sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Pãe



Transexual que gerou um filho conta sua história em autobiografia

Por Sérgio Oliveira - 28/10/2008


O transexual Thomas Beatie eletrizou o mundo quando, em abril deste ano, anunciou que estava no sétimo mês de gestação. O caso foi notícia em todo o mundo, mas somente uma parte da saga de Thomas foi divulgada.

O papai trans de 34 anos nasceu mulher e aos 24 decidiu tornar-se homem. Fez tratamento com vários tipos de hormônios que elevaram seu índice de testosterona, além de fazer cirurgias para conseguir um físico masculino. Thomas já é padrasto dos 2 filhos de sua companheira e com a chegada do terceiro rebento da família, diz sentir-se um homem realizado.

Após o parto, ocorrido em julho, Thomas e sua cria deixaram de ocupar as manchetes. Contudo, ele escreveu uma autobiografia chamada "Labor of Love: The Story of One Man's Extraordinary Pregnancy" (ou "Trabalho de Amor: A História da Extraordinária Gravidez de um Homem"), que já está à venda no mercado gringo. O livro descreve com detalhes a gravidez de Thomas, sua infância problemática no Havaí, a sensação de ser um homem preso no corpo de uma mulher, o suicídio de sua mãe, os concursos de beleza que participou quando era mulher e sua jornada no mundo da artes marciais.

A narrativa impressiona, permitindo um íntimo olhar na vida de um transexual. A história em si é muito mais que uma gravidez singular, é uma bela história de um amor capaz de ultrapassar barreiras.

O livro ainda não tem tradução para português, mas pode ser importado.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O T do DNA


27/10/2008

Pesquisas identificam o gene da transexualidade

Por Sérgio Oliveira

Nascer menino tendo traços e vontades femininas é uma das características que definem a transexualidade (ou vice versa, menina tendo traços e vontades masculinas - nota do autor do blog). Agora, pesquisadores afirmam que a sensação de desconforto com relação ao próprio órgão genital pode ter explicação genética, assim como a própria homossexualidade.

Cientistas australianos conseguiram identificar um gene entre homens e mulheres transexuais que tem uma ligação essencial com o nível de testosterona no organismo. A análise de 112 DNAs mostrou que há genes que determinam a androginia, regulando de maneira incomum os níveis do hormônio masculino.

O estudo, feito no Instituto Príncipe Harley em Melbourne e liderado pelo cientista Vincent Harley, foi publicado na revista "Biologia Psiquiátrica". "Há um estigma de que a transexualidade é uma questão de escolha. Entretanto, a descoberta de bases biológicas de que isto não é verdade ajudará os transexuais a reafirmar sua condição e no desenvolvimento de outros estudos sobre o assunto", afirmou Harley.

Há décadas, a transexualidade tem sido debatida para chegar a um consenso de qual é a sua causa. Nesse meio tempo, trauma infantil, histórico na família e diversos fatores psicológicos foram suspeitos de serem os deflagadores. Contudo, Vincent Harley argumenta que a questão genética é uma das possibilidades, pois traumas de infância também poderiam gerar tipo de transexualidade que, também involuntária, diferencia-se da genética.

Fonte: http://mixbrasil.uol.com.br/mp/upload/noticia/4_59_69629.shtml

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Pesquisadores desvendam a próstata feminina


Quinta-feira, 31 de maio de 2007



Ao contrário do que se acreditava até recentemente, a próstata não é um órgão exclusivamente masculino. Estudos recentes indicam que a mulher também pode possuir a glândula, cujas características se aproximam das do homem. Pesquisas sugerem que a próstata feminina pode ser afetada pelas terapias de reposição hormonal ou pelo uso de anabolizantes, procedimentos que contribuiriam para o eventual desenvolvimento de tumores malignos.

“Apesar de novos, esses dados são importantes para orientar as abordagens voltadas para a preservação da saúde da mulher”, analisa o professor Hernandes F. Carvalho, do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, um dos coordenadores das pesquisas sobre a próstata feminina.

A descoberta da próstata feminina promete fomentar intenso debate entre a comunidade científica. Primeiro, porque toda novidade leva algum tempo para ser aceita e, conseqüentemente, absorvida. Segundo, porque as funções da glândula estariam relacionadas com dois tabus envolvendo a sexualidade da mulher.

