quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Feliz Natal e Ano Novo.




Mais um ano está perto de findar e gostaríamos de agradecer imensamente à todos que passaram por aqui, que deixaram comentários, que se dispuseram a enxergar com outros olhos as diferenças ou que timidamente encontraram algum conforto para suas angústias neste espaço virtual.

Esperamos poder contar com a sua presença no próximo ano para que juntos possamos construir algo maior.

E ficam aqui nossos votos de um Natal fraterno, cheio de luz e afeto, bem como um Ano Novo cheio de paz, harmonia e desejos dos mais variados gostos, tamanho, cores, enfim sonhados ou realizados, porém buscando a felicidade e a plenitude que habita em cada um.

E para quem acha essa época uma grande bobeira ou não comemora por razões religiosas, não tem problema algum, aqui todos são respeitados tal como são e por isso esperamos que os votos acima se estendam à todos da maneira que vocês assim quiserem e desejarem receber.





quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Transexual masculino participa do Gran Hermano da Argentina para conseguir dinheiro para mudar de sexo.

Quarta-feira, 15 de Dezembro de 2010

TELEVISÃO

Por uma prótese peniana

por Valmir Costa

ARGENTINA – O Gran Hermano 2011, versão do reality show Big Brother da Argentina, começou ontem, 14, com 10 homens e 10 mulheres na disputa pelo prêmio. No entanto, a surpresa ficou por conta do jovem Alejandro Iglesias, 26, que – apesar da aparência masculina, não era biologicamente do sexo masculino.

Trata-se de um transexual masculino, registrado como Silvia Iglesias, que deseja ganhar o prêmio de 400 mil pesos para colocar uma prótese peniana na cirurgia de mudança de sexo. A revelação foi feita a uma das participantes da casa, na madrugada de ontem, e exibida na noite desta terça-feira, 14.

Segundo ele, apesar de se sentir homem psicologicamente, fisicamente nasceu mulher. “Sempre me senti um menino, não sabia o motivo”, disse Alejandro. O gran hermano também comentou que ficou em dúvida se revelaria sua história de vida no programa ou se apenas se comportaria naturalmente como é.

Identidade – O apresentador do reality show Jorge Rial destacou a coragem de Alejandro e disse que o jovem estava buscando sua verdadeira identidade sobre um assunto que pouco se fala, mas que era realidade para as muitas pessoas transexuais. Ou seja, o de acordo entre o sexo biológico e o psicológico. Pela história de vida e pelo fato inusitado, Alejandro é o participante com a maior aprovação do programa. O Twitter do gran hermano transexual é o que tem mais seguidores. Além disso, o vídeo em que ele comenta sobre sua vida foi traduzido para vários idiomas.(...)

Veja o vídeo:



Fonte: http://mundomais.com.br/exibemateria2.php?idmateria=1884

domingo, 12 de dezembro de 2010

Programa Repórter Justiça sobre transexualidade, transgenitalização e retificação documental.

"O Repórter Justiça desta semana coloca em debate a questão da mudança cirúrgica do gênero sexual. A transformação cirúrgica de um transexual - chamada transgenitalização - é bastante conhecida no Brasil. O primeiro procedimento cirúrgico aconteceu na década de 70. Hoje, a transgenitalização não se limita apenas ao ato cirúrgico. Pelo menos dois anos antes da realização do procedimento começa um trabalho de apoio psicológico ao paciente. O objetivo é preparar o transexual para as mudanças que não são apenas físicas. O acompanhamento ajuda a evitar possíveis arrependimentos com a decisão tomada."









Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=Hnudka_2nkM, http://www.youtube.com/watch?v=cVpgGAZE9Fs&feature=related , http://www.youtube.com/watch?v=2O3Og0hZY2Y&feature=related , respectivamente. Grupo FTM Brasil, por colaborador.

sábado, 11 de dezembro de 2010

O sexo do cérebro


Autora do trabalho “O sexo do cérebro: uma análise sobre gênero e ciência”, a cientista social Marina Fisher Nucci, pesquisadora do CLAM, doutoranda do Instituto de Medicina Social (IMS/UERJ) e professora do Curso de Especialização em Gênero e Sexualidade (EGeS), foi uma das premiadas na categoria “Mestre e estudante de Doutorado” do concurso “Construindo a Igualdade de Gênero”, do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). No trabalho, fruto de sua dissertação de mestrado no IMS (orientada pela profa. Jane Araujo Russo), Marina buscou investigar e discutir concepções acerca do gênero e da sexualidade na produção científica e biomédica contemporânea e as teorias naturalizantes e biologizantes sobre orientação sexual e gênero, usadas para “explicar” as diferenças entre homens e mulheres e entre hetero e homossexuais (Clique aqui e veja uma lista de estudos neurocientíficos sobre orientação sexual e identidade de gênero).

“Procuro mostrar a forma como essas teorias são construídas, como as pesquisas são feitas, como surgem e o que elas tentam provar”, explica a pesquisadora. Uma delas é a teoria do hormônio pré-natal, surgida na universidade de Kansas (EUA) no final da década de 1950, a qual apregoa a idéia de que o cérebro é masculino ou feminino. “Então, por exemplo, a mulher transexual (o homem que nasceu com o sexo biológico masculino e se tornou mulher) teria, segundo essa teoria, um cérebro feminilizado. Um cérebro de mulher num corpo masculino. Tal ideia até hoje é muito difundida, havendo muitas pesquisas sobre ela”, afirma Marina.

Várias autoras feministas criticam essas pesquisas. Em “O sexo do cérebro”, Marina Nucci utiliza algumas delas, como Londa Schiebinger, Anne Fausto-Sterling, Marianne Wijingaard, além de Nelly Oudshoorn, autora que, na década de 1970, ficou famosa por criticar a teoria dos hormônios, segundo a qual os hormônios, e suas conexões com o cérebro, determinam o comportamento frente ao sexo oposto e a inteligência de homens e mulheres. “Há uma extensa crítica feminista a essas pesquisas. Essas autoras podem ser chamadas de feministas biólogas. São formadas em ciências biomédicas e fazem uma crítica de dentro da ciência”, relata a pesquisadora, na entrevista a seguir.

A 6ª edição do Prêmio “Construindo a Igualdade de Gênero” é uma iniciativa do CNPq juntamente com a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM/PR), Ministério da Educação (MEC) e o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNFEM). No total foram 4.560 trabalhos enviados para concorrer ao prêmio. Os vencedores recebem esta semana as premiações em dinheiro, computadores e bolsas de estudos. Para ler o artigo premiado, clique aqui

São muitas as pesquisas e teorias biomédicas que procuram explicar por bases biológicas as diferenças entre homens e mulheres e entre heterossexuais e homossexuais?

Há muitos estudos e trabalhos recentes. As pessoas tendem a achar que isto é uma coisa antiga e que foi abandonada. Mas pesquisas do tipo estão sendo feitas até hoje. Na minha pesquisa, analisei pesquisas recentes, de trabalhos publicados de 1995 a 2009.

O que elas normalmente apregoam?

Elas procuram buscar marcadores biológicos do gênero. Há pesquisas que vão observar criancinhas brincando com carrinhos ou bonecas e vão falar se as meninas brincam mais com carrinhos ou bonecas, e se os meninos brincam mais com um ou com outro. De acordo com esses estudos, isto seria um indicativo do grau de feminilidade ou masculinidade dessas crianças.

Existem várias pesquisas que focam o tamanho do cérebro. Mas as pesquisas que eu analisei são mais direcionadas à configuração cerebral, menos focadas no tamanho em si e mais no modo como o cérebro se organiza. Eu trabalhei a partir da idéia de Thomas Laqueuer sobre dimorfismo sexual, surgida a partir do século XIX. Parto da crítica que Laqueur faz à ciência.

Ciência como algo temporal e socialmente construída?

