terça-feira, 25 de maio de 2010

A essência masculina e feminina está em todos


Aline Wolff da Fontoura*

Desde sempre, a mulher e o homem ocupam papéis bem diferentes na sociedade. A mulher, marcada pela figura da mãe, é acolhedora, sensível, receptiva. Já o homem tem a imagem de força, astuto, seguro, racional. Diferenças que se estendem pelos séculos, passando por revoluções e grandes mudanças na sociedade. Hoje, a mulher já pode exercer o papel do homem; no entanto, sua essência feminina não se modificou, ainda é o lado mais sensível de um ser humano. A mesma coisa acontece com o homem, que mesmo em uma sociedade moderna, em que o sexo masculino está cada vez mais interessado nos cuidados com a aparência e se responsabilizando pelas tarefas domésticas, ainda tem seu masculino "à flor da pele", pois continua carregando o ego e a agressividade característicos do sexo.

"O homem foi ensinado a ser prático, lógico, a negar e reprimir seu feminino interior a não conectar e reconhecer as emoções, ou seja, os sentimentos. A mulher contemporânea tem aprendido a ter atitudes mais masculinas, rígidas e competitivas tendo que negar e reprimir sua sensibilidade e intuição, isso a deixa desamparada. Ambos por estarem separados de sua fonte de força interior, sentem-se sós e perdidos", afirma a psicoterapeuta Erica Brandt, especializada em Psicologia Transpessoal, área que focaliza os cuidados do ser em todos os níveis.

Erica traduz a natureza feminina como "a sabedoria, o amor, a criatividade, a fluidez, a capacidade de acolher o outro, escutar com o coração, abraçar, perceber o desejo negado, a palavra não dita". Já a natureza masculina, para ela, "é a capacidade racional, objetiva, focada, analítica, centrada na ação, no alcance de um objetivo específico. Todos temos esses dois princípios em nossa psique e o desafio é possibilitar que trabalhem em parceria. Precisamos saber o que desejamos e planejar e agir de forma que esse desejo seja concretizado. Temos uma educação fragmentada em que pessoas têm a predominância de perceber seus desejos e esperar que alguém os concretize e/ou aqueles que não sabem quais são os seus próprios desejos e procuram estar disponíveis para realizar os desejos dos outros. Ambos não alcançam a sua própria realização, sempre fica um vazio e uma relação de dependência. Simbolicamente, temos as princesas presas nos castelos e os cavaleiros medievais que se dedicam em salvá-las."

São lados opostos que se atraem e que ao se desenvolverem saudavelmente resultam em soma de qualidades, de aptidões, afirma a profissional, formando um ser harmonioso, inteiro, consciente de sua capacidade de amar e brigar, de escutar e falar, de sentir e de pensar, de chorar e consolar buscando, assim, um equilíbrio entre tantas manifestações e sensações do corpo e da alma dos seres humanos. A verdade é que nenhum homem é capaz de viver sem uma mulher e vice-versa. Um reconhece o outro dentro de si, trabalhando os conflitos internos e estreitando a relação com o companheiro.

"A união da energia masculina com a feminina é base de toda a criação. Para integrar o masculino e o feminino em nossa vida, primeiramente precisamos aprender a silenciar nossa mente e nossos julgamentos para, então, acolher a experiência que estamos vivendo. Além disso, é preciso abrir o coração para compreender, para aceitar as fragilidades, acolher as frustrações, perdoar e respeitar a dor física, emocional, mental ou espiritual. À medida que esse movimento se desenvolver de forma harmoniosa entre o coração e a mente, também a pessoa estará vivendo melhores relações com o parceiro/a, com os filhos, familiares, colegas de trabalho, ocorrendo uma mudança gradual em todas as relações, ressalta Erica.

O certo é que o autoconhecimento e a aceitação de si mesmo e das energias presentes tanto no lado feminino quanto no masculino de cada indivíduo são fundamentais para melhorar a qualidade de vida e as relações com o próximo, seja homem, seja mulher.

*Jornalista - MTb/RS 12.406

Fonte: http://www.jornalagora.com.br/site/index.php?caderno=27¬icia=81983

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