De acordo com o professor Hernandes F. Carvalho, que também é coordenador do curso de Farmácia da Unicamp, os estudos preliminares indicam que o órgão estaria associado com a chamada ejaculação feminina. Além disso, também teria ligação com o Ponto G, zona erógena que, graças à concentração de terminações nervosas e vasos sangüíneos, estaria relacionada à estimulação sexual da fêmea da espécie humana. “Entretanto, essas expressões da glândula prostática feminina precisam ser investigadas com maior profundidade”, adverte o docente.

Descobertas vão fomentar debates entre cientistas

Hormônio – As pesquisas sobre a próstata feminina tiveram início com um estudo em torno de células cancerígenas presentes em órgãos do aparelho reprodutor da mulher. Os cientistas perceberam que algumas delas apresentavam características semelhantes às da próstata do homem. Ao investigarem mais detidamente os materiais celulares, por meio de técnicas específicas, os pesquisadores acabaram por identificar a existência da glândula.

O professor Hernandes F. Carvalho explica que, dependendo do ambiente ou situação hormonal durante a formação do feto, a mulher pode ter um maior desenvolvimento do órgão. “No homem, o desenvolvimento da próstata depende da testosterona, hormônio produzido pelos testículos em dois momentos distintos: durante a embriogênese e, depois, na puberdade. Na mulher, a glândula não se desenvolve por causa da ausência dessa substância. No entanto, se o ambiente hormonal for alterado por algum motivo, a pessoa do sexo feminino pode, sim, vir a desenvolver o órgão na idade adulta”.

Essa hipótese foi confirmada por pesquisas realizadas com o auxílio de modelos animais. A equipe do IB usou nos estudos um roedor denominado gerbilo, comum no deserto da Mongólia, país da Ásia. Cerca de 50% das fêmeas dessa espécie apresentam próstata. Ao alterarem o ambiente hormonal dos animais, por meio da administração de testosterona, os cientistas fizeram três constatações importantes.

Lesões – Primeiro, identificaram um aumento da glândula. Segundo, confirmaram preliminarmente a atuação funcional do órgão. Por último, detectaram o desenvolvimento de lesões pré-malignas. O estudo rendeu artigo que foi publicado numa das mais prestigiosas revistas internacionais da área da reprodução, a Biology of Reproduction.

Ao estabelecer uma associação desses resultados com a situação das mulheres, o professor Hernandes F. Carvalho lembra que algumas populações femininas têm o que os especialistas classificam de hiperandrogenismo. Mulheres com essa alteração hormonal apresentam naturalmente dosagens mais elevadas de testosterona. Uma das manifestações que acompanham o hiperandrogenismo é o hirsutismo, que consiste no crescimento de pêlos em áreas do rosto. Outra é o ovário poli cístico. “Mulheres com esses problemas devem merecer um cuidado especial por parte dos ginecologistas, pois podem vir a apresentar patologias ligadas ao desenvolvimento da próstata”, alerta o docente do IB.

A mesma atenção, prossegue o pesquisador, precisa ser dada às atletas que porventura façam uso de anabolizantes e aos transexuais do tipo mulher-homem. Estes últimos, após a cirurgia para a mudança de sexo, normalmente são submetidos a tratamentos hormonais complementares.

O mesmo é válido em relação às mulheres que lançam mão de terapias de reposição hormonal, procedimentos adotados comumente após a menopausa. O professor Hernandes F. Carvalho esclarece que, nesse tipo de abordagem, a mulher recebe dosagens de um precursor do estrógeno, hormônio feminino.

Acontece que este precursor, depois de ser absorvido pelo organismo, tanto pode se transformar em hormônio feminino quanto em masculino. “Na hipótese de receber uma dosagem excessiva de testosterona, a mulher também pode ter manifestações patológicas relacionadas ao desenvolvimento da próstata. Em outras palavras, nesses casos os médicos devem fazer uma investigação mais profunda para identificar a possível presença da glândula e de eventuais doenças a ela relacionadas”, insiste o especialista.

