvolvimento também produzem a inibina, hormônio polipeptídeo que inibe a secreção de FSH agindo diretamente sobre a pituitária.

Pineal

A glândula pineal pode ser encontrada no fundo do cérebro, sobre o terceiro ventrículo, em estreita comunicação com o fluido cérebro-espinhal. Nos adultos, a glândula pineal pode ser vista, freqüentemente, em radiografias do cérebro devido à acumulação de fosfato de cálcio e carbonato em pequenos grânulos chamados de areia pineal. As células da glândula pineal segregam o hormônio melatonina em um ciclo diurno (a quantia muda ao longo do período de 24hs) em que a quantia permanece baixa durante a luz do dia, e aumenta durante as horas escuras. Esta variação diurna é controlada através da norepinefrina proveniente do nervo simpático que é regulada pelo ciclo claro-escuro do meio ambiente.

Embora algumas pessoas usem suplementos de melatonina para tratar a insônia, este efeito não foi comprovado em experiências científicas. Tem havido relatos de insônia e depressão aumentadas, assim como outros efeitos colaterais associados ao seu uso.

Fonte: http://www.hghforever.com/ipendocrine.asp

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Sistema endócrino I


Tanto se fala de hormônios, endocrinologista, exames de sangue e por aí vai, mas você sabe, ou tem idéia de como funciona nosso sistema endócrino?

Por mais que pareça chato, é importante saber o que é produzido no seu corpo, de onde vai, para onde vem e o que provoca. Quanto mais informação tivermos sobre onde estamos pisando, mais você pode questionar seu médico, e o principal, saber o que está ocorrendo com você.

Ajuda também a entender porque alterações ou desequilíbrios hormonais precisam de acompanhamento médico regular, uma vez que eles "dirigem" grande parte das funções corporais.

Por conta disso, segue abaixo artigo que fala do sistema endócrino de forma simples e clara, seguindo a linha do post anterior de que informação nunca é demais.

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Os sistemas de comunicação hormonais ampliam os sistemas de comunicação nervosos dentro do organismo. Os hormônios são moléculas químicas (peptídeos, proteínas ou esteróides) produzidas em uma parte do corpo que então viajam para fazer efeito em outra parte. Deste modo uma célula pode afetar outras células distantes. O sistema endócrino é um sistema refinado de verificações e equilíbrios em forma de circuitos realimentados que facilitam o funcionamento normal de todos os sistemas do organismo. Os hormônios podem ser produzidos e ter uma ação local ou podem ser produzidos em uma glândula endócrina e ter efeito em um local distante. As glândulas são unidades funcionais formadas de células que segregam hormônios, localizadas em várias regiões do corpo e que compõem o sistema endócrino. Cada glândula tem funções específicas que ajudam a manter o organismo interno em condições normais e a promover a sobrevivência do organismo. Embora haja alguns tecidos endócrinos espalhados, como no epitélio, há várias glândulas principais ou centros de controle dentro do sistema endócrino, dentre os quais incluem-se:

Pituitária

Anatomicamente e funcionalmente a pituitária pode ser dividida em três porções:

1) pituritária anterior (adenohipófise) Seis hormônios peptídeos são segregados pela adenohipófise: hormônio do Crescimento (somatotropin), corticotropin (ACTH), hormônio estimulante da tiróide (TSH), hormônio folículo-estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH), e prolactina. Todos com exceção do hormônio do crescimento e da prolactina regulam as atividades de outras glândulas. Somatotropin, PRL e ACTH são hormônios polipeptídeos e LH, FSH, e TSH são glicoproteínas que têm estruturas bem parecidas.

O hormônio do crescimento não se destina a um tecido específico. Todas as células do corpo humano são afetadas por este hormônio. É muito importante para a criança em desenvolvimento, mas é também essencial a muitas funções do organismo ao longo da vida. O GH atua no crescimento dos ossos e cartilagens, no metabolismo das proteínas, na formação de RNA, no equilíbrio dos eletrólitos, e no metabolismo de glicose e de gorduras.

O ACTH é um hormônio trófico que estimula a produção e liberação de esteróides da supra-renal. Normalmente a quantia de ACTH na circulação é controlada pelos níveis de cortisol no sangue, pelos bio-ritmos individuais e estresse.

O TSH é um hormônio que estimula a síntese e a secreção de hormônios tiroideanos. É um hormônio glicoproteico controlado pelo “feedback” dos hormônios da tiróide.

FSH Os órgãos alvos do FSH nos homens são os testículos, e nas mulheres os ovários. O hormônio estimula o epitélio germinal dos testículos provocando e facilitando a fabricação do esperma. Nas mulheres estimula o crescimento e o desenvolvimento do folículo. Ele estimula a produção de testosterona nos homens e de estrogênio e progesterona nas mulheres. Sua liberação pela pituitária é controlada por um mecanismo de “feedback” negativo que envolve estes esteróides.

