10/12/2008 - Por Hélio Filho
Cientistas querem usar medicamentos para retardar a puberdade de jovens transexuais como forma de garantir que a decisão de readequar o sexo seja tomada de forma mais consciente, com mais maturidade e sem levar em conta as mudanças que a fase traz para o corpo.
Segundo a revista norte-americana “New Scientist”, essa é a proposta do anteprojeto divulgado nesta semana das diretrizes internacionais da Sociedade de Endocrinologia. É a primeira vez que o documento trata do assunto.
O objetivo desse tratamento, já desenvolvido na Holanda, é adiar as transformações corporais dos jovens, que as consideram desconectadas de seu corpo e que poderiam influenciar muito na sua escolha pela readequação.
Por exemplo: começando o processo de transexualização depois dos 16 anos, como recomendado no anteprojeto, um menino que quer ser sexualmente readequado não teria uma voz muito grave e nem tantos pêlos em seu corpo para fazer com que ele não se sinta bem com isso e queira agilizar o processo, ou paralisá-lo. É uma pressão a menos na decisão.
A recomendação é que as cirurgias sejam feitas apenas após os 18 anos, depois que o corpo estiver formado. No tratamento já realizado na Holanda, no Centro Médico da Universidade de Leiden, 70 garotos entre 11 e 16 anos receberam os medicamentos que retardam a puberdade e nenhum deles se arrependeu de sua decisão.
O método já está sendo adotado também por clínicas do Canadá, Estados Unidos e Austrália. Mas é preciso ressaltar que ainda não estão comprovados os efeitos do uso desses medicamentos a longo prazo. Outra questão ainda não esclarecida é com relação à fertilidade dos jovens. A puberdade volta a acontecer no corpo com a suspensão dos remédios, mas bloqueá-la antes que os espermatozóides maduros sejam produzidos impede que os garotos possam congelar seu sêmen para fazer uma inseminação artificial depois da cirurgia
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