terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Sistema Endócrino II


Mineralcorticóides

O principal mineralcorticóide segregado quase independentemente do ACTH da pituitária é a aldosterona. A secreção de aldosterona é principalmente controlada pelos níveis de potássio e sódio no soro e através de um sistema de controle da pressão arterial chamado sistema “renin-angiotensin”. A principal ação da aldosterona é a retenção de sódio. Onde há sódio, estão associados íones e água. Portanto, a aldosterona age profundamente no equilíbrio dos líquidos, afetando o volume intracelular e extracelular dos mesmos. A aldosterona tem efeito oposto em níveis de potássio do soro já que ela fica na urina em troca do sódio nos túbulos renais. Glândulas salivares e sudoríparas também são influenciadas pela aldosterona para reter sódio e o intestino aumenta a absorção de sódio como reação à aldosterona.

Os níveis de aldosterona aumentam e causam retenção de líquidos em doenças como parada cardíaca congestiva e cirrose hepática. Certos diuréticos agem neutralizando a aldosterona. Em contraste com a maioria dos diuréticos que causam perda de potássio, os neutralizadores de aldosterona aumentam o potássio do sangue e às vezes são usados para este fim.

Glucocorticóides

O principal glucocorticóide é o cortisol. O cortisol tem importantes efeitos no controle e no metabolismo dos carboidratos, lipídios, proteínas e ajuda na reação metabólica ao estresse, especialmente o estresse crônico. Ele causa a liberação de glicose pelo fígado através do aumento da produção de glicose pelos ácidos graxos (subprodutos da decomposição dos lipídios) e aminoácidos. O cortisol faz com que os tecidos absorvam menos glicose do sangue e mobiliza a decomposição das gorduras. O efeito líquido é o aumento das concentrações de glicose no soro as quais protegem o cérebro, que não pode usar nenhuma outra fonte de combustível que não a glicose. O cortisol também estimula a decomposição das proteínas para a formação de glicose em todos os tecidos com exceção do fígado onde ele estimula a síntese das proteínas.

Em altas concentrações (maiores que as fisiológicas) os glucocorticóides (como a hidrocortisona ou prednisona) são úteis para o tratamento de alergias e inflamação. Cada etapa do processo inflamatório é bloqueada pelos glucocorticóides quando administrados sistemicamente (injetável ou oral). A aplicação tópica de glucocorticóides tem efeitos antiinflamatórios locais. Acredita-se que a atividade antiinflamatória dos glucocorticóides é principalmente devida à estabilização das membranas celulares e à inibição de fosfolipases e portanto, da síntese da prostaglandina. A reação imunológica também pode ser suprimida pelo uso de glucocorticóides. Eosinófilos e linfócitos diminuem na circulação afetando a imunidade celular e humoral. Os glucocorticóides são usados para muitos outros distúrbios, inclusive asma, doenças renais, reumáticas como lúpus e doença inflamatória do intestino.

Tiróide

A tiróide é um grande órgão endócrino que serve principalmente para controlar o metabolismo. Está situada no pescoço entre a traquéia e a laringe, tem dois lóbulos e um istmo fazendo a conecção. A glândula é composta de muitos folículos minúsculos que são, com efeito, glândulas funcionando separadamente com uma única camada de revestimento epitelial. Cada folículo apresenta uma forma de armazenamento dos hormônios tiroideanos em circulação, tiroglobina. A tiroglobina é uma grande molécula de proteína que contém cópias múltiplas da tirosina aminoácida. Os hormônios tiroideanos são modificações muito simples da tirosina aminoácida. O iodeto acrescentado a um ou dois pontos no aminoácido faz com que duas das tirosinas modificadas se combinem para formar um dos dois hormônios tiroideanos, tiroxina (T4) ou triiodotironina (T3). Os hormônios tiroideanos são então isolados da tiroglobina, como necessário, e liberados na circulação. Os folículos tiroideanos acumulam iodo extraindo-os do sangue e conservando-os dentro do lúmen do folículo. Esta habilidade em armazenar hormônios em uma grande molécula é específica da tiróide.