O docente do IB afirma que é possível que cânceres de cavidade abdominal constatados em mulheres possam ter relação com problemas prostáticos, mas que essa associação dificilmente é feita. Por conta disso, em alguns casos a causa da doença é classificada como desconhecida. Hernandes F. Carvalho revela que uma diferença fundamental entre a próstata feminina e a masculina está na estrutura da glândula. No homem, o órgão conta com uma espécie de cápsula que restringe a disseminação das células. Na mulher, essa proteção não existe, o que permite a livre disseminação das células tumorais na cavidade abdominal.

As pesquisas foram conduzidas pela equipe do IB em conjunto com Fernanda C. A. Santos, que realizou seu doutorado no Instituto, e do professor Sebastião R. Taboga, da Unesp de São José de Rio Preto. De acordo com Hernandes F. Carvalho, os estudos estão tendo continuidade, desta vez com a investigação sobre o balanço dos hormônios masculino e feminino no desenvolvimento das próstatas feminina e masculina. Parte dos trabalhos é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estão de São Paulo (Fapesp).

Glândula produz líquido seminal

Localizada logo abaixo da bexiga, envolvendo a uretra, a próstata masculina pesa entre 25 e 30 gramas e tem o formato de uma castanha. Sua consistência torna-se endurecida quando apresenta câncer. Tem por função produzir cerca de 70% do líquido seminal, substância fundamental para a vitalidade e transporte dos espermatozóides. No homem, o câncer de próstata atinge cerca de 10% dos indivíduos com mais de 50 anos e 50% dos que alcançam os 75 anos. O exame mais eficiente para a detecção da enfermidade é o toque retal. A possibilidade de ocorrência de uma glândula prostática feminina e sua dependência hormonal precisa ser considerada em mulheres com dosagens normalmente elevadas de andrógenos, que recebem tratamento baseado nessas drogas ou que apresentam ovário poli-cístico, elementos relacionados ao quadro de hiperandrogenia.

Fonte: Jornal da Unicamp

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

E a medicina caminha a passos largos...


22/10/2008 - 14h14

Cientistas geram próstata a partir de células-tronco de ratos

(embargada até as 15h de Brasília desta quarta-feira) Londres, 22 out (EFE) - Uma equipe de pesquisadores conseguiu gerar uma nova próstata a partir de células-tronco presentes nessa mesma glândula de ratos de laboratório, segundo explica em artigo publicado hoje pela revista científica britânica "Nature".

Os pesquisadores, da Genentech Inc, em San Francisco, descobriram que a próstata pode se regenerar normalmente nos roedores após repetidos ciclos de escassez e produção de andrógenos.

Após a descoberta, a equipe, liderada por Wei-Qiang Gao, constatou que existem células-tronco na próstata a partir das quais uma nova próstata pode ser gerada.

Devido ao "papel crítico" que estas células desempenham na manutenção da integridade do tecido prostático e sua potencial participação na origem de um tumor, os cientistas tentaram encontrar marcadores específicos que permitam localizá-las e diferenciá-las dos demais.

Mas, na maioria dos casos, também identificavam outro tipo de células.

No entanto, o marcador CD117 é capaz de detectar as populações de células-tronco adultas na próstata de ratos e permite, assim, aos cientistas isolá-las para que possam gerar uma nova glândula para um transplante "ao vivo".

Fonte: http://noticias.bol.uol.com.br/brasil/2008/10/22/ult1766u28428.jhtm

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Pesquisa com transexuais mostra preconceito contra mulheres no trabalho - Parte 2


A socióloga americana Kristen Schilt concluiu que homens que se submetem à cirurgia de mudança de sexo perdem salário e poder na carreira. Já as mulheres que assumem sua identidade masculina experimentam uma ascensão profissional.

Thiago Cid

Por outro lado, as mulheres transexuais freqüentemente não agüentam o preconceito e as agressões que sofrem durante o processo de transição de sexo. É o caso da militante transexual Carla Machado. Formada pela USP e com MBA em marketing, Carla largou o emprego de nove anos em uma multinacional por não agüentar a hostilidade no trabalho. Ela conta que, desde criança, sentia-se uma mulher e só se deu conta de que era um menino ao chegar à puberdade. Daí viveu um período que chamou de fase andrógina. Ela se vestia com roupas neutras e escondia a identidade feminina para conseguir terminar a faculdade e encontrar um emprego. Aos poucos, foi sentindo a necessidade de se libertar e começou a tomar hormônios. As mudanças, porém, não passaram despercebidas na empresa.