Sim, a ciência não é neutra, é localizada. Ciência diz respeito à política e à sociedade de cada época. Segundo Laqueur, o que vigorava no século XVIII era um modelo de sexo único. Mais tarde, este modelo daria lugar à idéia de dimorfismo sexual. Então, num momento a ciência sustentava não haver diferenças, que os órgãos genitais femininos eram exatamente os mesmos, apenas localizavam-se no interior do corpo devido à falta de calor vital. Acreditava-se que, caso recebessem mais calor, as mudanças nas estruturas corpóreas fariam com que o corpo feminino passasse facilmente da categoria social feminina para a masculina. Nesse sentido, a natureza teria uma tendência de caminhar sempre para o sexo perfeito, o masculino, reforçando a superioridade masculina. É a idéia da hierarquia de gênero. Então, o homem é hierarquicamente superior à mulher. A mulher seria um homem imperfeito, um homem menor.

O que proporcionou a mudança na concepção da ciência?

Aí surge a idéia de que existem homens e mulheres completamente diferentes. São dois corpos completamente diferentes, são ossos diferentes, bacias de tamanho diferentes, nervos. Então, são seres diferentes. Eles são complementares, porém diferentes. Isso significa que há lugares diferentes para seres diferentes. A idéia que o Laqueur coloca é que essa idéia de dimorfismo sexual quer justificar o lugar inferior da mulher na sociedade.

Se antes não existia o dimorfismo sexual, anatomicamente falando, por que passou a existir? De onde surge a necessidade de diferenciar e hierarquizar?

Essa teoria aparece justamente na época em que o liberalismo surgiu, trazendo a ideia de que as pessoas são todas iguais e devem, por isso, ter direitos iguais. Então, a ciência surge para justificar esse lugar da mulher na sociedade, ou seja, a mulher como não portadora de direitos. As pessoas são todas iguais, mas a ciência vai legitimar as desigualdades e as hierarquias de gênero, colocando a mulher como inferior, sem direito ao voto, excluída da vida pública, e destinada ao lar e à maternidade. Esta justificativa biológica da diferença de gênero, dos papeis diferentes e do papel inferior da mulher na sociedade teve um grande impacto na vida política, econômica e cultural. E o movimento feminista vai questionar essa justificativa biológica da suposta inferioridade feminina.

O feminismo surge num primeiro momento como uma crítica?

Isso, ele surge com as teóricas feministas, mulheres que pensavam e escreviam sobre sociedade. A partir principalmente no final do século XX, elas partem de uma crítica à ciência, uma crítica à justificativa biológica para as diferenças de gênero.

As definições científicas do corpo feminino e, por extensão, do papel social das mulheres na hierarquia social, foram determinadas por uma comunidade científica da qual as mulheres praticamente não faziam parte. Ou seja, todas essas concepções de ciência em relação à diferença biológica entre homens e mulheres eram feitas por uma ciência masculina?

Isso, eram cientistas homens, as mulheres não tinham direito de estudá-las, não podiam fazer ciência. Estavam excluídas. Os resultados obtidos por essa ciência acabariam por justificar e legitimar ainda mais essa exclusão.

O que acabou por atrelar a mulher à função reprodutiva?

As próprias pesquisas médicas em que tudo que era relacionado à mulher era ligado à reprodução. Então, era como se a mulher só servisse para isso. A mulher não podia estudar, porque iria gastar energia à toa. Ela nunca iria se igualar aos homens, serviria apenas para a reprodução e, por isso, o corpo da mulher se torna mais medicalizado. É isso o que a pesquisadora Fabíola Rohden (UFRGS) fala em sua tese sobre o surgimento de uma ciência para a mulher – a ginecologia. Mas não vai haver uma ciência análoga aos homens, a andrologia, por exemplo. Até hoje a mulher vai muito mais ao médico do que o homem. Eles não freqüentam o urologista uma vez por ano, como a mulher vai ao ginecologista.

Por que o corpo feminino se tornou mais medicalizado que o corpo masculino?

Há algumas hipóteses. Porque quem fazia a ciência eram os homens, a mulher estava num papel inferior, a medicina serviu para justificar esse papel da mulher. Talvez por esse motivo a mulher seja mais medicalizada que o homem.

Em seu trabalho você analisa a idéia de que os hormônios, e suas conexões com o cérebro, determinem o comportamento frente ao sexo oposto e a inteligência de homens e mulheres?

