quarta-feira, 25 de junho de 2008

O problema quando Jane se torna Jack II

“Existem 10.000 de nós, provavelmente mais de 100.000,” diz Riki Wilchins, diretor executivo do GenderPAC, um grupo de lobistas em Washington, citando a definição do que é ser transgenero.

Dr Michael Brownstein, um cirurgião em São Francisco, diz que ele realizou mais de 1.000 cirurgias female to male nos últimos anos, e militantes transexuais dizem que existem cerca de uma dúzia de cirurgiões especializados nos Estado Unidos.

Os números são poucos considerando a estimativa de que há cerca de 5 milhões de gays e 5 milhões de lésbicas nos Estados Unidos. Ainda assim, junto com uma tendência entre jovens a rejeitar rótulos de identidade sexual, algumas lésbicas temem que o número de mulheres que um dia se diziam lésbicas mas hoje não mais, está aumentando.

“É como se a categoria das lésbicas estivesse esvaziando”, diz Judith Halberstam, uma teorista de gênero e professora de literatura da University of Southern California, Los Angeles, cujos livros incluem “Female Masculinity”.

Líderes de algumas organizações lésbicas dismentem a idéia de que há alguma cisma ou alegam que foi resolvida no interesse em comum pela busca dos direitos humanos para lésbicas, gays, bisexuais e transexuais.

“A visão de algumas lésbicas de que estamos perdendo lésbicas para transição é absurda,” diz Kate Kendall, a diretora executiva do National Center for Lesbian Rights. “Dada nossa história de opressão, todas as lésbicas deveriam encorajar as pessoas a serem elas mesmas ainda que signifique que uma irmã lésbica está se tornando nosso irmão heterosexual.

Mas em conversas privadas e em fóruns públicos de discussão, as questões sobre como enquadrar os relacionamentos entre lésbicas, ex-lésbicas e jovens mulheres que chamam a si mesmas de “gender queer” em vez de lésbicas, parece longe de estar resolvido.

“Existe um desconforto geral sobre isso tudo, tipo ‘O que estamos perdendo aqui?” diz Diane Anderson – Minshall, a editora executiva da resvista Curve, voltada para o público lésbico. A situação tráz de volta velhas inseguranças sobre as mulheres “não serem boas o suficiente”, ela acrescentou.

Koen Baum, terapeuta familiar em São Francisco e que é um homem transexual, diz que a ansiedade que algumas lésbicas sentem tem raízes complexas. Algumas, diz ele, crêem que mulheres que “passam” como homens estão de alguma forma abraçando privilégios masculinos.



Ben A. Barres, professor de neurobiologia em Stanford e homem transexual, recentemente forneceu material para essa visão em um artigo na Nature e em uma entrevista para o New York Times. “É muito mais difícil para mulheres terem sucesso, conseguirem empregos, terem privilégios, especialmente grandes privilégios.” ele disse ao The Times.

A idéia de privilégios masculinos foi também parte da trama de “The L Word”: Quando Max sabe que esta sendo oferecido a ele o mesmo emprego que perdeu como Moira, ele garante que irá recusar e contar ao chefe, mas ele mais tarde decide aceitar e não dizer nada.

Baum diz que a ansiedade também tem raízes no medo de perder aliados na luta contra o sexismo. “A questão na cabeça de muitas lésbicas é ‘Ainda será você e eu contra o sexismo, ou eu e você contra o mundo?’” ele diz.

Existem também questões práticas: Que espaço deve um homem transexual ocupar em espaços femininos como saunas, festivais musicais e além, nas faculdades femininas onde alguns homens trans, tomando testosterona participam de competições esportivas?

Laura Cucullu, editora freelancer e recém garduada pelo Mills College em Oakland, Califórnia, colocou a questão da seguinte maneira: “Quando nós vamos expulsar você? Quando você mudar seu nome para Bob? Qunado você começar a tomar hormônios? Quando você deixar seu bigode crescer? Qunado você fizer a mastectomia?”

Fato é que o aparente não conflito paralelo na comunidade gay direcionado a homens que se tornam mulheres, ainda é objeto de especulação.

“Existe a sensação que um homen trans está “traindo o time”, se juntando ao opressor, esse tipo de coisa”, diz Ken Zucker, psicólogo clínico e especialista em pesquisa de gênero na University of Toronto.

Apesar da teia de assuntos envolvidos, a taxa de longeividade de casais lésbicos parece ser maior que a entre casais gays quando um dos parceiros decide readequar seu gênero, dizem os militantes.



Depois que Susie Anderson – Minshall se tornou Jacob anos atrás, ele e sua parceira de 15 anos, Sra. Anderson – Minshall, a editora da revista Curve, decidiram se casar. A primeira cerimônia foi um contrato de parceria como lésbicas; a segunda foi legalmente reconhecida como marido e mulher segundo as leis do Estado da Califórnia, onde eles vivem.


Continua...



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