LH Os órgãos alvos do LH nos homens são os testículos e, em particular, as células intersticiais de Leydig que produzem testosterona. Nas mulheres o objetivo do LH é o folículo em desenvolvimento dentro do ovário, onde ele é necessário para que a ovulação ocorra e o corpo lúteo se desenvolva.

Prolactina - Este hormônio está ligado ao desenvolvimento das mamas e da lactação. Em conjunto com o estrogênio, prepara a glândula mamária para a lactação, causando então a síntese do leite.

A secreção é regulada por um fator inibidor, sendo que o bebê pode causar a liberação da prolactina pela pituitária.

2) lóbulo intermediário (pars intermedia)
No ser humano adulto este lóbulo é reduzido quando as conexões vasculares e neurais são pobres, de forma que não facilitam a secreção. Estas células podem segregar MSH (hormônio estimulante de melanócitos) que estimula a atividade dos melanócitos da pele.

3) pituitária posterior (neurohipófise)
Esta porção da pituitária é na realidade uma extensão do hipotálamo. Os neurônios com seus corpos célulares no hipotálamo e suas porções terminais na neurohipófise liberam dois hormônios. O hormônio antidiurético (ADH) e a oxitocina são armazenados dentro dos processos terminais dos neurônios até que o sinal para liberá-los seja recebido.

ADH - Na presença do ADH, os rins reabsorvem mais água da urina que se forma dentro dos túbulos renais. Sem o ADH os túbulos renais ficam quase que completamente impermeáveis à agua de tal forma que a urina excretada fica mais diluida (diabetes insipidus). O ADH tem um efeito direto na musculatura vascular lisa causando vasoconstrição e aumento da pressão arterial quando presente em grandes doses. O hipotálamo tem osmoreceptores que detectam a concentração do sangue. Eles são estimulados pela alta osmolaridade do sangue (aumento da concentração) causando a liberação de ADH. O hormônio faz com que os túbulos dos rins reabsorvam mais água para restaurar a normal osmolaridade. Há também receptores de volume que agem detectando pressão baixa. O álcool é um inibidor da secreção de ADH.

Oxitocina - O papel principal deste hormônio é a estimulação das células da musculatura lisa do útero das gestantes. Quando o trabalho de parto se inicia, o estiramento do cérvix e da vagina estimulam a produção reflexiva e a liberação de oxitocina. A oxitocina viaja então através do sangue para o útero onde causa contração mais forte da musculatura lisa. Este hormônio também está ligado à lactação. Ele causa a expulsão do leite agindo no músculo liso que cerca as células produtoras de leite. Novamente sua produção e liberação são mediadas por um reflexo neural, o reflexo do aleitamento. A emoção, a ansiedade e a dor podem inibir a liberação de oxitocina

Hipotálamo

As funções da pituitária anterior são controladas pela região do cérebro chamada de hipotálamo através da secreção de fatores liberadores e inibidores. Neurônios especializados do hipotálamo, controlados por “feedback” e outros métodos de informação dos fatores de liberação, causam a secreção de hormônios da pituitária anterior. Assim sendo, os hormônios tróficos da pituitária controlam a liberação de outros hormônios de uma determinada glândula . Com exceção da prolactina, os fatores que promovem liberação são mais importantes à liberação de hormônios pituitários. Somatostatin (inibe a liberação de GH), fator inibidor da prolactina (PIF), fator liberador de LH (LHRF), fator liberador de FSH (FSHRF), fator liberador de prolactina (PRF), fator liberador de corticotropina (CRF), hormônio liberador de tirotropina (TRH) são todos hormônios que controlam a liberação de hormônios da pituitária anterior. A liberação destes fatores é controlada através de “feedback” hormonal do órgão determinado, mantendo assim, um adequado equilíbrio hormonal.

Glândula Supra-renal (ad-renal)
As glândulas supra-renais ficam situadas em cima de cada rim. O córtex supra-renal (porções exteriores) produz os corticosteróides: os mineralcorticóides e o glucocorticóides que são hormônios esteróides. O córtex também produz alguns esteróides do sexo masculino. O colesterol é o local onde se inicia a biossíntese de todos estes hormônios esteróides.

A medula supra-renal é de fato uma extensão do sistema nervoso. A medula supra-renal produz norepinefrina e epinefrina (adrenalina) que são liberadas como reação à tensão ou ao medo.

Continua...

Fonte: http://www.hghforever.com/ipendocrine.asp

domingo, 7 de fevereiro de 2010

A aplicação de hormônio IM - intra muscular.


É prática comum o uso de hormônio masculino, sem ter a princípio acompanhamento endocrinológico, e por consequência receita médica.

Existe grande dúvida sobre a aplicação correta, e por ser assunto recorrente, resolvi disponibilizar link de site de enfermagem com informações para uma aplicação mais segura, além de vídeo demonstrativo.

Não estou com isso estimulando, nem concordando com a prática de auto medicação, no entanto não cabe a mim criticar ou julgar, nem tão pouco me escusar de tentar reduzir possíveis danos que uma aplicação errada possa provocar.