Sim, analisei pesquisas que partem da idéia de que muita testosterona no útero vai criar um cérebro masculino e, conseqüentemente, um comportamento masculino. O menino, por ter recebido testosterona no seu desenvolvimento enquanto feto, vai querer brincar de carrinho, depois vai ser mais agressivo, mais racional, e terá mais habilidade para a matemática, por exemplo. Enquanto a menina, que não recebeu testosterona, seria mais empática, mais cuidadosa e cuidadora, e vai preferir brincar de boneca. Então, essas teorias vão afirmar que tudo isto que vemos como características de gênero são determinadas, ainda durante o desenvolvimento do feto, pelos hormônios pré-natais. Nelly Oudshoorn mostra que, quando as primeiras pesquisas sobre os hormônios começaram a acontecer, no início do século XX, a idéia era que existia hormônio masculino e hormônio feminino. Então, os cientistas foram medir o nível hormonal.

Que contexto cultural possibilitou o surgimento dessas pesquisas?

A idéia dos pesquisadores da endocrinologia, como a Nelly Oudshoorn mostra em seu livro, era que os hormônios sexuais eram masculinos ou femininos e ponto final. O problema é que, quando foram medir o nível de hormônio em homens saudáveis, foi encontrado o hormônio “feminino”, o que causou um grande espanto nos pesquisadores. Eles pensaram: “Como pode haver na urina de um homem normal um hormônio feminino”. Então, várias especulações surgiram, para justificar essa diferença dos corpos: na verdade, eles seriam “hermafroditas latentes”, ou teriam ingerido o hormônio, por exemplo.

A teoria do hormônio pré-natal explica também a diferença entre homossexuais e heterossexuais?

Segundo essa teoria, haveria um contínuo de “masculinidade” e “feminilidade” cerebral. Então, enquanto haveria um heterossexual com cérebro masculino, o homossexual teria um cérebro mais feminilizado ou menos masculinizado, por, supostamente, ter recebido menos testosterona durante o desenvolvimento do feto.

Você acredita que a biologia tem um papel preponderante na esfera política?

Acho que cada vez mais. desde o surgimento dos ideais de igualdade, deu-se mais importância à biologia e passou-se a pensar a ciência como algo puramente racional. A idéia difundida para o público leigo é que o que é determinado cientificamente não tem discussão.

Buscar na biologia a explicação do comportamento sexual ainda é uma tendência muito freqüente hoje em dia? Tais pesquisas não seriam maléficas no sentido que acabam por reforçar a ideia de “problema” e estigmatizar ainda mais comportamentos e identidades sexuais tidos como desviantes?

Toda hora vemos no jornal que “descobriram” o gene responsável pela transexualidade, por exemplo. Mas não podemos pensar a ciência como se esta fosse malvada, é preciso pensar de modo menos dualista, como se houvesse o bem e o mal.

Publicada em: 08/12/2010 às 12:00 entrevista

Publicada em: 08/12/2010

Fonte: http://www.clam.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=%5FBR&infoid=7572&sid=43

sábado, 4 de dezembro de 2010

Violência faz parte da vida de transexuais e travestis, diz pesquisador.


Por: Suzana Vier, Rede Brasil Atual

Publicado em 04/12/2010, 11:21

Última atualização às 11:21

São Paulo - Os recentes casos de violência por suposta motivação homofóbica, como os que envolveram jovens na avenida Paulista, em São Paulo, em novembro passado, não são novidade na vida de travestis e transexuais, afirma o pesquisador e jornalista, Aureliano Biancarelli. Autor do livro "A Diversidade Revelada", que narra o dia a dia de transexuais e travestis, ele relata que a violência contra essas pessoas começa cedo, já na infância, e no interior da própria família e se repete na escola e ao longo de toda a vida.

"A violência é uma constância na vida delas. Começa com uma violência que é menos visível, mas mais danosa para a pessoa que é a violência dentro de casa", pontua. Nem sempre travestis e transexuais sofrem violencia física, mas em geral passam pela exclusão familiar. "Ou você se enquadra no sexo que nasceu ou vai ser expulso de casa", acentua Biancarelli.

