É muito comum ouvir de homens trans que eles sempre tiveram a mais absoluta certeza de quem eram, desde sempre, quem sabe até no útero.
Será?
È verdade que todos nos sentimos estranhos quando criança, quase um et, alguém fora do lugar com uma sensação contínua de “que p$%# é essa?”. Mas é fato também que as pessoas dizem que você não é um menino, e ainda que ache que é, tentamos nos adaptar, como se isso fosse possível.
A adolescência chega e tudo complica. Com o corpo mudando e indo contra tudo que você imagina, os hormônios começam a despertar e o interesse sexual fica evidente. Mas o que fazer porque afinal você é uma “menina”, crescendo e florescendo. Não é à toa que muitos homens trans se identificam a princípio como lésbicas por falta de definição melhor no momento, apesar de saberem que aquele corpo traidor, não é seu.
Alguns casam, tem filhos e tentam ser “mulheres” comuns na tentativa de se encaixar de alguma forma. Mas também sabem, que são um hóspede indesejado na casa errada.
Alguns chegam a suas conclusões ainda na adolescência, começo da juventude, outros levam um pouco mais de tempo.
E sabendo disso me preocupo com essas certezas absolutas que as pessoas parecem dizer ter. É possível que a maioria tenha sempre se sentido um estranho numa terra inóspita com relação a seus corpos, mas afirmar sem dúvida que não houveram dúvidas nesse caminho é quase impossível. Não digo que não possa ocorrer, mas é algo que acho difícil de acontecer. Talvez seja mais uma maneira de defesa para evitar maiores sofrimentos.
Mas infelizmente, ou não, sofrer faz parte da maioria dos processos de descoberta de todo ser humano.
E sim, nenhuma transição começa quando você toma hormônios. Começa meses, anos antes quando você passa a tentar entender quem você é, e a lidar com essa situação. Os hormônios são importantes, é o primeiro passo físico a ser dado, no entanto eles não vão resolver todos os seus problemas de aceitação e adaptação se você não tiver se permitido ter dúvidas, questionar, buscar seu caminho.
Nada disso significa que você não saiba quem é ou diminua o seu sentir de alguma forma. É na verdade bastante saudável experimentar emoções variadas, faz parte de todo o aprendizado que é se readequar de um gênero, errado, a outro tão desejado, mas de certa forma desconhecido.
Existe uma longa diferença entre desejar muito algo, e realmente consegui-lo; e como lidamos com mudanças físicas drásticas, não só o seu psicológico precisa acompanhar essa alteração, como o seu cérebro vai precisar se adaptar a enxergar essa nova imagem.
É normal ter aquela ansiedade inicial de conseguir tudo o quanto antes, mas creia que a melhor maneira de ser bem sucedido em toda a transição é dar passos seguros, que podem até parecer longos e inúteis, mas no final você saberá perceber a diferença e a necessidade de tanto tempo.
O mais importante é aprender a se sentir bem, a buscar a sua essência, a abraçar a sua vivência, com paciência e perseverança, seguindo firme para se tornar não só um homem dono de si, mas também um ser humano rumo a sua plenitude.
Será?
È verdade que todos nos sentimos estranhos quando criança, quase um et, alguém fora do lugar com uma sensação contínua de “que p$%# é essa?”. Mas é fato também que as pessoas dizem que você não é um menino, e ainda que ache que é, tentamos nos adaptar, como se isso fosse possível.
A adolescência chega e tudo complica. Com o corpo mudando e indo contra tudo que você imagina, os hormônios começam a despertar e o interesse sexual fica evidente. Mas o que fazer porque afinal você é uma “menina”, crescendo e florescendo. Não é à toa que muitos homens trans se identificam a princípio como lésbicas por falta de definição melhor no momento, apesar de saberem que aquele corpo traidor, não é seu.
Alguns casam, tem filhos e tentam ser “mulheres” comuns na tentativa de se encaixar de alguma forma. Mas também sabem, que são um hóspede indesejado na casa errada.
Alguns chegam a suas conclusões ainda na adolescência, começo da juventude, outros levam um pouco mais de tempo.
E sabendo disso me preocupo com essas certezas absolutas que as pessoas parecem dizer ter. É possível que a maioria tenha sempre se sentido um estranho numa terra inóspita com relação a seus corpos, mas afirmar sem dúvida que não houveram dúvidas nesse caminho é quase impossível. Não digo que não possa ocorrer, mas é algo que acho difícil de acontecer. Talvez seja mais uma maneira de defesa para evitar maiores sofrimentos.
Mas infelizmente, ou não, sofrer faz parte da maioria dos processos de descoberta de todo ser humano.
E sim, nenhuma transição começa quando você toma hormônios. Começa meses, anos antes quando você passa a tentar entender quem você é, e a lidar com essa situação. Os hormônios são importantes, é o primeiro passo físico a ser dado, no entanto eles não vão resolver todos os seus problemas de aceitação e adaptação se você não tiver se permitido ter dúvidas, questionar, buscar seu caminho.
Nada disso significa que você não saiba quem é ou diminua o seu sentir de alguma forma. É na verdade bastante saudável experimentar emoções variadas, faz parte de todo o aprendizado que é se readequar de um gênero, errado, a outro tão desejado, mas de certa forma desconhecido.
Existe uma longa diferença entre desejar muito algo, e realmente consegui-lo; e como lidamos com mudanças físicas drásticas, não só o seu psicológico precisa acompanhar essa alteração, como o seu cérebro vai precisar se adaptar a enxergar essa nova imagem.
É normal ter aquela ansiedade inicial de conseguir tudo o quanto antes, mas creia que a melhor maneira de ser bem sucedido em toda a transição é dar passos seguros, que podem até parecer longos e inúteis, mas no final você saberá perceber a diferença e a necessidade de tanto tempo.
O mais importante é aprender a se sentir bem, a buscar a sua essência, a abraçar a sua vivência, com paciência e perseverança, seguindo firme para se tornar não só um homem dono de si, mas também um ser humano rumo a sua plenitude.
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