Caso você tome dessa forma, comprando a medicação no chamado mercado negro, sem receita, busque o quanto antes acompanhamento endocrinológico. Não só a medicação adquirida dessa forma pode ser de procedência duvidosa e por consequência falsa, como a terapia hormonal precisa de acompanhamento médico regular para o resto da vida, evitando assim maiores danos permanentes à saúde.

As indicações também são válidas para quem, mesmo tendo acompanhamento e receita, opta pela aplicação em casa ou por pessoa não habilitada para tal.

Apesar de extenso, o texto é claro e vale a pena ser lido. Sua saúde e bem estar devem sempre vir em primeiro lugar.

Procure pelo tópico injeção intramuscular (IM). É dessa forma que o hormônio deve ser aplicado.

Da mesma forma que é válido avisar que a medicação é uma solução oleosa, e só pode ser aplicada no quadrante superior externo dos glúteos ou na parte interna da coxa. É importante também a alternância de lados a cada aplicação: ora lado direito, ora lado esquerdo.

O texto disponibiliza maiores informações sobre locais de aplicação, preparo da injeção, tamanho de agulha, e sobre a aplição em si.

Segue abaixo o link para as informações e posteriormente, vídeo sobre a aplicação correta em glúteo:




Porque informação nunca é demais.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Enquanto isso na natureza...


O que é o fenômeno da reversão sexual?

Os animais vertebrados apresentam o sexo genético e o sexo fisiológico. O sexo genético (XX em fêmeas e XY em machos) é determinado na época da fecundação dos óvulos pelos espermatozóides, pela combinação de metade dos cromossomos sexuais maternos (X) e metade dos cromossomos sexuais paternos (X ou Y). O sexo fisiológico é controlado sobretudo pela ação dos hormônios sexuais masculinos (andrógenos) ou femininos (estrógenos) que induzem vários fenômenos, como diferenciação das gônadas em testículo ou ovário, gametogênese, ovulação, espermiação, comportamentos de corte, manifestação de características sexuais secundárias e mudanças morfológicas e fisiológicas durante a reprodução dos animais.

O fenômeno da reversão ou inversão do sexo nos vertebrados consiste na mudança do sexo fisiológico e não do sexo genético. Um animal revertido é o que apresenta um determinado sexo genético (por exemplo, fêmea XX ou macho XY) e o sexo fisiológico contrário. Quando o animal revertido apresenta o sexo genético de fêmea (XX) e o sexo fisiológico de macho, é chamado de neomacho ou macho revertido, ou ainda de falso macho. Quando o animal apresenta sexo genético de macho (XY) e sexo fisiológico de fêmea, é denominado neofêmea (como em carpas e trutas). Isso ocorre pela administração de dietas com doses adequadas de hormônios sexuais sintéticos. Geralmente os neomachos e neofêmeas são férteis. Dessa forma, para fins comerciais, podem-se cruzar fêmeas genéticas (XX) com neomachos (XX) para a obtenção de estoques só de fêmeas (XX) que, por apresentarem em geral maior tamanho que os machos, interessam mais aos piscicultores.

Além dos peixes é possível observar reversão sexual em anfíbios (através da administração de hormônios sexuais na água onde são criados os girinos) e em aves doentes.

No caso dos anfíbios (em especial nos sapos), existe um órgão chamado Bidder, junto aos testículos, que pode se transformar em ovário funcional três a quatro anos depois de os testículos terem sido removidos. Porém, enquanto uma fêmea normal produz cerca de oito mil óvulos, um macho “bideriano” ou neofêmea produz no máximo 1.200 óvulos.

No caso das aves, a gônada direita das fêmeas tem potencialidades testiculares. Sabe-se que galináceos geneticamente fêmeas (ZW), que durante certo tempo de suas vidas puseram ovos, sofreram reversão da gônada direita para testículo funcional e também desenvolveram canto e esporas de galo. Esses fatos ocorreram porque o antigo ovário normal do lado direito foi destruído pela tuberculose aviária. Desse modo, uma ave geneticamente fêmea (ZW) tornou-se um neomacho funcional, ou seja, um galo com constituição genética feminina e não masculina (ZZ).

Fonte:http://www.cave.com.br/site.php?secao=materias&conteudo=prof011

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Ator Trangênero chega as finais de reality show de namoro.


Por Mike Dunham
mduham@adn.com
Publicado em 9 de janeiro de 2010

Os habitantes do Alaska que assistiram "Conveyor Belt of Love" pelo canal Kimo, na segunda à noite talvez tenham reconhecido Scott Turner Schofield. O dramaturgo e performer é ligado a companhia de teatro Anchorage Out North, onde é o diretor artístico convidado.

Schofield fez parte do último reality show de namoro exibido pela ABC. O cenário era composto por uma correia de transporte que levava cinco homens até cinco modelos. Cada competidor tinha 60 segundos para vender suas habilidades de namoro. As mulheres indicavam se estavam interessadas ou não através de placas.

Bonito, charmoso, animado, seguro de si e loiro, Schofield terminou entre os quatro competidores finais, de um total de 30 participantes.