“Primeiro deixaram de me chamar para as reuniões semanais com a diretoria. Depois algumas colegas para quem eu contei minha situação espalharam a notícia. Eu sabia que o diretor de recursos humanos não queria que eu permanecesse na empresa. Fiz um acordo que me deu vantagens e fui embora. Eu não podia ficar lá”, afirma.

A hora de mudar de sexo

Um outro ponto detectado pelo estudo de Kristen Schilt foi que os homens transexuais fazem a transição de gênero em média 10 anos antes de as mulheres transexuais. As meninas geralmente vislumbram os privilégios de pertencer ao sexo masculino e mudam a aparência física ainda no final da adolescência ou durante a faixa dos vinte anos. Já os homens receiam perder o emprego, a independência financeira ou até mesmo magoar a família se assumirem sua identidade feminina. Muitos, por imposição da sociedade, chegam a se casar e ter filhos.

Helena, uma transexual que não prefere não revelar sua identidade, relatou que a decisão de assumir a transexualidade só veio aos 43 anos. Ela teve uma breve carreira militar, era casada e tem uma filha. A auto-repressão quase a enlouqueceu. Helena tinha medo de perder o emprego de artista plástica em uma grande produtora cultural. “Mas chegou um momento em que eu não pude mais agüentar. Ao mesmo tempo que ainda tenho um pouco de dificuldade em me aceitar, era uma violência comigo mesma negar que eu era uma mulher. As pessoas tomam um choque, mas tive a felicidade de minha família entender e de os colegas de trabalho aceitar”.

O desfecho de aceitação da história de Helena, no entanto, não reflete a maioria dos casos, apesar de não ser possível determinar o que é maioria, já que não há estatísticas sobre a população transexual. Nem estimativas. De acordo com a professora Berenice Bento, não há políticas públicas de proteção e inserção dos transexuais na sociedade. No site do Ministério do Trabalho há um programa chamado Brasil Raça e Gênero que afirma, em termos vagos, possuir ações para a inclusão dos transexuais no mercado de trabalho. Ao ser solicitada, a assessoria do Ministério informou que, apesar de tais medidas constarem no programa, nenhuma ação ou política foi estabelecida. A Secretaria Especial de Direitos Humanos também não tem programas específicos para transexuais. O Ministério Público do Trabalho não tem números sobre os processos por preconceitos contra transexuais no mercado de trabalho.

O preconceito contra transexuais

A escassez de dados ajuda a deixar ainda mais distante das vistas da sociedade a situação dos transexuais, que, segundo Berenice, é “absolutamente trágica”. A inserção no mercado formal é baixíssima. Em sua tese de doutorado, a professora analisou um grupo de 20 transexuais de diferentes classes sociais escolhidas aleatoriamente. Das 20, apenas uma havia entrado na faculdade e, mesmo assim, não tinha conseguido concluir os estudos por conta do preconceito.

O cenário para as transexuais, no entanto, é de ligeira melhora, afirma a militante Carla. A principal razão é a recente decisão do Ministério da Saúde de incluir a cirurgia de mudança de sexo na lista de procedimentos pagos pelo SUS. A transferência das ações do Ministério para a área da saúde da mulher agradou as transexuais, que querem ter o reconhecimento de que não são homens que se vestem de mulher, mas mulheres de fato. Mas a evolução ainda é insuficiente na opinião da socióloga Berenice Bento, que vê no Estado o principal agressor das transexuais por causa da ausência de políticas públicas e da ação violenta da polícia. “Se faltam diretrizes básicas para a proteção física das transexuais, pensar em inserção no mercado de trabalho é algo muito distante”, diz.

