Não há tema mais abrangente, mais rico e mais misterioso do que o estudo do psiquismo humano e, talvez, em razão da sua complexidade, desconhece-se até hoje, com exatidão, a etiologia da transexualidade. Dentre os vários posicionamentos que se colocam na doutrina, elaborados no intento de explicá-lo, destacam-se algumas teorias, entre elas a hormonal, a genética, a fenotípica, a psicogênica e a eclética.
As TEORIAS HORMONAIS propõem que a organização do cérebro dependeria da atuação dos hormônios sexuais em períodos críticos do desenvolvimento. Segundo alguns autores, a exposição pré-natal à testosterona, por fatores genéticos ou ambientais, é necessária para a masculinização do cérebro e futuro comportamento masculino. Quanto maiores os níveis de androgênios, maior seria a predisposição biológica para bi ou homossexualismo ou mesmo transexualidade em mulheres, ocorrendo o inverso no homem com a falta dos androgênios. Algumas pesquisas especularam sobre diferenças entre os cérebros masculino e feminino a partir do conhecimento de que o cérebro do homem adulto é maior 10% a 15% que o das mulheres.11
O estudo da TEORIA GENÉTICA supõe que haja um gene no cromossomo sexual especificamente destinado a identificar e sentir o gene masculino ou feminino, sendo que esse gene sexual se acha intimamente ligado ao cromossomo Y do macho e a um ou ambos os cromossomos X da fêmea. Haveria também a possibilidade de ruptura de um gene de diferenciação, por exemplo, do cromossomo Y, que se transferiria e vincular-se-ia no X, ou vice-versa. O mesmo ocorreria para o homossexualismo, travestismo e outras parafilias. Para esta teoria, o sexo cromossômico amparado pelo suporte endócrino originaria o terreno responsável pela sexualidade individual, quando o condicionamento psicológico dos primeiros anos de vida daria as últimas pinceladas ou retoques na essência da identidade no gênero do indivíduo (padrão psicológico). Assim, esse terreno seria inacessível a técnicas psicoterápicas, enquanto que os fatores ambientais (prováveis condicionantes) poderiam ser passíveis de alguma precária intervenção psicoterápica.12
A TEORIA FENOTÍPICA atribui a origem da transexualidade ao biótipo do indivíduo cuja conformação anatômica feminóide, ginóide, ginoandróide ou androginóide induziria, com o seu estigma, o desabrochar do quadro. Considera a teoria lombrosóide pouco científica e nada convincente, uma vez que o indivíduo se dá conta dos atributos físicos após a puberdade e no transexual as manifestações e inclinações ocorrem desde tenra idade.13
Um ponto de interesse para os psiquiatras são as influências dos pais no desenvolvimento da transexualidade. Roberto Farina considera a TEORIA PSICOGÊNICA a mais convincente, afirmando que, certamente, desde o nascimento, existem diferenças entre os sexos, entendendo que provavelmente a fixação do padrão psicológico se inicie diante da reação diferente dos pais (FARINA, Roberto. Transexualismo: do homem à mulher normal dos estados de intersexualidade e das parafilias. São Paulo: Novolunar, 1982, p. 131). O pai do transexual masculino é, quase sempre, ausente. Quando presente, é subserviente, porque a esposa assumiu o seu lugar, havendo uma falha na identificação normal e predominando uma identificação feminina. Com relação à transexualidade feminina, encontram-se pais alcoólatras, machistas, violentos, encorajando a identificação masculina até para proteger a figura materna. Segundo Tsoi, 22% das filhas transexuais sofreram abuso sexual dos seus pais e em 37% dos casos a relação entre os pais era turbulenta, doentia, com separação.14 Roberto Farina também aponta a infância infeliz como responsável pelo desenvolvimento psicossexual anormal.15
Na TEORIA ECLÉTICA, todos os fatores mencionados anteriormente atuariam ou interfeririam no surgimento da transexualidade. Haveria causas hormonais, genéticas, fenotípicas e psicogênicas, cuja atuação conjunta levaria ao quadro de transexualidade.
9 KLABIN, Aracy. Transexualismo. Revista de Direito Civil, Imobiliário, Agrário e Empresarial, São Paulo, v. 17, p. 27. jul./set. 1981.
10 FERRAZ, Sérgio. Manipulações biológicas e princípios constitucionais: uma introdução. Porto Alegre: S. A. Fabris, 1991, p. 64.
11 COSTA, Christiana M. F., GADELHA, Mônica Roberto, MEIRELLES, Ricardo M. R. Transexualismo. JBM: jornal brasileiro de medicina, São Paulo, v. 66, n. 6, p. 148, jun. 1994.
12 SUTTER, Matilde Josefina. Determinação e mudança de sexo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993, p. 112.
13 SUTTER, Matilde Josefina. Determinação e mudança de sexo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993, p. 112-113.
14 COSTA, Christiana M. F., GADELHA, Mônica Roberto, MEIRELLES, Ricardo M. R. Transexualismo. JBM: jornal brasileiro de medicina, Rio de Janeiro, v. 66, n. 6, p. 149, jun. 1994.
15 FARINA, Roberto. Transexualismo: do homem à mulher normal dos estados de intersexualidade e das parafilias. São Paulo: Novolunar, 1982, p. 132-133.