Poucos telespectadores teriam acertado que o solteirão nasceu uma menina de nome Kate. No seu website (ver final da matéria), ele se descreve como " um homem que era uma mulher, uma "lésbica" que se descobriu um cara hétero, e que é normalmente confundido com um adolescente gay."

"Eu sempre me senti diferente," disse ele em entrevista. "Mesmo quando criança. Quando as pessoas me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse, eu dizia, 'eu quero ser um menino.'".

Na adolescência, Schofield cedeu a pressão para agir mais como uma garota. "E eu passei muito bem. Fui escolhido como rainha do grupo de alunos que dava boas vindas a antigos formandos e participei de três bailes de debutante." A última experiência é o foco da peça que ele irá apresentar em Out North esse mês.

Durante o segundo grau, Kate percebeu que gostava mais de garotas que de garotos. "Eu imaginei que fosse lésbica, mas as coisas ainda não se encaixavam bem," disse Schofield.

Quando ele estava com 19 anos, conheceu alguém que tinha nascido do gênero feminino e agora viva como um homem. Foi uma revelação. "Eu não sabia que uma "garota" pudesse se tornar um homem."

Ele alterou seu nome e começou a tomar hormônios que alteraram suas características sexuais secundárias, como o timbre da voz e o aparecimento de pêlos faciais. Sua peça sobre o aspecto médico, legal e social da mudança, chamada Becoming a Man in 127 Easy Steps - Como se tornar um homem em 127 passos - foi apresentada em Out North em 2008.

Durante a temporada, ele deu várias palestras para jovens no McLaughlin Youth Center. Ele disse que a experiência "foi particularmente poderosa. Lembrou-me de quando comecei no teatro."

Ele conversou com o diretor executivo da Out North, Mike Huelsman, sobre seu retorno para continuar o trabalho. Quando Huelsman tirou uma licensa no outono, ele convidou Schofield para assumir seu lugar por seis semanas, em um trabalho que envolvia tarefas burocráticas e o retorno a McLaughlin. Quando o trabalho terminar, ainda este mês, ele irá para Nova Iorque estudar e escrever com auxílio da Princess Grace Foundation.

Schofield foi chamado para "Conveyor Belt of Love" por "ter se inscrito em tudo que está por aí."

Isso é tudo que ele pode dizer devido a cláusula de confidencialidade que está em contrato.

Não é claro se os produtores sabiam que ele é "transgênero", mas Schofield prefere o termo "transexual".

Também não é sabido se "Conveyor Belt of Love" terá uma segunda chance. O show - criado pelos responsáveis por programas como "Survivor" e "Big Brother" - não foi bem recebido pelos críticos que reclamaram do tom frio do programa, além da quantidade de competidores rídiculos.

Mas, segundo o Jornal New York Daily, mais episódios podem ser produzidos.

No que diz respeito a Schofield, ele pareceu um tanto desapontado em "ter sido preterido por um guitarrista" na última etapa. No entanto, ele acrescenta que "teve um experiência positiva com a coisa toda."

Segue abaixo o site de Schofield: http://www.undergroundtransit.com/Home.html

Fonte: http://clippingt.blogspot.com/2010/01/transgender-actor-makes-finals-of_22.html

Tradução: "Homer".

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Cirurgias de mudanças de sexo estão livres de impostos nos EUA


04/02/2010 - da Efe, em Washington

O Tribunal de Impostos dos Estados Unidos determinou que as operações de mudança de sexo estão livres de encargos. A mudança foi muito comemorada pela organização Defensores e Simpatizantes de Gays e Lésbicas (GLAD, na sigla em inglês), que qualificou a medida como "uma vitória".

A sentença do tribunal, maior autoridade em relação a impostos e tributos nos EUA, avalia que definir como "cosmética" a intervenção é "uma caracterização superficial das circunstâncias, rigorosamente rebatida por evidências médicas".

Rhiannon O'Donnabian, que nasceu homem e passou por uma cirurgia de mudança de sexo, processou a Receita Federal americana (Internal Revenue Service, IRS, sigla em inglês) por ter negado a devolução de US$ 5 mil por suas despesas médicas de uma cirurgia que custou US$ 25 mil.

A organização GLAD, que tem sede na região da Nova Inglaterra, ofereceu seus advogados para representarem O'Donnabian na ação contra a instituição estatal, que alegava que a operação era uma questão de estética, "mas não uma necessidade médica".

O'Donnabian sofria desde os oito anos por uma Desordem de Identidade de Gênero (GID, também na sigla em inglês), que foi oficialmente diagnosticada aos 52 anos. Cinco anos depois, recebeu tratamento de hormônios e foi operada.

"Estou mais que feliz, não só por mim, mas por outras pessoas transexuais. Merecemos respeito e igualdade em nossa assistência médica e por parte nosso governo", disse O'Donnabian, que agora tem 65 anos.