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI15117-15279-2,00-PESQUISA+COM+TRANSEXUAIS+MOSTRA+PRECONCEITO+CONTRA+MULHERES+NO+TRABALHO.html

domingo, 19 de outubro de 2008

Pesquisa com transexuais mostra preconceito contra mulheres no trabalho- Parte 1


A socióloga americana Kristen Schilt concluiu que homens que se submetem à cirurgia de mudança de sexo perdem salário e poder na carreira. Já as mulheres que assumem sua identidade masculina experimentam uma ascensão profissional


Thiago Cid - 17/10/2008 - 22:55 - Atualizado em 18/10/2008 - 11:25

Cansada de tentar detectar o preconceito de gênero no ambiente de trabalho, a socióloga Kristen Schilt, da Universidade de Chicago, teve uma idéia para demonstrar como o sexo influencia a evolução da carreira e a folha de pagamento dos funcionários. Em parceria com o economista Matthew Wiswall, da Universidade de Nova York, ela usou as experiências de transexuais em seus ambientes de trabalho antes e depois da mudança de sexo. Com esse método ousado, ela tentou diminuir um dos principais problemas para estudar as discriminações relacionadas ao sexo: o fato de que elas, geralmente, são encobertas por outras justificativas, como formação ou critérios de desempenho e comprometimento. Segundo a pesquisadora, seu estudo permitiu comparar a situação de pessoas com exatamente o mesmo capital humano, porém de sexos diferentes.

Dentro de sua pesquisa, Kristen esbarrou em outro assunto mais polêmico e desconhecido do que a discriminação em relação às mulheres e que passou a ser seu foco principal: como é o ambiente de trabalho para os transexuais? Segundo a Organização Mundial de Saúde, a transexualidade um transtorno de identidade e se manifesta pelo desejo de viver e ser aceito como uma pessoa do sexo oposto àquele do nascimento. As pessoas transexuais, no entanto, acham ofensiva essa designação e contestam o uso do termo transtorno. Esse conflito entre o cérebro e o corpo tem início na gestação, quando a programação sexual do cérebro - que ocorre antes da formação dos órgãos sexuais - não corresponde ao sexo biológico. As estimativas são que um em cada 30 mil homens e uma em cada 100 mil mulheres têm esse conflito de identidade.

As conclusões da pesquisa de Kristen Schilt evidenciam, em parte, o óbvio. Segundo seu estudo, o ambiente de trabalho, assim como qualquer outro meio social, é um ambiente hostil. Mas outras percepções desafiam o senso comum e mostram o privilégio que o gênero masculino pode ter no mercado de trabalho.

Com base no relato de mulheres transexuais - que nasceram com o sexo biológico masculino, mas têm identidade feminina - e dos homens transexuais - que nasceram com o sexo feminino, mas têm identidade masculina -, a socióloga americana descobriu que, em média, as "novas" mulheres, homens que submeteram a uma cirurgia de troca de sexo, tiveram perdas de salário e de autoridade. Já os "novos" homens relataram um pequeno acréscimo nos rendimentos e mais autoridade entre os colegas.

Kristen exemplifica a situação com o caso do neurobiologista Ben Barres, da Universidade de Stanford. Ben nasceu Barbara e já tinha uma carreira acadêmica de sucesso quando decidiu fazer a transição de gênero. Ele relatou que certas pessoas que não souberam de sua mudança afirmaram que ele era muito melhor que sua irmã, Barbara. Para Kristen, o depoimento do neurobiologista é sintomático da visão machista no mercado de trabalho e ilustra os benefícios que os homens transexuais eventualmente podem ter.

A conclusão vai ao encontro da percepção da socióloga Berenice Bento, da UnB, autora dos livros A (re)invenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual e O que é transexualidade. Berenice afirma que, baseada nas pesquisas brasileiras, não é possível constatar os ganhos materiais dos homens transexuais, mas quase todos relatam um ganho subjetivo: liberdade. Segundo a socióloga brasileira, essa liberdade seria traduzida em aspectos do comportamento masculino. “É uma obrigação menor com a aparência, poder ter um certo desleixo para se vestir, poder andar sozinho à noite”, diz.

Continua...


segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A exclusão social



Vivemos na era da inclusão. Somos bombardeados por todo tipo de campanha que faça valer o diferente, mostrando que aquele que não é o comum para a maioria, também tem, como todos, direito ao seu lugar.

Curiosamente, recentes acontecimentos advindos de representantes da educação, vem demolir toda essa campanha de inclusão.