Em entrevista à Rede Brasil Atual, o jornalista explicou que a violência doméstica, física ou psicológica, acaba levando transexuais e travestis às ruas e à marginalidade. "Se vai para rua e é um travesti, um homossexual que quer viver como travesti, vai acabar caindo na marginalidade. A única coisa que vai encontrar no mercado de trabalho é a prostituição ou, raramente, vai encontrar trabalho como cabeleireiro", analisa.

De acordo com definições médicas citadas pelo antropólogo e pesquisador Bruno Cesar Barbosa em entrevista à Agência USP de Notícias, uma ou um travesti seria aquele que se comporta e se veste como o outro gênero, mas não quer a cirurgia para mudar seu órgão sexual. Já os/as transexuais, sentem a necessidade de fazer a cirurgia, pois se sentem do outro gênero desde o nascimento.

As transexuais consideram que nasceram com o corpo errado. A mente age como se fosse de um sexo e o corpo é de outro, por isso desejam fazer a operação que recolocaria o corpo no lugar que deveria estar, diz Biancarelli.

As mulheres trans nasceram com corpo de homem e se sentem mulheres.

Os homens trans conservam os órgãos femininos, mas pensam e agem como homens.

Segundo o pesquisador, uma ínfima porcentagem de famílias compreendem e aceitam familiares transexuais ou travestis. Motivo que leva muitas pessoas a viverem escondidas ou se relacionarem apenas dentro do mesmo grupo.

Como exemplo do medo que ronda a vida dessa população, Biancarelli cita a história de um homem trans, com corpo feminino, que perto de se casar, prefere esconder da família da noiva sua condição de transexual. Ou a história do professor de inglês, homem trans, que tem uma vida em comum com uma professora da mesma área, mas vive sempre no "limiar do risco", com receio de que colegas e familiares descubram a transexualidade.

A rejeição social também impacta no estilo de vida de trans e travestis."Eles têm medo do dia. Têm uma vida na escuridão", comenta. "Quando escurece, aí se travestem, se enfeitam, mas durante o dia saem o mínimo possível de casa. Elas não têm coragem de tomar Metrô, ou ônibus, por exemplo", acrescenta em relação às travestis.

Discriminação

Biancarelli detectou que transexuais e travestis sofrem preconceito e humilhação em ações simples do dia a dia, como ir ao banheiro ou procurar um médico.

"Homem e mulher trans, como se vestem de mulher, utilizam banheiros femininos e todas elas relatam violência nessas situações porque mulheres reclamam se descobrem ou sabem. Da mesma forma não seriam aceitas com roupa de mulher em banheiro de homem", alega Biancarelli. Há casos de profissionais demitidos ou que tiveram de se submeter a usar "o banheiro dos fundos" para permanecer na empresa, informa o jornalista.

Ir ao médico é outra questão complicada para essa população. Primeiro, a transexual ou travesti é chamada pelo nome de homem, mas quem levanta e vai ao encontro do médico ou da enfermeira é uma mulher. Depois, os trans homens não têm ginecologista para atendê-los. "Não tem como ir a um ginecologista vestida de homem", argumenta o jornalista. Da mesma forma, é difícil para uma trans mulher ir ao proctologista. "Como iam procurar hormônio?", indaga o pesquisador.

Saúde

Segundo o jornalista, travestis e transexuais têm a saúde muito precária. Entrevistas realizadas com a população mais jovem aponta que apesar de não procurarem cuidados médicos há vários anos, em geral ainda não manifestaram problemas. Entretanto, a faixa etária mais velha sofre com graves problemas de saúde.

"Já esperava ouvir relatos de humilhações e maus-tratos sofridos pela população LGBT... Só não esperava que o amor e o companheirismo sobrevivessem com tanta força entre esses personagens", diz Biancarelli.Da população que procura o centro de acolhimento do Centro de Referência da Diversidade (CRD) na rua Major Sertório, centro da capital paulista, quase metade estava infectada e outra metade nunca havia feito exames, por isso não sabe seu estado de saúde real.

Biancarelli diz que as travestis acabam bebendo muito e usando drogas diariamente para aguentar a precariedade em que vivem. "Na noite você as vê cheirando cocaína, às 21 horas. Uma das coisas que o hotel ou boate condiciona é que ela incentive o cliente a beber e o cliente quer que ela beba também", conta.