Segundo a Associação Médica dos EUA, entre 1.600 e 2.000 pessoas recebem tratamento e são operadas para mudança de sexo a cada ano no país.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u689110.shtml

Equipe internacional de cientistas decifra o cromossomo X


16/03/2005 - da France Presse

Uma equipe internacional de geneticistas acaba de fazer a primeira análise completa do cromossomo X, a misteriosa espiral de DNA que determina o gênero humano e cuja disfunção é apontada como causa de cerca de dez doenças hereditárias.

Este trabalho marco, que será publicado na edição desta quinta-feira no semanário científico britânico "Nature", sugere que homens e mulheres devem o seu sexo parcialmente a cromossomos que evoluíram de um organismo assexuado, menos de 300 milhões de anos atrás.

O estudo também abre novas portas para o diagnóstico e entendimento de alguns tipos de retardamento mental --e uma futura possibilidade de cura--, do câncer testicular, anomalias no sistema imunológico e muitas outras doenças hereditárias.

"O cromossomo X humano tem uma biologia única que se formou durante sua evolução ... (e) ocupa um lugar único na história da medicina genética", destacou o artigo.

Em cada conjunto de seus 23 pares de cromossomos, os seres humanos têm um par de cromossomos de gênero, cada um herdado de um dos pais biológicos. As mulheres têm dois cromossomos X, chamados assim por causa de seu formato, e os homens, um X e um Y.

Ao longo de milênios, o cromossomo Y foi progressivamente se degenerando até o formato de um pequeno tronco, um processo que dá sustentação à inquietante teoria de que os homens eventualmente podem vir a se extinguir na evolução.

O cromossomo Y tem hoje menos de cem genes, porções do DNA que contêm as proteínas, moléculas que compõem e mantêm os tecidos humanos.

Neste recente estudo, a equipe de cientistas chefiada pelo Instituto Wellcome Trust Sanger em Cambridge, Inglaterra, seqüenciou e analisou mais de 99% do cromossomo X, identificando nele a impressionante marca de 1.098 genes, cerca de 4% do total de todo o genoma.

Tentando compreender esta notável diferença entre os cromossomos X e Y, a equipe concluiu que os dois cromossomas evoluíram de origens modestas como um par "ordinário" de cromossomos idênticos em um organismo assexuado.

Mudanças em um gene de um destes pares originaram a cascata molecular que levou ao desenvolvimento do homem e, na seqüência, à degeneração do cromossomo Y em seu estado atual.

O cromossomo X, ao contrário, se manteve preservado com o passar dos anos. A teoria é que ele serve para manter um quadro mais complexo de genes de forma a compensar a retração do cromossomo Y.

Segundo o estudo, das 3.199 doenças hereditárias identificadas, 307 podem ser atribuídas a mutações ou falhas no cromossomo X, que interrompem a vital produção de proteínas.

Muitas destas doenças, entre elas a hemofilia e a distrofia muscular Duchenne (DMD), já foram associadas ao cromossoma X porque ocorrem apenas entre os homens. A razão para isto é que os homens têm apenas uma cópia do cromossomo X, enquanto as mulheres têm uma cópia de backup, estando portanto menos expostas a estas mutações em particular.

Mas, lembrou o estudo, também há outras doenças raras que são comuns aos dois sexos e podem ser atribuídas ao cromossomo X.

Graças ao seqüenciamento, 43 novos genes foram apontados como os culpados por doenças como cegueira, palato fissurado, câncer testicular, uma rara anomalia do sistema imunológico chamada doença linfoproliferativa associada ao cromossomo X e um tipo de retardamento mental conhecido como NS-LXMR.

"Ao estudarmos estes genes, podemos obter uma compreensão notável dos processos que levam a estas doenças", disse Mark Ross, chefe do projeto no Instituto Wellcome Trust Sanger.

"A partir do nosso estudo de um gene relacionado com a doença associada ao cromossomo X, um teste genético foi desenvolvimento e foi descoberto um novo caminho que controla o funcionamento do sistema imunológico", acrescentou.

Outros membros da equipe encarregada do estudo com o cromossomo X incluiu a Faculdade de Medicina Baylor College de Houston, Texas; o Instituto Max Planck de Genética Molecular e o Instituto de Biotecnologia Molecular, ambos na Alemanha; e o Centro de Seqüenciamento do Genoma da Universidade de Washington em St. Louis, Missouri (Estados Unidos).

O estudo mostrou que cerca de um terço de todo o cromossomo X é absorvido por uma seqüência repetida de DNA.

A teoria é que este é um mecanismo para "silenciar" genes, algo que é especialmente importante para as mulheres, pois garante que genes desnecessários de sua cópia de backup do cromossomo X permaneçam desativados.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u13126.shtml

**Devaneios não científicos do autor deste blog: Se o cromossomo y vem se degenerando, e isso leva a crer na extinção do gênero masculino, homens transexuais, são uma forma da natureza criar alternativas para a preservação? Como perpetuar? Com células tronco? E se o cromossomo já estiver desativado, ou em vias de, em mulheres transexuais?**

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Travestis e transexuais são foco de seminário em Brasília


02/02/2010 - Por Hélio Filho

Evento em Brasília vai discutir as principais demandas do segmento trans brasileiro Brasília vai receber na próxima quinta-feira, 4, o 2º Seminário da Visibilidade de Travestis e Transexuais do Distrito Federal, promovido pelo Grupo Elos. O objetivo é discutir as demandas da população trans e formular um documento que exponha quais são as principais dificuldades enfrentadas por ela.

