Retrato Falado: transgêneros mostra outra face
Alondra, o diário de uma transex / Alondra, historia de un transexual (Carles Porta e Danielle Schleif, 2006, Espanha, 78')
Alberto é jovem, bonito, pobre, imigrante, prostituta e transexual. Há seis meses ele tem filmado praticamente tudo do seu dia-a-dia, de forma confessional. Aos 17, fugiu da Venezuela como um garoto. Ele mora e trabalha há anos na Espanha. Agora viajará à Tailândia, onde completará sua cirurgia de mudança de sexo, descobrindo-se mulher aos 25 anos. Nasce então Alondra. Em seguida, ela viajará a Nova York, onde sua família agora reside. Será a primeira vez que eles a verão como mulher. O filme mostra a batalha interna de Alondra para aceitar uma pessoa que desde a infância se sentiu traída por seu corpo e que precisou de muita coragem para tomar a decisão radical de mudá-lo e assim sair da encruzilhada em que se encontrava. Recorrendo apenas a imagens registradas pela própria Alondra, com sua técnica toda particular, o filme tem um resultado visual surpreendente.
CINE OLIDO - 14/11 (sexta-feira) 15h00
ESPAÇO UNIBANCO DE CINEMA SALA 1 - 17/11 (segunda-feira) - 14h50
Bombadeira (Luís Carlos Alencar, 2007, Brasil, 76')
A partir de uma série de depoimentos reveladores, mergulha-se no universo dos travestis e desvenda-se uma realidade pouco conhecida, longe da glamurização e dos estereótipos. “A dor da beleza” é revelada através da figura da bombadeira, profissional conhecida no meio por mudar as formas de suas “pacientes” através de implantes clandestinos de silicone industrial. Um rito de passagem doloroso e dramático. Por vezes, a prática clandestina torna-se o único ou o mais acessível modo de se conseguir o corpo idealizado. E quem são, como vivem e o que desejam as travestis bombadas? Este universo simbólico de morte e de renascimento, em que um ciclo de vida se encerra para permitir o início de outro, é registrado por meio de comoventes e fortes relatos. Mostra-se o cotidiano da travesti, suas relações familiares e conjugais, os afazeres domésticos, a discriminação e a forte religiosidade que as acompanha por toda a vida, sempre em busca do desejado corpo feminino.
BIBLIOTECA MONTEIRO LOBATO (área externa) - 15/11 (sábado) - 20h30
Ela é um Garoto que Conheci / She's a Boy I knew (Gwen Haworth, 2007, Canadá, 70')
Recorrendo a entrevistas, divertidas cenas de animação, filmes caseiros e mensagens gravadas em correio de voz, a realizadora Gwen Haworth documenta sua mudança de sexo em parte através das vozes de parentes, amigos e a esposa, todos quase sempre ansiosos e preocupados. A estréia de Haworth em longa-metragem (já havia dirigido curtas ainda sob o nome de Steven) tenta mudar a representação do transexual no cinema, que geralmente é pontuada pela marginalidade. A autobiografia de Haworth é bem humorada, comovente e alto astral. O foco principal são as relações familiares, cujos laços se fortaleceram depois que preconceitos em relação a gênero e sexualidade foram superados. O extremo cuidado emocional e estético da cineasta resulta em uma obra honesta, inteligente e muito esclarecida. O documentário foi bastante premiado em seu país de produção: no Toronto Inside Out Lesbian and Gay Film and Video Festival deste ano, levou o prêmio do público de melhor documentário e uma menção honrosa como melhor filme ou vídeo canadense; no Festival de Cinema Internacional de Vancouver, ficou com os prêmios “Filme Canadense mais Popular” e “Mulheres em Filme”; e conquistou ainda o prêmio Leo (dedicado ao cinema e à TV) de melhor roteiro para documentário, programa ou série.
ESPAÇO UNIBANCO DE CINEMA SALA 1 - 14/11 (sexta-feira) - 16h50
ESPAÇO UNIBANCO DE CINEMA SALA 4 - 15/11 (sábado) - 17h20
Mulher-Vudu / Voodoo Woman (Carolina Valencia, 2008, Canadá, 50')
É preciso tomar cuidado com o que se deseja, pois os deuses podem tomar suas próprias decisões. Enquanto filmava em Cuba, o cineasta independente Carlos Valencia tomou contato com a religião afro-caribenha conhecida como Santería. O destino fez com que ele e sua câmera tivessem acesso sem precedentes a esse mundo oculto. E durante seu aprendizado para se tornar um padre, Carlos descobre que, apesar de se sentir confortável com sua aparência andrógina, os deuses da Santería não compartilham do sentimento. Este é o poderoso relato da mudança de sexo de Carlos/Carolina e de sua jornada espiritual em busca da própria sinceridade.