Em dois momentos distintos, indivíduos que foram retificar seus respectivos diplomas ou certificados, seja na escola onde estudaram ou, pasmem, na Secretaria de Educação de seu Estado, foram tratados com desrespeito e discriminação.

Em um momento, a escola se negou a cumprir o ofício do juiz que pedia a retificação sem fazer menção ao estado anterior. Após inúmeros desconfortos, negativas do jurídico da escola em conversar com o postulante, ele teve o desprazer de ver escrito atrás do seu diploma que Fulano era Fulana que cursou, etc, isso contrariando o ofício do juiz. Após insistência, apenas conseguiu resolução depois de dizer de forma clara que pediria não um ofício, mas um mandado do juiz para que tal situação fosse regularizada.

Em outra ocasião, mais absurda, ocorrida dentro de uma Secretaria de Educação, a advogada da parte foi maltratada pela advogada da Secretaria, visto que por não saberem como agir, foi necessário abrir um processo administrativo, passando também por cima, do um ofício de um juiz. A referida representante legal da Secretaria foi abusiva e se referiu à situação de forma agressiva e discriminatória, dizendo que era absurdo não haver menção nenhuma ao estado anterior, que se tratava de uma mulher que dizia ter virado homem, que isso não era normal, e que ela achava o pedido do juiz errado. Levantou a suspeita inclusive, de forma velada, de que o ofício do juiz fosse falso.

Mas uma outra forma de desrespeito absurda também ocorreu por parte de educadores ou pessoas ligadas à educação.

Em terceiro momento mundo educacional bizarro, uma universidade no Sul retirou a bolsa de pesquisa de dois alunos trans, porque não achavam locais onde mandariam os alunos para efetuarem as pesquisas, visto que eles tinham necessidades “especiais”. Locais estes, onde eles pudessem causar menos constrangimento as pessoas. A desculpa vai além dizendo que eles tinham rendimento abaixo do esperado, quando na verdade, estavam rotineiramente entre os primeiros da classe. O mais bizarro é que o MP, em denúncia feita pelos alunos, acatou o pedido do reitor / coordenador.

Pergunto-me então: inclusão social? !

De onde se espera cultura, a busca pela verdade e pelo saber, se encontra retrocesso, ignorância, e EXCLUSÃO social. Vergonhosamente constato que toda a propaganda em torno da inclusão resume -se a promessas vazias de candidatos de hoje, ontem e amanhã. A projetos sociais fabricados, para novamente iludir os ditos incultos, e por conseqüência, mais manipuláveis.

Não é possível se exigir educação e cultura de uma população com tantas dificuldades como o povo brasileiro, quando aqueles que deveriam zelar por esses conceitos, promovendo a integração, buscando desenvolver o indivíduo, dando subsídios a ele para se sentir incluído, e dessa forma se tornar parte do desenvolvimento coletivo com experiências únicas, simplesmente ignora e usa de formas abusivas para excluir.

E discriminar, sim. Aberta ou velada, discriminação é exclusão.

Quando se ouve insultos da boca de alguém dito boçal, logo pensamos “Ah é um ignorante, não entende nada.” E quando as palavras vêm daqueles que lidam com educação no seu dia a dia, e dizem, primar pela manutenção e propagação da mesma?

O que dizer? !

“Tais situações não são regra, mas lamentáveis exceções que ocorrem e não representam a idéia educacional proposta, bla, bla, bla.”

Que tal mais verdade e menos discursos vazios?

Eu, na minha ignorante opinião, só posso dizer que, em um país onde as representações acadêmicas, e seus respectivos órgãos, parecem ser, na sua maioria, excludentes e preconceituosos, temos, de fato, um Estado sem futuro.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Projeto em São Paulo usa filme para discutir no sábado a transexualidade


Por Hélio Filho - 08/10/2008

Já em sua quarta edição, o projeto “Olhares sobre a juventude” chega no próximo sábado, 11, a partir das 15 horas, à Biblioteca Viriato Corrêa, na Vila Mariana, em São Paulo. O objetivo da iniciativa é incentivar os jovens a discutirem questões como, por exemplo, sexualidade, preconceito, drogas e relações entre pais e filhos. O projeto é realizado por uma parceria entre as bibliotecas públicas Viriato Corrêa e Roberto Santos e a Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual (CADS).