Texto retirado de: http://209.85.207.104/search?q=cache:PcaosOBXDawJ:www.silviamota.com.br/enciclopediabiobio/transexualidade.pdf+5+teorias+sobre+o+transexualismo&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1&gl=br
As TEORIAS HORMONAIS propõem que a organização do cérebro dependeria da atuação dos hormônios sexuais em períodos críticos do desenvolvimento. Segundo alguns autores, a exposição pré-natal à testosterona, por fatores genéticos ou ambientais, é necessária para a masculinização do cérebro e futuro comportamento masculino. Quanto maiores os níveis de androgênios, maior seria a predisposição biológica para bi ou homossexualismo ou mesmo transexualidade em mulheres, ocorrendo o inverso no homem com a falta dos androgênios. Algumas pesquisas especularam sobre diferenças entre os cérebros masculino e feminino a partir do conhecimento de que o cérebro do homem adulto é maior 10% a 15% que o das mulheres.11
O estudo da TEORIA GENÉTICA supõe que haja um gene no cromossomo sexual especificamente destinado a identificar e sentir o gene masculino ou feminino, sendo que esse gene sexual se acha intimamente ligado ao cromossomo Y do macho e a um ou ambos os cromossomos X da fêmea. Haveria também a possibilidade de ruptura de um gene de diferenciação, por exemplo, do cromossomo Y, que se transferiria e vincular-se-ia no X, ou vice-versa. O mesmo ocorreria para o homossexualismo, travestismo e outras parafilias. Para esta teoria, o sexo cromossômico amparado pelo suporte endócrino originaria o terreno responsável pela sexualidade individual, quando o condicionamento psicológico dos primeiros anos de vida daria as últimas pinceladas ou retoques na essência da identidade no gênero do indivíduo (padrão psicológico). Assim, esse terreno seria inacessível a técnicas psicoterápicas, enquanto que os fatores ambientais (prováveis condicionantes) poderiam ser passíveis de alguma precária intervenção psicoterápica.12
A TEORIA FENOTÍPICA atribui a origem da transexualidade ao biótipo do indivíduo cuja conformação anatômica feminóide, ginóide, ginoandróide ou androginóide induziria, com o seu estigma, o desabrochar do quadro. Considera a teoria lombrosóide pouco científica e nada convincente, uma vez que o indivíduo se dá conta dos atributos físicos após a puberdade e no transexual as manifestações e inclinações ocorrem desde tenra idade.13
Um ponto de interesse para os psiquiatras são as influências dos pais no desenvolvimento da transexualidade. Roberto Farina considera a TEORIA PSICOGÊNICA a mais convincente, afirmando que, certamente, desde o nascimento, existem diferenças entre os sexos, entendendo que provavelmente a fixação do padrão psicológico se inicie diante da reação diferente dos pais (FARINA, Roberto. Transexualismo: do homem à mulher normal dos estados de intersexualidade e das parafilias. São Paulo: Novolunar, 1982, p. 131). O pai do transexual masculino é, quase sempre, ausente. Quando presente, é subserviente, porque a esposa assumiu o seu lugar, havendo uma falha na identificação normal e predominando uma identificação feminina. Com relação à transexualidade feminina, encontram-se pais alcoólatras, machistas, violentos, encorajando a identificação masculina até para proteger a figura materna. Segundo Tsoi, 22% das filhas transexuais sofreram abuso sexual dos seus pais e em 37% dos casos a relação entre os pais era turbulenta, doentia, com separação.14 Roberto Farina também aponta a infância infeliz como responsável pelo desenvolvimento psicossexual anormal.15
Na TEORIA ECLÉTICA, todos os fatores mencionados anteriormente atuariam ou interfeririam no surgimento da transexualidade. Haveria causas hormonais, genéticas, fenotípicas e psicogênicas, cuja atuação conjunta levaria ao quadro de transexualidade.
9 KLABIN, Aracy. Transexualismo. Revista de Direito Civil, Imobiliário, Agrário e Empresarial, São Paulo, v. 17, p. 27. jul./set. 1981.
10 FERRAZ, Sérgio. Manipulações biológicas e princípios constitucionais: uma introdução. Porto Alegre: S. A. Fabris, 1991, p. 64.
11 COSTA, Christiana M. F., GADELHA, Mônica Roberto, MEIRELLES, Ricardo M. R. Transexualismo. JBM: jornal brasileiro de medicina, São Paulo, v. 66, n. 6, p. 148, jun. 1994.
12 SUTTER, Matilde Josefina. Determinação e mudança de sexo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993, p. 112.
13 SUTTER, Matilde Josefina. Determinação e mudança de sexo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993, p. 112-113.
14 COSTA, Christiana M. F., GADELHA, Mônica Roberto, MEIRELLES, Ricardo M. R. Transexualismo. JBM: jornal brasileiro de medicina, Rio de Janeiro, v. 66, n. 6, p. 149, jun. 1994.
15 FARINA, Roberto. Transexualismo: do homem à mulher normal dos estados de intersexualidade e das parafilias. São Paulo: Novolunar, 1982, p. 132-133.
Texto retirado de: http://209.85.207.104/search?q=cache:PcaosOBXDawJ:www.silviamota.com.br/enciclopediabiobio/transexualidade.pdf+5+teorias+sobre+o+transexualismo&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1&gl=br
Síntese e adaptação de texto contido em: Transexualidade MOTA, Sílvia. Da bioética ao biodireito: a tutela da vida no âmbito do direito civil. 1999. 308 f. Dissertação (Mestrado em Direito Civil)–Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1999. Orientador: Professor Vicente de Paulo Barretto. Aprovada com distinção. Não publicada.
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