O encontro começa às 18h, no Auditório da Central Única dos Trabalhadores (CUT), no Conic, e vai listar e debater demandas em áreas como Educação, Saúde, Segurança Pública e do Trabalho, temas já discutidos na primeira edição do evento. O encontro vai resultar em um documento final enumerando as necessidades trans.

O evento é aberto e gratuito e as inscrições podem ser feitas pelo site do Grupo Elos (http://www.eloslgbt.com.br/)


Márcia Arán fala sobre a identidade sexual no Café Filosófico CPFL em São Paulo


Normalmente, homem e mulher são gêneros muito simples de serem definidos biologicamente. Porém, no mundo contemporâneo há uma gama maior de sexualidade, com a qual muitos ainda têm dificuldade de lidar, segundo Márcia Arán.

A psicóloga deu prosseguimento ao módulo "Subjetivações Contemporâneas" de Joel Birman abordando o tema "Novas formas de sexualidade" nesta quarta-feira, 22 de julho de 2009, em São Paulo.

O assunto da palestra provocou um intenso debate não só no público do Tom Jazz, mas também em quem acompanhou a transmissão ao vivo pelo site.

Na internet, algums participantes do chat falaram sobre o preconceito de ser homossexual. O debate foi colocado em pauta durante a apresentação da psicóloga, que respondeu algumas dúvidas de quem participou da transmissão online.

O chat ainda serviu como um espaço de debate e troca de experiências de pessoas que ainda sofrem com o medo de aceitação pela sociedade e principalmente pela família.

Segue o link para o vídeo da palestra: http://www.cpflcultura.com.br/video/integra-novas-formas-de-sexualidade-marcia-aran

Fonte: http://www.cpflcultura.com.br/post/marcia-aran-fala-sobre-identidade-sexual-no-cafe-filosofico-cpfl-em-sao-paulo

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Porque bons exemplos não tem gênero III

A História de Lynn

Copyright @ 2000-2004,
Lynn Conway.

Lynn Conway é uma conhecida pioneira na área do desenho de chips eletrônicos. As inovações que Lynn desenvolveu durante os anos setentas no Centro de Pesquisas de Palo Alto da Xerox nos Estados Unidos (sigla em inglês: P.A.R.C.) causaram um forte impacto mundial nessa área da alta tecnologia. Inúmeras companhias desse segmento, mesmo com diferentes métodos de computação, se baseiam no trabalho dela.

Milhares de desenhistas de chips aprenderam esta profissão com a ajuda da obra “Introdução aos Sistemas VLSI” da qual Lynn foi co-autora juntamente com o professor Carver Mead do Instituto Tecnológico da Califórnia (Cal Tech). Milhares de outros desenhistas de chips desenvolveram seus primeiros projetos VLSI ao utilizar o sistema de protótipos denominado MOSIS que também se baseia diretamente no trabalho de Lynn no P.A.R.C. De fato, uma grande parte da evolução do desenho dos chips de silício, nos últimos tempos, é resultado do trabalho de Lynn Conway.

Lynn ganhou muitos prêmios como reconhecimento por seu trabalho e ela foi eleita Membro da Academia Nacional de Engenharia dos Estados Unidos, o que representa o máximo em reconhecimento profissional a que pode chegar um engenheiro nos Estados Unidos.

O que ninguém sabia até poucos anos atrás é que Lynn também realizou outra pesquisa de grande importância nos anos sessentas quando trabalhava na I.B.M. Recém formada, ela inventou um método importante para gerenciar, fora de ordem, múltiplas instruções por ciclo de máquina nos chamados supercomputadores. A isto Lynn deu o nome de “Dynamic Instruction Scheduling (DIS),” ou seja, “Gerenciamento Dinâmico de Rotinas." Depois de resolver este problema fundamental da arquitetura dos computadores no ano de 1965 é que foi possível a criação do primeiro computador verdadeiramente "superescalar,” de cuja invenção, na I.B.M., ela participou.

Na primeira parte da década de 90, os chips evoluiram a ponto de conter transistores suficientes para que computadores superescalares coubessem em tais chips. De repente, a invenção da D.I.S., de autoria de Lynn, começou a ser utilizada em todos os microcomputadores pessoais da nova geração, aumentando a capacidade deles muito mais do que teria sido possível de qualquer outra maneira. Assim é que o trabalho de Lynn teve um forte impacto na moderna revolução tecnológica dos sistemas de informática.

