Matando um leão por dia...
Estou há 6 anos nesta luta por ser reconhecido como um cidadão do sexo masculino, usufruindo de direitos e cumprindo deveres como qualquer outro homem.
Muitos querem ser diferentes e se destacar no meio da multidão... eu só quero ser igual a qualquer um e sumir no meio da multidão. Quero ter o direito de sair de manhã, ir ao serviço, voltar pra casa, usufruir da companhia da esposa e filhos, ter lazer, freqüentar lugares sem chamar a atenção, embarcar tranqüilo em ônibus e aviões sem constrangimentos e aos sábados poder freqüentar minha igreja em paz, em paz comigo, com meu Deus e com as leis de meu país.
Desde que descobri que era um FTM (e não um louco, um “E.T.” ou uma lésbica ultra-masculina e desajustada...) estou na busca por estes meus ideais. Já passei por triagens, psicoterapia, avaliações, constrangimentos, ignorância, preconceito, humilhações, inúmeras consultas, idas e vindas a hospitais, cirurgias, retoques e terapia hormonal. Já obtive grandes avanços, mas ainda me faltam 2 cirurgias e a retificação de meu nome e gênero na justiça.
Mas já fui falando e nem me apresentei...: meu nome é Cláudio; se você passar por mim na rua, olhar uma foto minha ou pegar o mesmo ônibus que eu, nada em mim chamará sua atenção. Por outro lado, se eu precisar comparecer a uma repartição pública, mostrar documentos ou me inscrever em algum curso ou evento ou simplesmente votar..., que pavor! Daí a adrenalina sobe, eu começo a suar, são mil desculpas e evasivas; um simples ato de embarcar num ônibus interestadual exige muita lábia, criatividade e estresse.
Ser FTM é como ser um imigrante ilegal, um clandestino dentro do próprio país...
Estou cansado, é muito desgastante, mas não vou reclamar, poderia ser pior. Poderia ser pior se não tivesse o amparo de meu Deus nas horas de desespero e o carinho de minha noiva (Mariana) que está comigo a mais de 1 ano. Era muito pior sem ela, sentia uma solidão muito grande, achava que nenhuma mulher me aceitaria como companheiro, mas, tanto orei e confiei que ela surgiu. Conheci minha amada na igreja que freqüentamos; contei-lhe minha história e pedi-lhe em namoro e ela aceitou! Minha fé e o amor da Mariana são um forte apoio emocional, amenizando tanto desgaste a que sou submetido, dia após dia.
Ser FTM é como estar numa arena e ter que matar um leão por dia!
Minha infância até que foi tranqüila, porque me deixavam em paz; eu brincava com os meninos, usava roupas de menino e ninguém ligava, diziam que era uma fase, que quando eu ficasse “mocinha”, tudo se ajeitava... O inferno começou quando entrei na puberdade, os malditos peitos surgiram e com eles uma sentença de prisão perpétua (pelo menos era o que eu pensava até descobrir que existia a bendita mastectomia!).
Na adolescência foi terrível, fiquei muito só, porque já não tinha amigos, minhas formas começaram a arredondar, a aparecer curvas, e meus antigos amigos agora já não me viam como sendo igual a eles, as meninas tinham medo de mim... À sociedade me ridicularizava e as lésbicas não me completavam e nem me entendiam.
Perdido, solitário e revoltado, eu caí de cabeça na vida, buscando tudo que me fizesse esquecer meus problemas existenciais. Depois de muitos anos nas drogas e 3 overdoses, sozinho, magro, perturbado, sem amigos, nem emprego, nem dignidade alguma, dobrei meus joelhos e pedi ajuda a Deus, supliquei que Ele me tirasse daquele inferno e me mostrasse um caminho... E Ele mostrou... Larguei as drogas e todos os outros vícios, comecei a fazer exercícios e me alimentar bem. Busquei estudar e trabalhar. Dei a cara a bater e fui atrás de tratamento. Num programa de TV eu havia descoberto sobre o transexualismo feminino e com um grupo de apoio na internet e muita vontade de viver minha verdade, comecei os difíceis, dolorosos e decisivos primeiros passos.
Anos depois, já com uma aparência convincentemente masculina, me lembrei de meu pacto com Deus e resolvi fazer minha parte, procurei dentre várias igrejas, aquela na qual me sentisse bem e depois de um tempo, me batizei. Na igreja me sinto em paz, posso estar com irmãos que compartilham da mesma fé, posso deixar minhas mágoas e pedir forças. Na igreja, pretendo um dia, poder casar com minha noiva. Imagino a Mariana entrando linda de véu e grinalda e eu todo nervoso de fraque, com nossos orgulhosos pais olhando...
Sonhos comuns, banais até, mas são os MEUS sonhos.