ESPAÇO UNIBANCO DE CINEMA SALA 4 - 16/11 (domingo) - 15h20
ESPAÇO UNIBANCO DE CINEMA SALA 4 - 18/11 (terça-feira) - 15h20
Programas de Curtas / Short Film Programs
Porta Retratos 1
Mrs. Janaina, "Eu sou aquilo que seus olhos vêem" (Flávio Lopes, 2008, Brasil, 9')
Este manifesto político em defesa da livre expressão sexual tem por subtítulo “Eu sou aquilo que seus olhos vêem”. Cearense do município de Canindé, Jaime tornou-se Janaína Dutra, advogada e primeiro travesti a portar uma carteira profissional da Ordem dos Advogados do Brasil. Como ativista política, é referência na luta por direitos humanos, fundadora da Associação de Travestis do Estado do Ceará e presidente da Articulação Nacional dos Transgêneros. Mostra-se aqui Janaína numa de suas últimas declarações públicas, falando sobre desejo, orientação sexual e androginia.
CINE OLIDO - 15/11 (sábado) - 15h00
AUDITÓRIO DO MIS - 20/11 (quinta-feira) - 14h15
Geni (Marco Gomes de Alencar, 2008, Brasil, 13')
Livre adaptação da canção “Geni e o Zepelin”, de Chico Buarque. Geni, uma travesti agredida e dominada pela população da cidade em que vive, é chamada para salvar a vida de seu maior desafeto: o próprio pai. Mesmo maltratada pela vida, ela acredita na reconciliação. Mas não há redenção.
CINE OLIDO - 15/11 (sábado) - 15h00
AUDITÓRIO DO MIS - 20/11 (quinta) - 16h15
Eu Sou Homem (Márcia Cabral, 2008, Brasil, 22')
Com o arrebatamento de um furacão, este documentário explica como perambular pelo mundo como homem tendo corpo e nome de mulher. Este é o universo transgressor de quatro homens transexuais, exibido sem censura, preconceito ou análise.
CINE OLIDO - 15/11 (sábado) - 15h00
AUDITÓRIO DO MIS - 20/11 (quinta) - 16h15
Tomba Homem (Gibi Cardoso, 2008, Brasil, 42’)
Tomba Homem é uma negra de 73 anos de idade, travesti desde a adolescência. Foi contemporânea de Madame Satã, Cintura Fina e Hilda Furacão. Soropositiva há 16 anos, ex-presidiária da Ilha Grande e ex-interna do Manicômio de Barbacena, sobreviveu a inúmeras brigas com a polícia e com os boêmios de Belo Horizonte nos anos 1950 e 60.
CINE OLIDO - 15/11 (sábado) - 15h00
AUDITÓRIO DO MIS - 20/11 (quinta) - 16h15
Porta-Retratos 2
Corpo Conforme, O (Letícia Marques, 2008, Brasil, 18’)
O filme apresenta a vida de transexuais female-to-male brasileiros, suas experiências e a relação com a vida social “tradicional”. Eles relatam sobre o processo de auto-descoberta e sobre as dificuldades em viver e trabalhar na sociedade brasileira. Dessa forma, discute-se o que é “gênero sexual” e como se dá a interação social dos transexuais. A diretora Letícia Marques também aponta a transexualidade como uma construção social.
CINE OLIDO - 19/11 (quinta-feira) - 17h00
AUDITÓRIO DO MIS - 21/11 (sexta-feira) - 16h15
Ser Mulher (Luciano Coelho, 2007, Brasil, 50')
Nascidas meninos, mas se sentindo meninas, quatro transexuais contam a história de suas vidas e as experiências e expectativas em relação à cirurgia de adequação sexual. Este documentário de média-metragem foi concluído pelos alunos da 8ª Oficina de Realização de Vídeo do Projeto Olho Vivo, que desenvolve em Curitiba pesquisas em construção dramática para o audiovisual.