A maioria dos engenheiros de informática pensava que a D.I.S. era um trabalho de décadas. Não tinham a menor idéia que tinha sido inventada de uma vez só no ano de 1965. Lynn sempre sentiu muita angústia sabendo que esta sua maravilhosa descoberta, que vinha sendo utilizada pelo mundo afora, além de ser descrita e comentada em todos os livros especializados em arquitetura da informática, nunca lhe fora atribuida.

Como é que ocorreu esta omissão? Por quê Lynn guardou silêncio durante mais de três décadas sobre sua invenção na I.B.M. ?

A resposta é que mulheres como Lynn têm vivido, sobretudo no passado, submersas num holocausto de estigmatização, perseguição e violência. Simplesmente ela não podia revelar sua verdadeira identidade sem correr grandes riscos físicos e enormes prejuízos tanto na carreira profissional quanto na vida pessoal.

A realidade é que Lynn nasceu menino e foi criado como tal. Isto foi um erro terrível e trágico porque ela tinha o sexo psíquico e a identidade de gênero femininos. Porém, nos anos quarenta e cinqüenta não havia quase nenhum conhecimento sobre as disfunções do gênero. Assim, Lynn foi obrigada a crescer como um menino. Embora sofresse bastante, ela suportava isso tanto quanto possível. Inclusive na época em que trabalhava na IBM, vivia como um homem e tinha um nome masculino.

Depois de muitos anos tentando conseguir ajuda, Lynn finalmente conheceu o médico pioneiro Dr. Harry Benjamin, logo depois que ele publicou sua magistral obra “O Fenômeno Transexual.” Foi o primeiro livro que analisou a verdadeira natureza da aflição de configuração errada de gênero de que padecia Lynn, e além disso oferecia soluções médicas ainda que paliativas.

Com a ajuda do Dr. Benjamin, Lynn iniciou um tratamento médico em 1967. Ela foi uma das primeiras mulheres transexuais que recebeu terapia de substituição hormonal e reajuste cirúrgico para efetuar uma transformação completa do corpo de sexo masculino em feminino. Infelizmente, pouco antes de se submeter à cirurgia de redesignação sexual, ela foi demitida pela IBM por causa da sua transexualidade e perdeu toda a ligação com o importante trabalho que tinha desenvolvido lá.

Esta foi uma situação sem precedentes na IBM. O fato de um dos empregados querer “mudar de sexo” deixou apavorada a direção da empresa. Nessa época, a maioria das pessoas transexuais que procurava ajuda pertencia ao mundo dos espetáculos ou trabalhava em prostituição. Nessa época as únicas pessoas que ousavam mudar de gênero eram aquelas que podiam "passar" completamente como mulheres, que estavam sem esperança, e que não tinham nada a perder. Ao saber o que Lynn pretendia fazer, a Direção da I.B.M. resolveu demiti-la num misto de ódio e hostilidade. Pode-se afirmar com quase total certeza que foi o lendário chefão,Thomas J. Watson, Jr., que tomou esta decisão.

Embora Lynn contasse com um pequeno grau de apoio de alguns amigos e familiares, depois da sua demissão da IBM, todo o mundo perdeu a confiança no que ela pretendia fazer e ela perdeu todo o apoio que tinha. Assim, teve que viajar sozinha ao exterior para se submeter à cirurgia. Não só tinha perdido uma carreira e reputação profissionais assim como perdeu a família, os parentes, e todos os seus amigos e colegas de profissão. Olhava com medo para um futuro cheio de incertezas, sem ninguém no mundo com quem pudesse contar exceto sua equipe médica.

Depois de voltar do exterior, Lynn trocou de nome e concluiu a sua ressocialização de gênero. Iniciou de novo sua carreira, da estaca zero, do nível de programadora novata sem experiência profissional. No entanto, Lynn é um ser de muita coragem e conseguiu se adaptar perfeitamente ao seu novo gênero apesar de todas as previsões calamitosas que fizeram os executivos da IBM assim como todos os amigos e familiares que a tinham abandonado. Enfrentou sozinha sua nova vida, fazendo novas amizades e lutando pelo sucesso.

Surpreendentemente, Lynn veio a ser muito feliz e tão cheia de vida e esperanças que brilhou na sua carreira. Depois de passar por uma série de companhias, conseguiu uma colocação como arquiteta de computadores na empresa Memorex, em 1971. Dois anos depois foi recrutada pela Xerox para trabalhar no novo e excitante Centro de Pesquisa de Palo Alto (P.A.R.C.) justamente quando este estava sendo implantado.

Em 1978, apenas dez anos depois da sua transição de gênero, Lynn já era conhecida internacionalmente pelas inovações VLSI que tinha feito. Nesse ano escreveu um inovador livro didático sobre o assunto, e se preparava para começar a ensinar no primeiro curso sobre os sistemas VLSI no Instituto Tecnológico de Massachusetts (o M.I.T.).

Dois anos mais tarde, universidades no mundo inteiro adotaram este livro em cursos semelhantes, e o Departamento da Defesa Americano inaugurou um grande programa de apoio a pesquisas para ampliar seu trabalho. Fundaram-se dezenas de companhias privadas que desenvolviam esta tecnologia com fins lucrativos. E tudo isso aconteceu sem que ninguém descobrisse nada sobre seu passado. Descoberta, ela nunca poderia ter sobrevivido nem feito o que fez.