Também é frequente que clientes queiram que a prostituta use drogas com ele. "Eles estão usando crack, então elas acabam caindo no crack rapidamente", elucida. "Elas precisam de mais serviços de saúde", afirma o jornalista.

Amor

Ao acompanhar o dia a dia do Centro de Referência da Diversidade, o pesquisador diz que se surpreendeu com as inúmeras histórias de amor vividas por transexuais e travestis. A maioria das mulheres e homens transexuais sonha com casamento, família e quer a mudança de sexo.

"Elas querem uma vida mais regrada, recolhida", esclarece. "Vi vários casos de trans casadas, estabelecidas. Impressionou o número de trans que tinham relacionamentos", enfoca. O jornalista também encontrou muitas travestis casadas ou namorando transexuais, michês, cafetões.

"Já esperava ouvir relatos de humilhações e maus-tratos sofridos pela população LGBT... Só não esperava que o amor e o companheirismo sobrevivessem com tanta força entre esses personagens. No Centro de Referência da Diversidade é comum ver casais de mãos dadas, ela travesti, ele heterossexual, os dois morando na rua. Em todos os relatos, em meio a histórias de maus-tratos, abandono e discriminação, há sempre uma história de amor", revela em trecho do livro "A Diversidade Revelada".

Na publicação, Biancarelli acentua que "respeito e os cuidados psicológicos e médicos a essa população dependem de um amadurecimento da sociedade. Vai do conhecimento e da atenção médica, que inclui cirurgias complexas e reordenações do serviço público, aos avanços em termos da legislação e até mesmo às interpretações do Judiciário", sublinha.

Serviço:

Em São Paulo, funciona desde 2009 o primeiro ambulatório de saúde exclusivo a travestis e transexuais, junto ao Núcleo de DST do CRT/Aids. O local conta com atendimento especializado em urologia, proctologia e endocrinologia (terapia hormonal), avaliação e encaminhamento para implante de próteses de silicone e cirurgia para redesignação sexual. De segunda a sexta, das 14h às 20h. Rua Santa Cruz, nº 81, na Vila Mariana, São Paulo.

Também na capital paulista funciona o Centro de Referência da Diversidade (CRD), administrado pelo Grupo pela Vidda/SP, em parceria com a prefeitura. O CRD oferece assistência, capacitação, geração de renda, convivência e cultura para profissionais do sexo, gays, lésbicas, travestis, transexuais e pessoas que vivem com HIV e aids em situação de vulnerabilidade e risco social. Fica na rua Major Sertório, 292/294, República. Telefone: 3151-5786. E-mail: crdiversidade@uol.com.br


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Da série porque exemplos não têm gênero...


29/11/2010 14:19

Duas transexuais nomeadas juízas nos EUA

Nos Estados Unidos existem cargos de justiça que são decididos por nomeação. É o caso de juízes para delitos menores.

Em Houston, Texas, a prefeita Annise Parker, lésbica assumida, nomeou Phyllis Frye, activista transexual de há longos anos, como juíza municipal, facto imediatamente aproveitado pelos seus críticos para afirmarem que Parker está a promover uma agenda lésbica, gay, bissexual e transgénera.

Frye, uma advogada transexual de Houston, lutou contra as lágrimas na semana passada quando a prefeita a apontou para um lugar municipal na mesma sala onde Frye tinha ajudado na revogação da portaria sobre "cross-dressing" em 1980, que criminalizava.tal procedimento.

Aos 63 anos de idade, vai ouvir casos de delitos de baixo nível.

Frye tem consciência de que é a primeira juíza transexual no Texas, e sabe de pelo menos dois outros juízes transexuais em outras partes do país.

"Eu acho que ela é uma grande adição ao nosso sistema judicial", disse a prefeita.

Frye junta-se assim a outros 43 juízes municipais e 22 a tempo inteiro.

Graduada da Texas A & M, Frye foi escuteira. Ela também foi um marido e um pai.

Frye exerce advogacia em defesa criminal em Houston desde 1986.