CINE OLIDO - 19/11 (quinta-feira) - 17h00
AUDITÓRIO DO MIS - 21/11 (sexta-feira) - 16h15
Proibido para menores
Buckback Mountain (Lawrence Roberts, 2007, EUA, 97')
Fazendo já no título uma óbvia referência àquele famoso filme com Heath Ledger e Jake Gyllenhaal, este é o ótimo filme pornô estrelado pelo único e inconfundível Buck Angel, ator transgênero female-to-male homossexual (e com buceta). Quem já conhece ator e obra nunca esquece. Um dos mais conhecidos e bem pagos astros atuais do pornô gay, ele sem dúvida é o principal chamariz da fita – um tiozinho sarado, de cabeça raspada, cavanhaque ruivo e todo tatuado. Seu nome é “marca registrada”, ele dirige o estúdio Buck Angel Entertainment e foi escolhido o ator transexual do ano pelo AVN Awards 2007. Esta é a história de sexo proibido entre dois cowboys viris e o grande segredo que os une: um deles tem uma vagina, e ela é insaciável! Buck é uma força da natureza, mostre-lhe seu pau duro e esse homem com buceta vai lhe dar o melhor sexo que você já teve! Ele contracena com atores como Sean Steele, Lobo e Mylo Deren. Buck declara que realizou este filme a pedido dos amigos íntimos, que sempre foram grandes admiradores de seu trabalho. O astro percebeu que ele lhes devia um filme mais “hollywoodiano”. Veio-lhe à mente o drama de Ang Lee, um sucesso tão grande junto à comunidade gay que Buck logo imaginou que seus amigos adorariam vê-lo numa suruba com roupas de cowboy. Buck is back!
CINESESC - 14/11 (sexta-feira) - 22h00
Transbrasil @ Biblioteca
Outra tradição do Mix Brasil é a realização do Transbrasil no pátio da Biblioteca Monteiro Lobato. Este evento voltado para o público transexual e travesti acontece bem no coração do centro de São Paulo e é palco para encontros memoráveis. Este ano a sessão é dupla. Há a exibição do documentário carioca Bombadeira, de Luís Carlos Alencar, que apresenta ao espectador a figura-título, profissional que muda as formas de suas “pacientes” através de implantes clandestinos de silicone industrial. O título também integra o programa Retrato Falado: Transexuais Mostram Outra Face. E a cereja do bolo na exibição ao ar livre na biblioteca será a apresentação do videoclipe Atendimento, com Claudia Wonder, performer multimídia e amiga do Mix Brasil que sempre introduziu as sessões do Transbrasil.
Outra tradição do Mix Brasil é a realização do Transbrasil no pátio da Biblioteca Monteiro Lobato. Este evento voltado para o público transexual e travesti acontece bem no coração do centro de São Paulo e é palco para encontros memoráveis. Este ano a sessão é dupla. Há a exibição do documentário carioca Bombadeira, de Luís Carlos Alencar, que apresenta ao espectador a figura-título, profissional que muda as formas de suas “pacientes” através de implantes clandestinos de silicone industrial. O título também integra o programa Retrato Falado: Transexuais Mostram Outra Face. E a cereja do bolo na exibição ao ar livre na biblioteca será a apresentação do videoclipe Atendimento, com Claudia Wonder, performer multimídia e amiga do Mix Brasil que sempre introduziu as sessões do Transbrasil.
ATENDIMENTO
Brasil, 2008
Direção: Francisco Garcia, Marcelle Dardenne
Produção: Gabriela Guimarães
Fotografia: Tiago Tambelli
Direção de Arte: Marcelle Dardenne
Figurino: Mariane Bonarde
Dia 15/11 (sábado)
Ás 20h30
Biblioteca Monteiro Lobato
Rua Gal. Jardim, 485 – V. Buarque
Entrada franca
Muito legal você ter posto isso aqui, muita informação boa.
ResponderExcluirDesses documentários, havia visto apenas o de Alondra no YouTube (ou foi no Daily Motion, não lembro agora). Vale muito a pena ver, ela mostra a saga de sua vida nada fácil até a ida à Tailândia para se operar.
Quanto ao Festival Mix Brasil, ele é uma dessas iniciativas maravilhosas que devem mesmo ser divulgadas. Bjs!