sábado, 5 de julho de 2008

Fatos sobre o preconceito - por Marília P.



Meu primeiro contato com os preconceitos que os FTMs sofrem foi antes mesmo de eu conhecer um FTM.

Mesmo sem ser, eu sempre sofri preconceito como se fosse. Fui revistada em entrada de balada junto com os meninos, já me disseram que meu RG era falso, já me tiraram pra fora do banheiro feminino incontáveis vezes.. entre tantas outras coisas.

Acabei me interessando e buscando conhecer mais sobre transsexualidade masculina e feminina e nesse processo acabei fazendo muitos amigos um deles, o dono desse blog, me pediu que escrevesse meu depoimento sobre o assunto.

O que eu tenho pra dizer não diz respeito a FTM, MTF, gays, lésbicas ou qualquer uma das letras das inúmeras siglas destinadas a nos rotular. Eu vim falar sobre o preconceito em si. Para mim a palavra já fala por si só: pré-conceito, um conceito prévio, sem conhecer, algo que você criou, ou ouviu de alguém, e guardou dentro da sua cabeça se apegando a aquilo sem nem mesmo se informar, ou procurar conhecer.

Chegamos ao fato numero 1: a base de todo preconceito está na ignorância, na ausência de conhecimento sobre um assunto.

Exemplo: Tem gente, e muita gente, que ainda pensa que homossexualidade é uma doença e que, ainda por cima, é contagiosa. Eu sofro esse tipo de preconceito aqui no trabalho, onde sou lésbica assumida, tem algumas pessoas que simplesmente não encostam em mim, conversam comigo, trabalham comigo, mas NÃO encostam.

Isso nos leva ao fato numero 2: Sendo todo preconceito embasado na ignorância, ele acaba por si só gerando medo nas pessoas. Todo mundo tem medo do que não conhece, simplesmente porque não sabe o que vai acontecer se for exposto ao objeto de seu medo e as vezes o medo leva ao ódio e a intolerância, e é ai que mora o perigo.

A vida é, pra mim, como uma criança que tem que entrar em um quarto escuro, ela pode gritar, chorar, chamar pela mãe, mas um dia ela vai ter que enfrentar seu medo e tatear pela escuridão até encontrar o interruptor. A pessoa que se apega à seus preconceitos se vê como a criança no quarto escuro, só precisa tatear em busca do conhecimento necessário para deixar ele de lado.

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