Ela agora dirige uma firma de seis advogados e tem apostado a sua experiência em questões jurídicas relacionadas com lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros numa já longa carreira jurídica - o capítulo mais recente é a sua representação de Nikki Araguz, a transexual viúva Wharton envolvida numa batalha jurídica para receber parte dos benefícios pela morte do seu marido.

A sua nomeação, entretanto, foi aplaudida pela associação LGBT de Houston Caucus.

Frye disse que espera começar a trabalhar na Primavera.

Outros cargos no governo local, tais como juízes superiores e xerifes da cidade, são decididos por votação, em vez de nomeação.

O condado de Alameda, na Califórnia, elegeu a primeira juíza abertamente transexual da história dos Estados Unidos.

Victoria Kolakowski, que transitou de masculino para feminino, em 1989, durante o último ano de faculdade, recebeu 51 por cento dos votos para participar do Tribunal Superior do condado de Alameda, batendo o procurador do condado do distrito para o trabalho por cerca de dez mil votos.

Kolakowski é casada com a jornalista Cynthia Lair, tendo elas sido um dos primeiros casais do mesmo sexo a casar em S. Francisco.

Segunda-feira passada, Kolakowski disse, ao referir-se à sua eleição, que os eleitores de Alameda têm a "capacidade de ultrapassar as diferenças do passado e olhar para o que verdadeiramente importa. - A nossa capacidade e experiência".

John Creighton, adversário derrotado, desejou-lhe boa sorte no cargo.

Grupos transexuais californianos ajudaram a financiar a campanha de Kolakowski, que também recebeu o apoio de legisladores democratas.

Fonte: http://www.gay1.com.br/2010/11/duas-transexuais-nomeadas-juizas-nos.html , por colaboradora.

Porque arte também faz bem a alma...


Pintar, escrever, desenhar, dançar, qualquer forma de expressão artística merece respeito. A arte liberta, transcende barreiras, expressa cada um pelo olhar do artista. Além de ser um ótimo exercício que pode auxiliar a resolver algumas questões que estejam pendentes ou simplesmente como válvula de escape.

Independente dos motivos, ver, ler, fazer e ser arte vale sempre a pena.

Pensando nisso, transcrevo abaixo poema de um colega que gentilmente deu permissão para que fosse postado aqui, e mais: nos deu permissão para entrar no seu mundo e teve a coragem de deixar que outros se encontrem nele também.

"Tive um sonho feliz
Acordei e era amado
Eu usava uma regata
E era bem apresentado

As garotas me queriam
Eu tinha uma amiga
Ela também me amava
Enquanto eu apenas fugia

Meu cabelo era curto
Bem no alto, arrepiado
Claro, um sorriso lindo
E meu corpo desenhado

Eu tambem usava
Uma calça bem legal
Ela era preta e larga
E no bolso um espiral

Mas derrepente acordei
E tudo estava igual
Eu com essa vida
E meu baixo astral

E agora, eu não era ninguem
As garotas sentem nojo de mim
Toda vez que eu olho para a amiga
Ela apenas sorri

Não é um sorriso bonito
Como se fosse um carinho
É um sorriso dizendo
"Como tú és mesquinho"

A amiga não me ama
E como ela poderia ?
Amar um homem no corpo de mulher
Até eu entenderia

Então volto para casa,
Sempre pensando na vida
Com sorriso falso na cara
Com mentiras em minha ida

Subo para o quarto
Eu adoro aquele mundo
Sendo quem eu quiser,
Sem estar de pé no muro

Ali sou oque sonhei
Um rockstar bem famoso
Desejado pelas meninas
E com dinheiro no bolso

Mas de repente eu caio do muro
E ali me vejo denovo
No meu corpo de menina
No meu corpo horroroso

Minha mãe me chama
Eu não gosto de ouvir
Ela diz " Filha linda "
Eu só quero sumir

Eu me sinto tão sozinho
Quando me olho no espelho
Mas também me sinto outro
Quando penso direito

É aquilo que eu quero
Ser o muleque ali
Com um sorriso estampado
Como eu sempre quis

Eu levei um tiro
E estou esperando deitado
No dia que eu vou ser
O que sou quando sonho acordado"

J.