“Olhares sobre a juventude” usa sempre um filme como ponto de partida para a discussão entre os adolescentes. No sábado, “Minha vida em cor-de-rosa” será exibido. O filme que conta a história de um menino que pensa ser uma menina vai abrir espaço para um debate sobre temas como a transexualidade, as relações familiares e a descoberta de si mesmo.

Uma palestra da psicóloga do Centro de Referência em Direitos Humanos de Prevenção e Combate à Homofobia, Carolina Rodrigues de Carvalho, promete enriquecer a conversa. O evento é gratuito e aberto. Esse encontro, inclusive, é dinâmico e vai sendo guiado pelos próprios jovens conforme suas perguntas. A Biblioteca Viriato Corrêa fica na Rua Sena Madureira, 298 - Vila Mariana.

Meu eu secreto / My secret self - 3 de 5

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Dúvidas sobre a normalidade


Porque nós incomodamos tanto vocês, os que se julgam “normais”?

Porque vocês se acham no direito de nos julgar, humilhar e rechaçar?

Porque a nossa sexualidade é motivo de ódio para vocês?

Porque meu corpo e o que fazemos dele é mais importante do que nosso caráter ou capacidade?

Porque o seu Deus é aquele que pune e segrega e o nosso é aquele que deposita em nós as responsabilidades de nossos atos, mas que também nós diz para amar - nos uns aos outro independente de qualquer diferença?

Porque vocês acham que somos anormais, aberrações, erros?

Onde está escrito que temos menos valia por sermos diferentes em algum momento?

Onde está escrito que devemos ser tratados com desrespeito pela nossa situação de vida?

Onde está escrito que vocês podem apontar, rir com desdém?

Somos belos e únicos nas nossas imperfeições, e nas nossas qualidades. Somos filhos do seu Deus, força, energia, ou nada, mas fruto de uma mesma evolução. A verdadeira inadequação não está no que se diferencia, mas naquele que aponta e destrói e se esquece de encarar seu próprio reflexo no espelho. A diferença nos une e nos faz maiores e melhores; ela soma as suas experiências com as nossas e leva a sociedade a repensar, refletir e aprender a respeitar.

Choramos, suamos, ganhamos, perdemos, amamos tanto quanto vocês. Sangramos tanto quanto vocês, “normais”, mas talvez a diferença é que nosso sangue é vermelho vivo pela coragem de sermos quem somos, ele pulsa em nós, nos impulsiona a sermos de fato nosso verdadeiro eu, sem máscaras, abertos ao mundo. Ao seu mundo “normal” e excludente.

E não adianta. Nós estamos aqui, sempre estivemos, do seu lado, silenciosos, barulhentos, mas nos existimos na sua tão “perfeita” existência.

Não queremos benesses nem prêmios, tapetes vermelhos ou aplausos, apenas respeito. E quem sabe, talvez, um dia vocês aprendam que normal é saber buscar a sua felicidade.

Meu eu secreto / My secret self - 2 de 5

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Meu eu secreto / My secret self 1 de 5

Meu eu secreto é o título de uma série de repotagens que foram ao ar em abril de 2007 no programa 20/20 da rede de tv americana ABC, e que acompanha a emocionante história de crianças e adolescentes transexuais, e suas interações com família, sociedade, os desejos, os medos, perspectivas e conquistas.

Não conhecia essa série de reportagens e os descobri visitando o blog A Inserida (ver links).

Os vídeos que postarei aqui estão em inglês, mas nossa irmã do blog A Inserida está gentilmente disponibilizando os mesmos vídeos com legendas para que mais pessoas tenham acesso a essas fascinantes histórias de vida.

Algumas vezes, ao tentar visualizar os vídeos no blog, eles demoraram demais para carregar. Caso eles não carreguem, ou você não consiga visualizar, segue abaixo o link para os vídeos no You Tube.

Crônica sobre o corpo feminino


Um amigo do grupo do yahoo, ftm brasil, nos repassou essa crônica de autor que ele desconhece, mas que achou interessante sobre a forma feminina.

E eu, idem.