Estou há 6 anos nesta luta por ser reconhecido como um cidadão do sexo masculino, usufruindo de direitos e cumprindo deveres como qualquer outro homem.
Muitos querem ser diferentes e se destacar no meio da multidão... eu só quero ser igual a qualquer um e sumir no meio da multidão. Quero ter o direito de sair de manhã, ir ao serviço, voltar pra casa, usufruir da companhia da esposa e filhos, ter lazer, freqüentar lugares sem chamar a atenção, embarcar tranqüilo em ônibus e aviões sem constrangimentos e aos sábados poder freqüentar minha igreja em paz, em paz comigo, com meu Deus e com as leis de meu país.
Desde que descobri que era um FTM (e não um louco, um “E.T.” ou uma lésbica ultra-masculina e desajustada...) estou na busca por estes meus ideais. Já passei por triagens, psicoterapia, avaliações, constrangimentos, ignorância, preconceito, humilhações, inúmeras consultas, idas e vindas a hospitais, cirurgias, retoques e terapia hormonal. Já obtive grandes avanços, mas ainda me faltam 2 cirurgias e a retificação de meu nome e gênero na justiça.
Mas já fui falando e nem me apresentei...: meu nome é Cláudio; se você passar por mim na rua, olhar uma foto minha ou pegar o mesmo ônibus que eu, nada em mim chamará sua atenção. Por outro lado, se eu precisar comparecer a uma repartição pública, mostrar documentos ou me inscrever em algum curso ou evento ou simplesmente votar..., que pavor! Daí a adrenalina sobe, eu começo a suar, são mil desculpas e evasivas; um simples ato de embarcar num ônibus interestadual exige muita lábia, criatividade e estresse.
Ser FTM é como ser um imigrante ilegal, um clandestino dentro do próprio país...
Estou cansado, é muito desgastante, mas não vou reclamar, poderia ser pior. Poderia ser pior se não tivesse o amparo de meu Deus nas horas de desespero e o carinho de minha noiva (Mariana) que está comigo a mais de 1 ano. Era muito pior sem ela, sentia uma solidão muito grande, achava que nenhuma mulher me aceitaria como companheiro, mas, tanto orei e confiei que ela surgiu. Conheci minha amada na igreja que freqüentamos; contei-lhe minha história e pedi-lhe em namoro e ela aceitou! Minha fé e o amor da Mariana são um forte apoio emocional, amenizando tanto desgaste a que sou submetido, dia após dia.
Ser FTM é como estar numa arena e ter que matar um leão por dia!
Minha infância até que foi tranqüila, porque me deixavam em paz; eu brincava com os meninos, usava roupas de menino e ninguém ligava, diziam que era uma fase, que quando eu ficasse “mocinha”, tudo se ajeitava... O inferno começou quando entrei na puberdade, os malditos peitos surgiram e com eles uma sentença de prisão perpétua (pelo menos era o que eu pensava até descobrir que existia a bendita mastectomia!).
Na adolescência foi terrível, fiquei muito só, porque já não tinha amigos, minhas formas começaram a arredondar, a aparecer curvas, e meus antigos amigos agora já não me viam como sendo igual a eles, as meninas tinham medo de mim... À sociedade me ridicularizava e as lésbicas não me completavam e nem me entendiam.
Perdido, solitário e revoltado, eu caí de cabeça na vida, buscando tudo que me fizesse esquecer meus problemas existenciais. Depois de muitos anos nas drogas e 3 overdoses, sozinho, magro, perturbado, sem amigos, nem emprego, nem dignidade alguma, dobrei meus joelhos e pedi ajuda a Deus, supliquei que Ele me tirasse daquele inferno e me mostrasse um caminho... E Ele mostrou... Larguei as drogas e todos os outros vícios, comecei a fazer exercícios e me alimentar bem. Busquei estudar e trabalhar. Dei a cara a bater e fui atrás de tratamento. Num programa de TV eu havia descoberto sobre o transexualismo feminino e com um grupo de apoio na internet e muita vontade de viver minha verdade, comecei os difíceis, dolorosos e decisivos primeiros passos.
Anos depois, já com uma aparência convincentemente masculina, me lembrei de meu pacto com Deus e resolvi fazer minha parte, procurei dentre várias igrejas, aquela na qual me sentisse bem e depois de um tempo, me batizei. Na igreja me sinto em paz, posso estar com irmãos que compartilham da mesma fé, posso deixar minhas mágoas e pedir forças. Na igreja, pretendo um dia, poder casar com minha noiva. Imagino a Mariana entrando linda de véu e grinalda e eu todo nervoso de fraque, com nossos orgulhosos pais olhando...
Sonhos comuns, banais até, mas são os MEUS sonhos.
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