Ambos os hormônios T4 e T3 entram nas células e se combinam a receptores intracelulares por meio dos quais aumentam as capacidades metabólicas da célula. A mitocôndria e as enzimas mitocondriais são aumentadas, influenciando assim, o metabolismo celular. Os hormônios tiroideanos são necessários para o crescimento e o desenvolvimento normais. Eles têm efeitos metabólicos na síntese das proteínas, no metabolismo dos lipídios e dos carboidratos.

Também produzido por células parafoliculares dentro da tiróide está o hormônio polipeptídeo, calcitonina. Ele funciona na preservação do cálcio, diminuindo os níveis de cálcio no sangue. Quando os níveis de cálcio no soro forem excessivos, a calcitonina é liberada. Ela inibe a reabsorção óssea (inibindo a atividade osteoclasta), permite a perda de cálcio na urina e portanto diminui o cálcio no sangue. Ela se opõe à ação do hormônio da paratiróide e tem sido clinicamente usada para o tratamento de osteoporose.

Paratiróide

As quatro glândulas paratiróides ficam sobre a glândula tiróide, em nodos separados e espalhados fora dos quatro quadrantes da tiróide. O hormônio da Paratiróide está sob o controle direto por “feedback” dos níveis de cálcio na circulação. Se os níveis de cálcio caem, então o hormônio da paratiróide é liberado. Com a elevação dos níveis de cálcio, a liberação do hormônio é reduzida. O hormônio da Paratiróide promove a reabsorção do cálcio pelos ossos, rins e intestinos.

Pâncreas

O pâncreas é uma glândula mista: exócrina e endócrina. A porção exócrina produz muitas das enzimas digestivas necessárias à função gastrointestinal. A porção endócrina compreende ilhas distintas de células, chamadas ilhotas de Langerhans. Estas células, situadas dentro das ilhotas, produzem dois hormônios que regulam a concentração de glicose no sangue. A insulina é um hormônio polipeptídeo produzido pelas células beta que reduzem o nível de glicose na circulação. É o único hormônio que reduz os níveis de glicose da circulação, é segregado como resposta aos níveis altos de glicose e está sujeito a controle por “feedback” negativo. A insulina faz com que as células absorvam glicose, estimula o armazenamento de glicose, e inibe a sua produção. As anormalidades na secreção ou na resposta das células à insulina provocam o distúrbio denominado diabetes mellitus.

O glucagon é uma pequena proteína produzida pelas células alfa, dentro das ilhotas, que causa a elevação do nível de glicose no sangue. Sua liberação é controlada pelos níveis de glicose no sangue. Com a queda destes níveis, cresce a liberação de glucagon que causa o armazenamento de glicose e sua síntese até que os níveis estejam aumentados e a liberação de glucagon seja então reduzida por “feedback” negativo. O glucagon se opõe às ações metabólicas da insulina. Esta oposição, mais o controle por “feedback” negativo dos níveis de glicose, mantém um controle bastante severo dos níveis de glicose no sangue.

Testículos

A testosterona é teoricamente o hormônio dos testículos e é sintetizada a partir do colesterol pelas células de Leydig. A secreção de testosterona está sob o controle do LH da pituitária. A secreção de LH diminui com o aumento dos níveis de testosterona no sangue através de “feedback” negativo. A testosterona desenvolve e mantém as características sexuais secundárias masculinas, é anabólica, promove o crescimento e participa da formação do esperma. Também causa comportamento agressivo e aumenta a libido. Os andrógenos (hormônios masculinos) fazem aumentar os pelos do corpo enquanto os cabelos do couro cabeludo diminuem.

Tal qual outros esteróides, a testosterona penetra nas células, combina-se com um receptor intracelular e então causa a produção de mRNA, codificando as proteínas que manifestam as mudanças induzidas pela testosterona. Em alguns tecidos é produzida uma forma de testosterona, DHT, que tem maior estabilidade em combinação com o receptor e portanto produz um efeito mais duradouro. O DHT é necessário para a maturação das glândulas associadas e da genitália externa, enquanto a testosterona é mais importante para o crescimento da massa muscular, desenvolvimento da genitália interna, manutenção da libido masculina e vigor sexual.