Talvez não concorde com tudo, como a parte de que estilistas são na sua maioria gays, e que por odiarem o corpo feminino, fazem roupas para mulheres sem forma, quase sem vontade. Creio que seja apenas um padrão vigente, que de tempos em tempos muda. Na verdade, pena que as pessoas se prendam tanto a eles, e pautem suas vidas cotidianas assim.

Mas, não restam dúvidas, o autor é bem direto, e creio eu, real.

O que isso tem haver com ser um homem trans? Talvez tudo, talvez nada.

Aproveito e peço licença aos meus irmãos de causa que sejam gays. Não tomem isso como exclusão, é apenas uma opinião.

Caso alguém saiba o nome do autor ou fonte, por favor me avise que disponibilizo aqui. Assim como se o autor quiser que seja retirado do blog, basta igualmente, entrar em contato.

"Não importa o quanto pesa. É fascinante tocar, abraçar e acariciar o corpo de uma mulher. Saber seu peso não nos proporciona nenhuma emoção.

Não temos a menor idéia de qual seja seu manequim. Nossa avaliação é visual, isso quer dizer, se tem forma de guitarra... está bem. Não nos importa quanto medem em centímetros - é uma questão de proporções, não de medidas.

As proporções ideais do corpo de uma mulher são: curvilíneas, cheinhas, femininas... . Essa classe de corpo que, sem dúvida, se nota numa fração de segundo. As magrinhas que desfilam nas passarelas, seguem a tendência desenhada por estilistas que, diga-se de passagem, são todos gays e odeiam as mulheres e com elas competem. Suas modas são retas e sem formas e agridem o corpo que eles odeiam porque não podem tê-los.

Não há beleza mais irresistível na mulher do que a feminilidade e a doçura. A elegância e o bom trato, são equivalentes a mil viagras.

A maquiagem foi inventada para que as mulheres a usem. Usem! Para andar de cara lavada, basta a nossa. Os cabelos, quanto mais tratados, melhor.

As saias foram inventadas para mostrar suas magníficas pernas.. Porque razão as cobrem com calças longas? Para que as confundam conosco? Uma onda é uma onda, as cadeiras são cadeiras e pronto. Se a natureza lhes deu estas formas curvilíneas, foi por alguma razão e eu reitero: nós gostamos assim. Ocultar essas formas, é como ter o melhor sofá embalado no sótão.

É essa a lei da natureza... que todo aquele que se casa com uma modelo magra, anoréxica, bulêmica e nervosa logo procura uma amante cheinha, simpática, tranqüila e cheia de saúde.

Entendam de uma vez! Tratem de agradar a nós e não a vocês. porque, nunca terão uma referência objetiva, do quanto são lindas, dita por uma mulher. Nenhuma mulher vai reconhecer jamais, diante de um homem, com sinceridade, que outra mulher é linda.

As jovens são lindas... mas as de 40 para cima, são verdadeiros pratos fortes. Por tantas delas somos capazes de atravessar o atlântico a nado. O corpo muda... cresce. Não podem pensar, sem ficarem psicóticas que podem entrar no mesmo vestido que usavam aos 18. Entretanto uma mulher de 45, na qual entre na roupa que usou aos 18 anos, ou tem problemas de desenvolvimento ou está se auto-destruindo.

Nós gostamos das mulheres que sabem conduzir sua vida com equilíbrio e sabem controlar sua natural tendência a culpas. Ou seja, aquela que quando tem que comer, come com vontade (a dieta virá em setembro, não antes; quando tem que fazer dieta, faz dieta com vontade (não se saboteia e não sofre); quando tem que ter intimidade com o parceiro, tem com vontade; quando tem que comprar algo que goste, compra; quando tem que economizar, economiza.

Algumas linhas no rosto, algumas cicatrizes no ventre, algumas marcas de estrias não lhes tira a beleza. São feridas de guerra, testemunhas de que fizeram algo em suas vidas, não tiveram anos 'em formol' nem em spa... viveram! O corpo da mulher é a prova de que Deus existe. É o sagrado recinto da gestação de todos os homens, onde foram alimentados, ninados e nós, sem querer, as enchemos de estrias, de cesárias e demais coisas que tiveram que acontecer para estarmos vivos.

Cuidem-no! Cuidem-se! Amem-se!

A beleza é tudo isto."