Durante os anos oitentas e noventas Lynn seguiu sua carreira de uma maneira cada vez mais diversa e influente, e desfrutou de uma vida repleta de aventura, satisfação e felicidade. Atualmente, Lynn é Professora Emérita de Engenharia Elétrica e Ciências Informáticas na Universidade de Michigan em Ann Arbor, onde também ocupa há anos o cargo de Decana Associada da Faculdade de Engenharia. Mora numa grande fazenda com o seu marido a quem conheceu há muitos anos.

No entanto, durante todos os trinta e um anos seguintes à sua transição de gênero, Lynn guardou um sigilo rigoroso sobre o seu passado, e dele só falou a alguns poucos amigos íntimos. Lynn conhecia histórias de outras mulheres transexuais que tinham sido objeto de ostracismo, abuso, assédio, violência, estupro e até assassinato e que suicidaram ao serem descobertas e perseguidas por indivíduos brutais e cheios de ódio.

Durante muito tempo Lynn viveu sob uma constante sensação de ameaça, risco e perigo, e temia que o seu passado fosse descoberto e que conseqüentemente perdesse os seus direitos legais e trabalhistas e que fosse motivo de afastamento de seus relacionamentos pessoais e profissionais.

Finalmente, em 1999, os historiadores da informática se debruçaram sobre o trabalho inicial que Lynn tinha feito na IBM tantos anos antes e o ligaram a ela, e seu passado foi revelado a seus colegas de profissão. No início Lynn sentiu um medo compreensível, mas aos poucos começou a pensar que talvez os tempos tivessem mudado o suficiente e que não lhe causaria nenhum problema abrir mão do seu sigilo. Certo é, que não havia nada do que se envergonhar na sua vida. Muito pelo contrário, podia se orgulhar dos seus sucessos pessoais e profissionais.

Porém, Lynn ainda ficava triste por causa do tratamento desumano que era dado a mulheres transexuais por parte de seus pais, parentes, companheiros de trabalho, pelo sistema judicial e pela sociedade em geral. O que é extremamente trágico é a rejeição completa pelas suas famílias pela qual passam muitos adolescentes transexuais. Tal rejeição, freqüentemente experimentada justamente nos primeiros momentos em que procuram ajuda, pode condená-los a longos anos de marginalidade.

Lynn começou a pensar se, de algum jeito, a sua história podia ajudar a outros. Sabia que a opinião pública, e os problemas que causa, muitas vezes são gerados pela mídia. As imagens de transexuais mostradas pelos meios de comunicação muitas vezes enfocam só na fase de transição, chamando a atenção para detalhes chocantes, mórbidos e às vezes embaraçosos do processo de mudar de sexo. A princípio, essas histórias podem parecer tolerantes, mas com freqüência terminam em passar uma imagem triste e patética. Leitores ou espectadores terminam por se compadecer das “coitadas” e em pensar “tomara que isso nunca aconteça a alguém da minha família!"

O que poucas vezes se transmite é uma sensação de alívio que experimenta a transexual ao se livrar do corpo masculino, e a felicidade que encontra logo após, como mulher.A gente nunca se dá conta que vivem na sociedade dezenas de milhares de mulheres pós-operadas bem sucedidas na vida e que são plenamente aceitas como mulheres. O público simplesmente não é informado sobre estas histórias de final feliz.

Por que é assim? Isto acontece porque todas estas mulheres vivem em sigilo, da mesma maneira que fez Lynn, temendo as conseqüências caso seus passados sejam revelados. Entretanto, dezenas de milhares de jovens transexuais pré-operadas vivem presas ao temor e à dúvida sobre os seus futuros. São muitas vezes rejeitadas pelas suas famílias e perdem os seus empregos, exatamente como ocorreu com a Lynn, na hora de identificar seu problema e de procurar soluções médicas para ele.

Lynn é a primeira mulher transexual de sucesso que emergiu de um prolongado sigilo para a luz do dia para contar sua história, o que deve trazer esperança a jovens transexuais. Pode ser que ajude fazendo com que os pais concebam um futuro feliz para um filho possivelmente transexual, especialmente se eles se tornam dispostos a apoiá-lo no processo de transformar o seu corpo e começar a ser mulher mais cedo na vida. Além disso, A História de Lynn pretende fazer com que empregadores pensem duas vezes antes de demitir uma pessoa talentosa por causa da sua transexualidade.

Vai chegar um dia em que uma transformação de sexo não será mais vista como um acontecimento triste, trágico, embaraçoso e penoso, mas propriamente como um milagre de ressuscitação para infelizes que nascem com o gênero trocado. Lynn espera poder ver a chegada desse dia.

Traduzido para o português por Sonia John

5-4-04

Homepage de Lynn: http://www.lynnconway.com/

Fonte: http://ai.eecs.umich.edu/people/conway/LynnsStory-Portuguese.html