Outro hormônio produzido pelos testículos é o hormônio polipeptídeo, inibina, produzido pelas células Sertoli. Ele inibe a secreção de FSH agindo diretamente sobre a pituitária.

Ovário

Os ovários produzem os hormônios esteróides (estrogênio e progesterona) responsáveis pelo desenvolvimento de características sexuais secundárias. Eles desenvolvem e mantêm a função reprodutiva feminina. Os estrogênios, especificamente, são segregados pelas células internas “theca” e pelas células “granulosas” do folículo ovariano, do corpo lúteo e da placenta. O LH proveniente da pituitária anterior combina-se com os receptores das células internas “theca” ou “granulosas” causando a produção de estradiol a partir do colesterol ou de um precursor “androstenedione” que passa das células “theca” às células “granulosas”. A progesterona é segregada principalmente pelo corpo lúteo e pela placenta, mas uma parte é produzida pelo folículo em desenvolvimento. O “feedback” negativo a partir da progesterona diminui a secreção de LH sendo que grandes doses podem impedir a ovulação.

O estradiol é o principal e mais potente estrogênio segregado, embora o estrona e o estriol também possam ser encontrados na circulação. Como outros hormônios esteróides, os estrogênios entram nas células alvo, combinam-se com um receptor do núcleo e causam a produção de mRNAs que, quando transformados em proteínas, modificam a função das células. Os estrogênios são metabolizados pelo fígado e segregados na bílis onde uma parte é reabsorvida pelo organismo. São excretados metabolitos de estradiol na urina.

Os estrogênios presentes na corrente sanguínea inibem a liberação de FSH e LH, em algumas circunstâncias, por “feedback” negativo. Outras vezes, como nas oscilações do LH preovulatórias, os estrogênios aumentam a liberação de LH, por “feedback” positivo. O estrogênio também aumenta a excitabilidade do músculo uterino liso, a sensibilidade miometrial à oxitocina e ainda aumenta a libido das mulheres, agindo diretamente sobre os neurônios do hipotálamo.

Os estrogênios abaixam o colesterol do plasma, inibem a arterogênese (formação de placa nos vasos sanguíneos), e protegem contra o infarto do miocárdio, como indica a incidência mais baixa de ataques cardíacos e de arterosclerose em mulheres pré-menopausadas.

A progesterona tem como principais alvos o útero, as mamas e o cérebro. Proporciona o desenvolvimento dos tecidos da mama, causa mudanças no revestimento endometrial durante a fase lútea do ciclo, diminui a excitabilidade das células miometriais e a sensibilidade uterina à oxitocina.

As células do folículo em desenvolvimento também produzem a inibina, hormônio polipeptídeo que inibe a secreção de FSH agindo diretamente sobre a pituitária.

Pineal

A glândula pineal pode ser encontrada no fundo do cérebro, sobre o terceiro ventrículo, em estreita comunicação com o fluido cérebro-espinhal. Nos adultos, a glândula pineal pode ser vista, freqüentemente, em radiografias do cérebro devido à acumulação de fosfato de cálcio e carbonato em pequenos grânulos chamados de areia pineal. As células da glândula pineal segregam o hormônio melatonina em um ciclo diurno (a quantia muda ao longo do período de 24hs) em que a quantia permanece baixa durante a luz do dia, e aumenta durante as horas escuras. Esta variação diurna é controlada através da norepinefrina proveniente do nervo simpático que é regulada pelo ciclo claro-escuro do meio ambiente.

Embora algumas pessoas usem suplementos de melatonina para tratar a insônia, este efeito não foi comprovado em experiências científicas. Tem havido relatos de insônia e depressão aumentadas, assim como outros efeitos colaterais associados ao seu uso.

Fonte: http://www.hghforever.com/ipendocrine.asp

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